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quinta-feira, 31 de março de 2011

Cenas Urbanas (3)

A área tá definida na lei - aqui uma visão aproximada da ARIE

  1. João Alfredo via twitter: Vencemos! Placar: 25 X 8 pela Lei de Proteção às #DunasDoCocó. Parabéns ao TJ, à cidade e ao seu povo e à sua Natureza! Muito Feliz! 

FORTALEZA

                  DIÁRIO OFICIAL DO MUNICÍPIO

ANO LVII  FORTALEZA, 07 DE OUTUBRO DE 2009  SUPLEMENTO AO Nº 14.160

PODER EXECUTIVO  
GABINETE DA PREFEITA

LEI Nº 9502 DE 07 DE OUTUBRO DE 2009

Dispõe sobre a criação da Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Dunas do Cocó e
dá outras providências.

  FAÇO SABER QUE A CÂMARA MUNICIPAL DE FORTALEZA APROVOU E EU SANCIONO A SEGUINTE LEI:

Art. 1° - Fica criada, por esta Lei, com fundamento nos arts. 16, 22 e as demais disposições da Lei Federal n. 9.985, de 18 de julho de 2008, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), bem ainda na Resolução n. 12, de 14 de setembro de 1989, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), a Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Dunas do Cocó, situada no bairro do Cocó, a leste de Fortaleza, com a finalidade de manter o ecossistema e o geossistema de importância local que ali ocorrem, bem como regular o uso admissível dessa área, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza e com os objetivos especiais de:
I - conservar o sistema natural existente no bairro do Cocó, caracterizado pela ocorrência de dunas fixas, vegetação fixadora de areias e áreas alagadas associadas (lagoa interdunar e olhos d'água), visando à manutenção do equilíbrio hidrológico e climático de nossa cidade, especialmente do seu segmento leste; 
II - preservar, em especial, as dunas do bairro do Cocó - do tipo parabólicas harpin - remanescentes do ex-pressivo campo dunar outrora existente em Fortaleza, que têm características naturais extraordinárias, por apresentarem processo evolutivo milenar que jamais voltará a ocorrer novamente na cidade, representando, portanto, um sítio geomorfológico de interesse especial; 
III - garantir a existência do campo de dunas fixas do Cocó como elemento de preservação e manutenção da riqueza do sistema fluvial adjacente - o rio Cocó, situado no Parque Ecológico do Cocó, do qual representa área de transição e tamponamento em relação aos impactos impostos pela completa urbanização do seu entorno; 
IV - mitigar o processo de desmatamento descontrolado que fez com que a cidade, em menos de 30 (trinta) anos, tenha perdido quase 60% (sessenta por cento) de sua cobertura vegetal, com impactos tanto sobre o clima urbano, com a formação de ilhas de calor e aumento das temperaturas médias diurnas, quanto sobre a qualidade devida da população; 
V - prover a população de Fortaleza de umespaço de área verde para o lazer, a contemplação e o contato  a natureza. 
 
Art. 2° - A ARIE Dunas do Cocó tem a seguinte área e delimitações: partindo do ponto P1, ponto inicial do perímetro localizado na Avenida Padre Antônio Tomás, com ângulo interno de 92°7'32", com distância de 140,28m, chega-se ao ponto P2 deste; com ângulo interno de 193°52'48”, com distância de 179,87m, chega-se ao ponto P3 deste; com ângulo interno de 74°20'1", com distância de 550,00m, chega-se ao ponto P4 deste; com ângulo interno de 83º50'4”, com distância de 184,09m, chega-se ao ponto P5 deste; com ângulo interno de 185°2'50”, com distância de 104,30m, chega-se ao ponto P6 deste; com ângulo interno de 181°46'45”, com distância de 102,80m, chega-se ao ponto P7 deste; com ângulo interno de 163°0'2", com distância de 42,07m, chega-se ao ponto P8 deste; com ângulo interno de 244°50'18", com distância de 134,28m, chega-se ao ponto P9 deste; com ângulo interno de 81°30'23", com distância de 102,88m, chega-se ao ponto P10 deste; com ângulo interno de 98°55'28", com distância de 82,60m, chega-se ao ponto P11 deste; com ângulo interno de 276°28'19", com distância de 117,20m, chega-se novamente ao ponto P1, ponto inicial do perímetro que apresenta uma área de 15,2559ha e um perímetro de 1.774,8996m. As confrontações são: ao norte: do ponto P1 ao P3, com a Avenida Padre Antônio Tomás; ao sul: do ponto P4 ao P9, com área de proteção do rio Cocó; a leste: do ponto P3 ao P4, com a Rua Magistrado Pom-peu; a oeste: do ponto P9 ao P10, com a Avenida Sebastião de Abreu; do ponto P10 ao P11, com rua sem denominação e ponto P11 com o ponto 1 com a Rua S (conforme planta e memorial descritivo apensos que integram, juntamente com o Parecer Técnico Ambiental sobre Terreno de Dunas no Bairro do Cocó, Fortaleza, Ceará, de autoria da professora doutora Vanda Claudino Sales, esta Lei).
 
Art. 3º - Na ARIE Dunas do Cocó, ficam proibidos usos, ocupações e atividades que impliquem a destruição de suas características naturais, tais como construções de vias, edifícios, equipamentos urbanos e outras estruturas inadequadas que possam pôr em risco a conservação do ecossistema e do geossistema, a proteção especial dos corpos hídricos e da biota, localmente rara, e a harmonia da paisagem natural (cf. art. 1° da Resolução CONAMA 12/89).
 
Art. 4º - São permitidas na ARIE Dunas do Cocó as atividades voltadas para o uso sustentável da área, que serão definidas em seu Plano de Manejo, de forma que sua exploração garanta a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos geomorfológicos, hídricos, sedimentológicos e ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos naturais, de forma socialmente justa e economicamente viável (art. 2º, inciso XI, da Lei n. 9.985/2000). 
§ 1º - Tais usos podem compreender o turismo ecológico, o lazer sustentável, o esporte de baixo impacto ambiental e a atividade contemplativa, bem coo ainda a colheita limitada de produtos naturais, desde que devidamente controlados pelos órgãos supervisores e fiscalizadores. 
§ 2° - O Plano de Manejo deve abranger toda a área da ARIE e de sua zona de amortecimento, devendo ser assegurada a mais ampla participação popular quando de sua elaboração, atualização e implementação. 
 
Art. 5° - Quando da implantação e gestão da ARIE Dunas do Cocó, serão adotadas, entre outras, as seguintes medidas: 
I - elaboração do zoneamento ecológico-econômico, definindo as atividades a serem permitidas ou incentivadas em cada zona e as que deverão ser restringidas e proibidas; II - utilização dos instrumentos legais e dos incentivos financeiros governamentais para assegurar a proteção da biota, a recuperação dos corpos hídricos, o uso racional do solo, e outras medidas referentes à salvaguarda dos recursos ambientais da ARIE Dunas do Cocó; III - aplicação de medidas legais destinadas a impedir ou evitar o exercício de atividades causadoras de degradação da qualidade ambiental; IV - divulgação das medidas previstas nesta Lei, objetivando o esclarecimento da comunidade local sobre a ARIE e suas finalidades; V - promoção de programas específicos de educação ambiental.
 
Art. 6° - A ARIE Dunas do Cocó disporá de um conselho gestor de composição paritária, com representação dos entes federados, das universidades e da sociedade civil organizada, para apoiar a implementação das atividades de administração e  a elaboração do zoneamento ecológico-econômico e do Plano de Manejo. 
 
Art. 7° - Até a completa implementação da ARIE Dunas do Cocó, o Poder Público Municipal decretará limitações administrativas provisórias ao exercício de ocupações, atividades e empreendimentos
efetiva ou potencialmente causadores de degradação ambiental em toda a sua área, em conformidade com o disposto no art. 3° desta Lei. Parágrafo Único - Havendo incompatibilidade entre os objetivos da ARIE Dunas do Cocó e as atividades privadas, ou não havendo aquiescência do proprietário às limitações administrativas e às condições impostas por esta Lei e pelo Poder Público Municipal, quando da regulamentação, deverá a área ser desapropriada, de acordo com o que dispõe a legislação vigente. Art. 8° - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. 
  PAÇO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA, em 07 de outubro de 2009. 

Luizianne de Oliveira Lins
PREFEITA MUNICIPAL DE FORTALEZA
*** *** ***

Cenas Urbanas (2)

Na imagem 1 área em que será construído um centro de compras em Parangaba. Na imagem 2 a rua Caio Prado (em vermelho pontilhado) que parece que vai desaparecer com a referida construção.
fonte - Google Earth - para ampliar a imagem clique em cima da foto.


Imagem 1 - área em Parangaba onde deverá ser construído um centro de compras

Imagem 2 - rua Caiao Prado que deverá desaparecer com a construção

Fidel Castro - O desastre no Japão e a visita de um amigo

Por Fidel Castro

“El desastre de Japón y la visita de un amigo”


Hoy tuve el gusto de saludar a Jimmy Carter, quien fue Presidente de Estados Unidos entre 1977 y 1981 y el único, a mi juicio, con suficiente serenidad y valor para abordar el tema de las relaciones de su país con Cuba.
Carter hizo lo que pudo para reducir las tensiones internacionales y promover la creación de las oficinas de intereses de Cuba y Estados Unidos. Su administración fue la única que dio algunos pasos para atenuar el criminal bloqueo impuesto a nuestro pueblo.
Las circunstancias no eran ciertamente propicias en nuestro complejo mundo. La existencia de un país verdaderamente libre y soberano en nuestro hemisferio no se conciliaba con las ideas de la extrema derecha fascista de Estados Unidos, que se las arregló para hacer fracasar los propósitos del Presidente Carter, que lo hicieron acreedor del Premio Nobel de la Paz. Nadie se lo obsequió gratuitamente.
La Revolución apreció siempre su gesto valiente. En el año 2002 lo recibió calurosamente. Ahora le reiteró su respeto y aprecio.
¿Podrá realmente la oligarquía que gobierna esa superpotencia renunciar a su afán insaciable de imponer su voluntad al resto del mundo? ¿Podrá hacer honor a ese propósito un sistema que genera con creciente frecuencia presidentes como Nixon, Reagan y W. Bush, cada vez con mayor poder destructivo y menos respeto por la soberanía de los pueblos?



La complejidad del mundo actual, no deja mucho margen a recuerdos que son relativamente recientes. La despedida de Carter, hoy miércoles, coincidió con noticias preocupantes del accidente nuclear desatado por el sismo y el tsunami de Japón, que continúan llegando y no pueden ni deben ser ignoradas, no solo por su importancia, sino también por la repercusión práctica y casi inmediata que se deriva de ellas para la economía mundial.
Hoy la agencia noticiosa AP informa desde Japón que:
"La crisis en la planta nuclear japonesa dañada por el tsunami se agravó el miércoles, luego que el agua de mar cercana mostró los niveles de radiación más elevados hasta el momento."
"En Fukushima, la radiación filtrada ha penetrado en la tierra y el mar y se ha introducido en verduras, leche no pasteurizada e incluso el agua corriente hasta en Tokio, 220 kilómetros al sur."
"En tanto, el emperador Akihito y la emperatriz Michiko visitaron durante una hora a un grupo de evacuados en Tokio."
Reuters, por su parte, comunica desde Tokio que:
"Japón actualizó el miércoles sus estándares para planta de energía nuclear, el primer reconocimiento oficial de que sus normas eran insuficientes cuando un terremoto dañó una de sus instalaciones, desencadenando la peor crisis atómica desde Chernóbil en 1986."
"El anuncio fue dado a conocer luego de que el Gobierno reconoció que no hay un final a la vista para la crisis y de que un salto en los niveles de yodo radiactivo en el agua de mar se sumaron a la evidencia de filtraciones en los reactores en torno al complejo y más allá."
"Hallazgos de plutonio en el suelo de la planta elevaron la alarma pública sobre el accidente, que ha eclipsado el desastre humanitario ocasionado por el terremoto y el tsunami del 11 de marzo, que dejaron 27.500 muertos o desaparecidos."
"Antes del desastre, los 55 reactores nucleares de Japón proveían cerca del 30 por ciento de la energía eléctrica del país. Se esperaba que el porcentaje subiera a un 50 por ciento para el 2030, entre los mayores del mundo."
"Nuevas lecturas mostraron un salto en el yodo radiactivo a 3.355 veces el límite legal, indicó la agencia estatal de seguridad nuclear, aunque el organismo minimizó su impacto, diciendo que las personas habían abandonado el área y que se había detenido la actividad de pesca."
"Cientos de ingenieros han luchado durante casi tres semanas por enfriar los reactores de la planta y evitar una catastrófica fusión de barras de energía, aunque la situación parece haber dejado atrás ese escenario de pesadilla."
"Jesper Koll, director de investigación de valores de JPMorgan Securities en Tokio, dijo que una dilatada batalla para controlar la planta y frenar las fugas de radiactividad perpetuaría la incertidumbre y actuaría como un lastre para la economía."
"‘El peor escenario posible es que ésto se alargue no por uno, dos o seis meses, sino por dos años, o indefinidamente’, declaró."
"Un subproducto de reacciones atómicas que puede ser usado en bombas nucleares, el plutonio es altamente carcinógeno y una de las sustancias más peligrosas del planeta, indicaron expertos."
Una tercera agencia, la DPA, desde Tokio señala que:
"Los técnicos japoneses siguen sin poder frenar la crisis nuclear casi tres semanas después de los accidentes en la planta atómica de Fukushima. El gobierno de Tokio empieza por ello a estudiar medidas extraordinarias para detener la emisión de radiactividad de las instalaciones."
"La idea es cubrir los reactores con una especie de tejido. Las recientes altas mediciones de yodo 131 en el mar son un indicio de una creciente radiación. La organización ecologista Greenpeace advierte además de serios peligros para la salud de los habitantes tras mediciones propias."
"Expertos consideran que el proceso para descartar definitivamente una posible fusión de núcleo puede tardar meses. Tepco ha prometido mejorar las condiciones laborales de los técnicos, cada vez más nerviosos y agotados."
Mientras estos sucesos tienen lugar en Japón, el Presidente Bolivariano de Venezuela visita Argentina, Uruguay y se dirige a Bolivia, promoviendo acuerdos económicos y estrechando lazos con países de nuestro hemisferio decididos a ser independientes.
En la Universidad de La Plata, donde la tiranía promovida por Estados Unidos hizo desaparecer, entre muchos miles de argentinos, a más de 700 estudiantes —de ellos 40 de la Escuela de Periodismo—, Chávez recibió el premio Rodolfo Walsh, en honor a uno de los heroicos periodistas revolucionarios asesinados.
Ya no solo es Cuba; son muchos los pueblos dispuestos a luchar hasta la muerte por su Patria.
Fidel Castro Ruz
Marzo 30 de 2011
6 y 51 p.m.

Fidel e Carter - Havana março de 2011

quarta-feira, 30 de março de 2011

Mário Lago - Descante do não tempo de lua

do colaborador Rogério Lama


Inspirado numa encíclica que o Papa João XXIII publicou em 1963 tratando da iminente guerra nuclear EUAxURSS, Mario Lago compôs esse texto que se mantêm bastante atual, sem perder a malandragem.
Descante do não tempo de lua
(Mário Lago)
Amada não me censure, se sou de pouco falar
Nem se esse pouco que falo não faz você suspirar
É tempo de vida feia, de se morrer ou matar
De sonho cortado ao meio, de voz sem poder gritar
De pão que pra nós não chega, de noite sem se acabar
Por isso não me censure, se sou de pouco falar

Criança é bonito? É
Mulher é bonito? É
A lua é bonito? É
A rosa é bonito? É
Mas criança chega a homem se a bomba quiser
A mulher só tem seu homem se a bomba quiser
Homem sonha e faz seu sonho se a bomba quiser
Não é tempo de ver lua nem tirar rosa do pé

Amada minha não chore se nunca falo de amor
Nem se meu beijo é salgado, que é beijo chorado em dor
É tempo de vida triste, de olhar o seu com pavor
De mão pro último gesto, de olhar pra última flor
De verde que era esperança trazer desgraça na cor
Por isso amada não chore se nunca falo de amor

Criança é bonito? É

Mulher é bonito? É
A Lua é bonito? É
A rosa é bonito? É
Mas criança chega a homem se a bomba quiser
A mulher só tem seu homem se a bomba quiser
Homem sonha e faz seu sonho se a bomba quiser
Não é tempo de ver lua nem tirar rosa do pé

Amada não vá embora se eu trouxe desilusão
Se aumento sua tristeza, tão triste a minha canção
É tempo de fazer tempo, de pegar tempo na mão
De gente vindo no tempo em passeata ou procissão
No mesmo passo de sonho pra bomba dizendo ?não!?

Amada não vá embora, mudou a minha canção!

Criança é bonito? É
Mulher é bonito? É
A lua é bonito? É
A rosa é bonito? É
Pois criança vai ser homem porque a gente quer
A mulher vai ter seu homem porque a gente quer
Homem vai fazer seu sonho porque a gente quer
Vai ser tempo de ver lua e tirar rosa do pé

Cenas Urbanas (1)

Na imagem 1 se vê a quadra onde se localiza a TV verdes mares, praça da imprensa e Colégio Santo Inácio. Acho que este terreno ou parte dele  foi vendido para a especulação imobiliária. Na imagem 2 vemos a mesma imagem e em vermelho uma possível ocupação de uma rua. Aliás, se for ocupação irregular deveria ser reparada neste novo empreendimento.  
Na Imagem 3 uma área do Papicu - Santos Dumont. Na imagem 4 a mesma área e em vermelho possíveis ocupações de ruas.
via Google Earth  - para ampliação clique na imagem.
Imagem 1 - Quandra onde se localiza o Colégio Santo Inácio

Imagem 2 - Mmesma área com possível ocupação de uma rua

Imagem 3 -  do Papicu - Santos Dumont

Imagem 4 - Área no Papicú cim possíveis ocupações de ruas

terça-feira, 29 de março de 2011

O futuro cada vez mais à leste

Por Júlia Lopes

O número 938 da Santos Dumont, morada da família de Manuel Ricardo de Holanda no tempo em que se contava a história de uma verdejante e arejada Aldeota, passou por transformações, assim como o próprio bairro. De novas linhas fronteiriças, a Aldeota de hoje se assemelha ao Centro da Cidade: comércio, serviços, órgãos públicos. Ensurdece de tanto barulho, cega de tanta poeira, é prática como o Centro já o era, quando estimulou a saída das famílias mais abastadas rumo a um inexplorado leste da Capital. E assim como o número 938: de casa de família rica, é hoje um restaurante self-service para quem trabalha nos arredores, comporta cerca de 200 pessoas e aceita Hipercard.

“É bom trabalhar por aqui porque é perto de tudo”, confirma Felipe Lima, 22, gerente do restaurante. Prefere aquela sede às outras. “A nova centralidade comercial e de serviços de Fortaleza está na Aldeota, que se consolidou com os shoppings”, conta o professor de geografia José Borzacchiello da Silva. Na dança orquestrada dos bairros, nessa reorganização social e simbólica dos espaços, a Aldeota perdeu lugar, segundo Borzacchiello, em prestígio e importância entre os ricos de Fortaleza, para o Meireles. “O Shopping Aldeota tem esse nome, mas quem mora ali diz que mora no Meireles. A Praça Portugal é Meireles”, delimita Borzacchiello.

Ao contrário do que acontecia naquela época. “Dizia-se até que os restaurantes lá não davam sorte porque as pessoas queriam sair do bairro para jantar fora”, conta o colunista Lúcio Brasileiro. De tanta pompa e circunstância, a imagem do bairro não se desfez, apesar de já não ostentar o luxo de outrora. “Na Aldeota, só tem gente besta”, sentenciou o Evandro, que vende coco e assessórios para celular, na esquina da Santos Dumont com Desembargador Moreira. “Rico só quer tomar o coco inteiro. Quando é mais pobre toma no copo”. Medo de alteração na água do coco, quem sabe. “Eles pensam que eu mexo. Quem mexe é no Centro. No Centro nem eu tenho coragem de tomar”.

Para Romeu Duarte, arquiteto e ex-titular do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan-CE), a primeira pincelada desse quadro de mudanças veio com a derrubada do Palacete do Plácido, no início dos anos 1970. “Essa é a história da Aldeota: inicia-se com a demolição do castelo do Plácido e depois a demolição de outras casas. Muitos dos exemplares arbóreos foram mutilados”. Romeu chama atenção para outro dado: foi na Aldeota onde se concretizou o maior número de construções de arquitetos cearenses. Lembrando do episódio da derrubada das árvores, o arquiteto diz ser urgente a confecção de um inventário de arquitetura – “tanto do construído quanto do ambiental. Seria interessante se ter o valor histórico, valor artístico de todas essas construções”.

Decadência e elegância
Dona Silvana Alves Costa acha ótimo o crescimento do bairro, a popularização do comércio. Aos 90 anos, desde 1984 dentro do Center Um administrando a lojinha que leva seu nome em neon na entrada, ela se diz satisfeita. “Esse shopping melhorou muito. Quando eu cheguei aqui, tinha uma feira de verduras onde hoje é o Banco do Brasil”, lembra. Hoje Aldeota é nome mercadinho, auto-escola e shopping center. Ano passado foi até nome de revista. “O nome veio como uma sátira, a gente queria brincar com essa coisa do bairro que tem a área mais chique de Fortaleza. Para periferia, a Aldeota é grandiosa, onde tudo acontece. E não é”, especificou Ricardo Lisboa, editor da extinta publicação.

E assim, histórias foram registradas e contadas. Como a do livro Aldeota, de Jáder de Carvalho. Até hoje o livro é visto com ressalvas pela elite da Cidade. A ficção chega muito perto da realidade quando detalha a construção da fortuna de muitas famílias ricas da Aldeota. “Em Aldeota prestei o maior serviço à moral política e à moral social do Estado, trazendo aos olhos do povo, do governo e das autoridades, os sonegadores de impostos, os ladrões, os contrabandistas que numa terra paupérrima, de economia que é preciso se ver com binóculo, de tão pequena que é, dar lugar à existência de um bairro aristocrático como é a Aldeota”, disse o autor à sua biógrafa Ângela Barros Leal.

No livro, essas histórias são conhecidas através dos olhos de Catarina Simões de Oliveira, esposa do protagonista Chico. Filha de portugueses, nascida em terras amazonenses, Catá convive harmoniosamente com os amigos contrabandistas do esposo. Até que um dia cai em si e percebe o que está à sua volta. “Referem-se à marca dos carros da família e no grande número de banheiros e privadas das suas principescas residências. O jornalista Djalma, nosso amigo, explica assim este fato: a ascensão econômica se processou com tanta rapidez que não deu tempo ao polimento do espírito”. (Júlia Lopes)

 Jornal O Povo - http://migre.me/48MOF

A Fortaleza que a Aldeota inventou

 Por Júlia Lopes 

A leste e avante: quando o Centro ficou povoado demais, comercial demais, barulhento demais, as famílias abastadas procuraram a paisagem e o vento fresco do Outeiro. Logo depois, Outeiro era Aldeiota, que se transformava em Aldeota e se estabelecia como o bairro mais nobre da Cidade. Hoje, não mais persiste aquele panorama idílico, mas mantém-se a áurea de glamour e riqueza. Será? O Vida & Arte Cultura lembra as árvores derrubadas pela na esquina da avenida Santos Dumont com Virgílio Távora e lamenta: naquelas calçadas, o pedestre já não tem mais sombra para se esquivar do sol. E haja óculos escuros.

A família Barroso ocupou a primeira casa do que viria a ser a Aldeota. Duas, na verdade: “Eram dois blocos iguais. Sabe-se lá porquê”, pergunta-se Nirez, o memorialista Miguel Ângelo de Azevedo. E ficamos sem resposta. Nós e ele. As duas casas remontam ao começo do século passado, no início da Santos Dumont, logo depois da Dom Manuel, no sentido Centro-praia, à frente do Casarão do Outeiro – que hoje a gente conhece por Colégio Militar. As casas deram início à ocupação da região: foi quando as gentes de Fortaleza aprenderam a empinar nariz e varrer as dores para debaixo do tapete de seus graciosos palacetes. Gente rica de modos aristocráticos.

Logo vieram as outras construções, como a de número 938 da mesma via, abrigando a família de Manuel Ricardo de Holanda a partir de 1919. Ou a Villa Alsace, que no mesmo ano foi adquirida por Myrtil Meyer. É de 1921 o palacete que o empresário Plácido de Carvalho fez para a sua amada Maria Pieirina Rossi. Em 1930, o engenheiro Abel Ribeiro Filho construiu, à moda dos casarões do sul dos Estados Unidos, uma mansão que seria comprada por Deusdedit Vasconcelos. Já na década de 1940, viam-se cada vez mais os bangalôs, como a moradia do médico Luiz Gonzaga da Silveira. Tudo isso quem conta é Marciano Lopes, em seu Mansões, palacetes, solares e bangalôs de Fortaleza.

Moravam os ricos em áreas mais afastadas, mas continuavam espairecendo no Centro, frequentando lugares como o Majestick Palace, que é de 1917, ou nas festas do Clube dos Diários, quando ainda era no Centro. Enquanto isso, a população caminhava em outro rumo. “No mesmo ano da inauguração do Cine Majestic Palace, veio à tona a primeira greve cearense realmente operária, a dos trabalhadores da Light and Power, movimento que se repetiria em 1918, 1925 e 1929”, como escreveu Sebastião Rogério Ponte em seu Fortaleza Belle Époque. Ele conta ainda de como os trabalhadores começaram e fortaleceram um movimento pelos seus direitos.

A classe alta ignorava. Ou, pelo menos, tentava. “O Pirambu vê o mesmo oceano que nós vemos aqui da Aldeota. Bebe o mesmo ar que nós aspiramos. Em certos pontos, os de lá ainda levam vantagens sobre nós: bebem água de coco no pé e nós não bebemos”, dizia, acintoso, Napoleão, um dos personagens misteriosos de Aldeota, livro de Jáder de Carvalho, de 1963. Napoleão comentava, na roda de amigos, o recente levante dos moradores do bairro mais pobre, incomodados com a pobreza excessiva. O livro conta de uma Aldeota enriquecida pelo contrabando e sonegação fiscal, pela roubalheira nunca comprovada, mas sempre sabida de hoje ricas famílias.

“O auge da Aldeota, que já era Nova Aldeota, foi na primeira metade dos 1950, quando surgiram uma série de casas muito bonitas”, descreve Lúcio Brasileiro, colunista social, habitué da high society alencarina desde o primeiro dos seus 55 anos de trabalho. “Eu destaco quatro casas: a de Manuel Porto, de Raul Carneiro, de José Moreira e de Raimundo de Oliveira. Essas quatro casas marcaram socialmente o que se chamava naquela época o final da Santos Dumont”, detalha. A casa de Raimundo de Oliveira, cópia da casa do filme ...E o vento levou é, desde 1974, o Center Um, primeiro shopping da Cidade. Depois disso? “Na década de 1960, a Santos Dumont já não tinha mais aquele charme”, sentencia.

Júlia Lopes
julialopes@opovo.com.br
http://migre.me/48MFl

A clorofila do Partido Verde


Boba, nunca

Pode-se fazer tudo por Marina Silva, menos acreditar que ela não soubesse o que havia na clorofila do Partido Verde quando entrou nele para disputar a presidência da Repúlblica.
Elio Gaspari, no O Povo de 27 de março de 2011, pág 26

Nelson Cavaquinho por Zé Keti

Postado após dica de Mateus Perdigão



Programa apresentado na TVE em 1986.
Samba composto por ocasião da morte de Nelson Cavaquinho em 17/02/1986.

Compadre Nelson Cavaquinho
Onde anda você
Já me disseram que deixaste de beber
o seu conhaque
Sua Genebra bem amada
em suas mil ou mais moradas.
Você cantava a noite inteira
Com a batida diferente do seu violão
E nos bares da cidade
Bebia um vinho rascante
A rouquidão em sua voz era constante,
bem constante
E na Praça Tiradentes
Cantava seus sambas prá gente
depois saía com a viola prá lugares diferentes
A Lua foi sua companheira
E hoje está de luto com a Estação Primeira
A Lua foi sua companheira
E hoje está de luto com o Morro da Mangueira
Sabemos que o Brasil
e o mundo inteiro te conhece
Eu bato palmas prá você
porque você merece
Onde anda, eu quero ver o seu parceiro
O Guilherme deve estar coroa
E aqui prá nós
A dupla é muito boa
Eu tambem já compus alguma coisa
Já fiz sambas com você
Se hoje sou poeta, tive muito que aprender
{ Enriqueceu os versos meus
{ O meu muito obrigado, adeus
{ meu criador

segunda-feira, 28 de março de 2011

Rio Amazonas (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro)

Por Alfredo Pessoa


De Paulo César Pinheiro nem precisa comentário. É o maior letrista do país. Tem mais de 2.000 letras musicadas com diversos parceiros da MPB e mais de 1.000 gravadas por diversos artistas. Dori Caymmi é maestro, filho de compositor ímpar e de cantora (Stella Maris) conhecida do rádio no fim da década de 30. Essa música tem uma modulção também ímpar quando passa para G#m7, maravilha para o seu ouvido. Detalhe, no site do Dory Caymmi a cifra difere devido a afinação do violão ser E A D G B B. Na cifra abaixo segue afinação normal E A D G B E. 
Registro da música - obras: Papo de Passarim (Zé Renato e Renato Braz - 2010) e  Mundo de Dentro (Dori Caymmi - 2010)

Rio Amazonas (Dori Caymmi/P. C. Pinheiro)

Introdução e Final (Bm7 Bm7/#5)

(Bm7 Bm7/#5)                                   G/A            D7M/A
Nas águas do rio Amazonas o meu coração se banhou
B/E            A/B           B/E       A7/13 Dm7/9 G7/13 C7+/9
No fundo encantado do lado de lá a voz da Iara chamou
C#m5-/7 F#7/(b13) (Bm7 Bm7/#5)
Ou--------vi chamar
G/A             D7M/A
Seu canto cruzou o Amazonas no bico de um sabiá
B/E               A/B               B/E        A/B
Nas asas do vento essa voz se espalhou
B/E              E7/13   Am7/9  D7/A         G#m7
Em cada palmeira-bandeira hasteada no ar
G#m7/#5        Gº       F#6
Brasil. No bananal, Brasil
E9     Fm5-/7 Bb7/9-        Eb7+/9  Dm5-/7  G7(b13)
No Pantanal, Bra---------sil. No Rio-Mar
Cm7 Cm7/#5                      Bº      Bb6
Lá no sertão, Brasil. No litoral, Brasil
Ab6       Am5-/7 D7/9-              G9  F#m4/7  B7*
Meu coração, Bra---------sil. Pôde escutar
Em7 Em7/#5)               Ebº    G7+/D
Um sabiá, Brasil. Num pé de pau-brasil
C9  C#m5-/7 F#7(b13) (Bm7 Bm7/#5)
Que me ensinou, Brasil.                O meu cantar!

Café Vitrola

No mesmo local onde funcionava o Café Lua (na av. 13 de maio, 2861 - altos - Benfica - Fortaleza Ce) agora funciona o Café Vitrola. Fui conhecer. De cara uma mudança em relação ao anterior. A entrada do café é independente da entrada da livraria. Isso favorece a todos(as), pois anteriormente o café estava condicionado ao horário da livraria e esta fechava as 20 horas. Hoje o Vitrola funciona até as 22 horas.


Totalmente reformado, tem hoje uma cozinha melhor equipada e um cardápio muito mais amplo. Cafés, "Shakes", "Long drinks", achocolatados, waffles, crepes, tapiocas, omeletes, salgados, doces, tortas, sanduiches, cartola, bolos, cuscuzes, licores, destilados e outras bebidas.
As mesas e cadeiras são confortáveis. Um belo poster do Cartola se destaca na decoração. Vi uma "vitrola" portátil em cima do balcão, deve ser daí a origem do nome do café. E como todo balcão que se preze,  nos bares e cafés de Fortaleza, só serve para despachar pedidos de garçons. Poucos(as) usam.


Os preços são razoáveis. Bebi uísque, comi uma empada (não tão boa) e uma omelete simples (esta muito bem feita).
Alguns problemas e por isso mesmo com soluções.
Um: a internet não funcionava, peguei duas senhas e necas de conexão.
Dois: a música do ambiente. Poderia ser mais diversificada. Enquanto estava lá ouvi um cd inteiro do seu Jorge.O café vitrola é uma boa opção. Vem reforçar ainda mais o Benfica como pólo gastronômico.
 Vale a pena conhecer.

Telefone (85) 3055 3397, segunda a domingo, das 8:00 às 22:00
As fotos são do blog - http://bairrobenfica.blogspot.com/

domingo, 27 de março de 2011

Fortaleza Esporte Clube

Fazia tempo. Merecíamos uma alegria. Vamos ao penta.

Bethânia - por Caetano Veloso



Não concebo por que o cara que aparece no YouTube ameaçando explodir o Ministério da Cultura com dinamite não é punido. O que há afinal? Será que consideram a corja que se "expressa" na internet uma tribo indígena? Inimputável? E cadê a Abin, a PF, o MP? O MinC não é protegido contra ameaças? Podem dizer que espero punição porque o idiota xinga minha irmã. Pode ser. Mas o que me move é da natureza do que me fez reagir à ridícula campanha contra Chico ter ganho o prêmio de Livro do Ano. Aliás, a "Veja" (não, Reinaldo, não danço com você nem morta!) aderiu ao linchamento de Bethânia com a mesma gana. E olha que o André Petry, quando tentou me convencer a dar uma entrevista às páginas amarelas da revista marrom, me assegurou que os então novos diretores da publicação tinham decidido que esta não faria mais "jornalismo com o fígado" (era essa a autoimagem de seus colegas lá dentro). Exigi responder por escrito e com direito a rever o texto final. Petry aceitou (e me disse que seus novos chefes tinham aceito). Terminei não dando entrevista nenhuma, pois a revista (achando um modo de me dizer um "não" que Petry não me dissera - e mostrando que queria continuar a "fazer jornalismo com o fígado") logo publicou ofensa contra Zé Miguel, usando palavras minhas.
A histeria contra Chico me levou a ler o romance de Edney Silvestre (que teria sido injustiçado pela premiação de "Leite derramado"). Silvestre é simpático, mas, sinceramente, o livro não tem condições sequer de se comparar a qualquer dos romances de Chico: vi o quão suspeita era a gritaria, até nesse pormenor. Igualmente suspeito é o modo como "Folha", "Veja" e uma horda de internautas fingem ver o caso do blog de Bethânia. O que me vem à mente, em ambas as situações, é a desaforada frase obra-prima de Nietzsche: "É preciso defender os fortes contra os fracos." Bethânia e Chico não foram alvejados por sua inépcia, mas por sua capacidade criativa.
A "Folha" disparou, maliciosamente, o caso. E o tratou com mais malícia do que se esperaria de um jornal que - embora seu dono e editor tenha dito à revista "Imprensa", faz décadas, que seu modelo era a "Veja" - se vende como isento e aberto ao debate em nome do esclarecimento geral. A "Veja" logo pôs que Bethânia tinha ganho R$1,3 milhão quando sabe-se que a equipe que a aconselhou a estender à internet o trabalho que vem fazendo apenas conseguiu aprovação do MinC para tentar captar, tendo esse valor como teto. Os editores da revista e do jornal sabem que estão enganando os leitores. E estimulando os internautas a darem vazão à mescla de rancor, ignorância e vontade de aparecer que domina grande parte dos que vivem grudados à rede. Rede, aliás, que Bethânia mal conhece, não tendo o hábito de navegar na web, nem sequer sentindo-se atraída por ela.
Os planos de Bethânia incluíam chegar a escolas públicas e dizer poemas em favelas e periferias das cidades brasileiras. Aceitou o convite feito por Hermano como uma ampliação desse trabalho. De repente vemos o Ricardo Noblat correr em auxílio de Mônica Bergamo, sua íntima parceira extracurricular de longa data. Também tenho fígado. Certos jornalistas precisam sentir na pele os danos que causam com suas leviandades. Toda a grita veio com o corinho que repete o epíteto "máfia do dendê", expressão cunhada por um tal Tognolli, que escreveu o livro de Lobão, pois este é incapaz de redigir (não é todo cantor de rádio que escreve um "Verdade tropical"). Pensam o quê? Que eu vou ser discreto e sóbrio? Não. Comigo não, violão.
O projeto que envolve o nome de Bethânia (que consistiria numa série de 365 filmes curtos com ela declamando muito do que há de bom na poesia de língua portuguesa, dirigidos por Andrucha Waddington), recebeu permissão para captar menos do que os futuros projetos de Marisa Monte, Zizi Possi, Erasmo Carlos ou Maria Rita. Isso para só falar de nomes conhecidos. Há muitos que desconheço e que podem captar altíssimo. O filho do Noblat, da banda Trampa, conseguiu R$954 mil. No audiovisual há muitos outros que foram liberados para captar mais. Aqui o link: http://www.cultura. gov. br/site/wp-content/up loads/2011/02/Resultado-CNIC-184%C2%AA.pdf. Por que escolher Bethânia para bode expiatório? Por que, dentre todos os nossos colegas (autorizados ou não a captar o que quer que seja), ninguém levanta a voz para defendê-la veementemente? Não há coragem? Não há capacidade de indignação? Será que no Brasil só há arremedo de indignação udenista? Maria Bethânia tem sido honrada em sua vida pública. Não há nada que justifique a apressada acusação de interesses escusos lançada contra ela. Só o misto de ressentimento, demagogia e racismo contra baianos (medo da Bahia?) explica a afoiteza. Houve o artigo claro de Hermano Vianna aqui neste espaço. Houve a reportagem equilibrada de Mauro Ventura. Todos sabem que Bethânia não levou R$1,3 milhão. Todos sabem que ela tampouco tem a função de propor reformas à Lei Rouanet. A discussão necessária sobre esse assunto deve seguir. Para isso, é preciso começar por não querer destruir, como o Brasil ainda está viciado em fazer, os criadores que mais contribuem para o seu crescimento. Se pensavam que eu ia calar sobre isso, se enganaram redondamente. Nunca pedi nada a ninguém. Como disse Dona Ivone Lara (em canção feita para Bethânia e seus irmãos baianos): "Foram me chamar, eu estou aqui, o que é que há?"

O globo de 27 de março de 2011




quinta-feira, 24 de março de 2011

Policiais do Rio usam spray de pimenta em manifestação

Cerca de 400 vítimas do desabamento dos morros do Bumba e Prazeres que ainda não receberam o aluguel social e protestavam foram reprimidas pela Polícia do Rio de Janeiro inclusive com spray de pimenta em crianças. São crianças, negras sem acesso as redes sociais. Esperarei a mobilização que não virá. Se fosse branca e classe média eram TT e bookfaces a bambão.

Aziz Ab´Sáber: a quem interessa a transposição do São Francisco?

Por Aziz Ab'Saber

É compreensível que em um país de dimensões tão grandiosas, no contexto da tropicalidade, surjam muitas ideias e propostas incompletas para atenuar ou procurar resolver problemas de regiões críticas. Entretanto, é impossível tolerar propostas demagógicas de pseudotécnicos não preparados para prever os múltiplos impactos sociais, econômicos e ecológicos de projetos teimosamente enfatizados.
Nesse sentido, bons projetos são todos aqueles que possam atender às expectativas de todas as classes sociais regionais, de modo equilibrado e justo, longe de favorecer apenas alguns especuladores contumazes.
Nas discussões que ora se travam sobre a questão da transposição de águas do São Francisco para o setor norte do Nordeste Seco, existem alguns argumentos tão fantasiosos e mentirosos que merecem ser corrigidos em primeiro lugar. Referimo-nos ao fato de que a transposição das águas resolveria os grandes problemas sociais existentes na região semi-árida do Brasil.
Trata-se de um argumento completamente infeliz lançado por alguém que sabe de antemão que os brasileiros extra-nordestinos desconhecem a realidade dos espaços físicos, sociais, ecológicos e políticos do grande Nordeste do País, onde se encontra a região semi-árida mais povoada do mundo.
O Nordeste Seco, delimitado pelo espaço até onde se estendem as caatingas e os rios intermitentes, sazonários e exoreicos (que chegam ao mar), abrange um espaço fisiográfico socioambiental da ordem de 750.000 quilômetros quadrados, enquanto a área que pretensamente receberá grandes benefícios abrange dois projetos lineares que somam apenas alguns milhares de quilômetros nas bacias do rio Jaguaribe (Ceará) e Piranhas/Açu, no Rio Grande do Norte. Portanto, dizer que o projeto de transposição de águas do São Francisco para além Araripe vai resolver problemas do espaço total do semi-árido brasileiro não passa de uma distorção falaciosa.
Um problema essencial na discussão das questões envolvidas no projeto de transposição de águas do São Francisco para os rios do Ceará e Rio Grande do Norte diz respeito ao equilíbrio que deveria ser mantido entre as águas que seriam obrigatórias para as importantíssimas hidrelétricas já implantadas no médio/baixo vale do rio – Paulo Afonso, Itaparica e Xingó.
Devendo ser registrado que as barragens ali implantadas são fatos pontuais, mas a energia ali produzida, e transmitida para todo o Nordeste, constitui um tipo de planejamento da mais alta relevância para o espaço total da região.
Segue-se na ordem dos tratamentos exigidos pela idéia de transpor águas do São Francisco para além Araripe a questão essencial a ser feita para políticos, técnicos acoplados e demagogos: a quem vai servir a transposição das águas?
Os “vazanteiros” que fazem horticultura no leito dos rios que “cortam” – que perdem fluxo durante o ano-serão os primeiros a ser totalmente prejudicados. Mas os técnicos insensíveis dirão com enfado: “A cultura de vazante já era”. Sem ao menos dar qualquer prioridade para a realocação dos heróis que abastecem as feiras dos sertões. A eles se deve conceder a prioridade maior em relação aos espaços irrigáveis que viessem a ser identificados e implantados. De imediato, porém, serão os fazendeiros pecuaristas da beira alta e colinas sertanejas que terão água disponível para o gado, nos cinco ou seis meses que os rios da região não correm.
Um projeto inteligente e viável sobre transposição de águas, captação e utilização de águas da estação chuvosa e multiplicação de poços ou cisternas tem que envolver obrigatoriamente conhecimento sobre a dinâmica climática regional do Nordeste. No caso de projetos de transposição de águas, há de ter consciência que o período de maior necessidade será aquele que os rios sertanejos intermitentes perdem correnteza por cinco a sete meses.
Trata-se, porém, do mesmo período que o rio São Francisco torna-se menos volumoso e mais esquálido. Entretanto, é nesta época do ano que haverá maior necessidade de reservas do mesmo para hidrelétricas regionais. A afoiteza com que se está pressionando o governo para se conceder grandes verbas para início das obras de transposição das águas do São Francisco terá conseqüências imediatas para os especuladores de todos os naipes.
O risco final é que, atravessando acidentes geográficos consideráveis, como a elevação da escarpa sul da Chapada do Araripe – com grande gasto de energia!-, a transposição acabe por significar apenas um canal tímido de água, de duvidosa validade econômica e interesse social, de grande custo, e que acabaria, sobretudo, por movimentar o mercado especulativo, da terra e da política.
No fim, tudo apareceria como o movimento geral de transformar todo o espaço em mercadoria.

*Aziz Ab´Sáber é geógrafo, professor e escritor. Professor-Doutor em Geografia Física (USP), ganhador do prêmio Ciência e Meio Ambiente da Unesco, também foi presidente da SBPC e do Condephaat e diretor do Instituto de Geografia da USP.




Elizabeth Taylor

 27 de fevereiro de 1932 - 23 de Março de 2010

César e sua mulher

Por - Sandra Helena de Souza - Professora de Filosofia e Ética da Universidade de Fortaleza -  souza.sandraelena@gmail.com




Por volta de 60 a.C um escândalo ocorrido em Roma envolveu o homem mais poderoso do mundo, Julio César, sua mulher Pompeia e um nobre pretendente, Clódio. O caso chegou aos tribunais e o próprio César teve de prestar esclarecimentos já que se punha em suspeição a honra de sua mulher.

Ele admitiu publicamente que não a considerava responsável pela investida de que era alvo e a julgou inocente. Clódio foi absolvido, mas Pompeia não se livrou do ostracismo e do repúdio de César.

Quando indagado quanto à aparente contradição de sua conduta, ao defender a mulher no tribunal e condená-la em casa, ele teria afirmado: “Não basta que a mulher de César seja honrada, é preciso que sequer seja suspeita”.

Essa frase varou os séculos como um vaticínio e encontrou em Maquiavel o rigor científico para decifrá-la, na famosa carta a Lourenço de Médici. Trata-se da moralidade específica da esfera do poder: o privilégio de governar custa um preço que pagam imperadores, reis, príncipes, governadores, quaisquer homens que detenham poder institucional sobre outros e queiram destes estima e obediência respeitosa. Sua vida privada é pública, não por opção, mas por condição mesma do poder de governar.

Nada mais privado que as escolhas eróticas. Ao longo do tempo, homens e mulheres do poder tiveram de aceitar a lei, casando-se contra sua vontade e afetos ou mantendo-se castos em nome da manutenção de seu poder.

Nas circunstâncias da cultura das moralidades, governantes são o exemplo óptimum de como os homens comuns devem agir em caso de conflito insuperável de interesses. No calor da campanha presidencial, o candidato Obama declarou: “já traí e também fui traído”. Tentava imunizar-se contra o puritanismo da sociedade americana. Ante a invasão de sua privacidade a ofereceu de bandeja neutralizando escândalos presumíveis.

Há culturas em que a incompetência administrativa leva os governantes ao suicídio, mesmo que eles não tenham sido diretamente responsáveis pelos desmandos. Enfim, o poder exige uma resposta que o homem comum não é obrigado a dar se não quiser. Não se trata de parecer honesto/ilibado sem sê-lo, como muitos gostam de entender a frase imperial, mas sim de apesar de sê-lo estar sob obrigação constante de parecê-lo, eliminando suspeições que o poriam na condição de piada de salão.

Isso me veio à mente a propósito do episódio do jatinho Grendene e das férias do governador. Em nossa cultura não é certamente o affaire erótico que põe dúvidas sobre a honestidade do poder. Isso é coisa de norte-americano.

Nosso Clódio é outro: o trânsito cruzado que leva de vícios públicos a benefícios privados e vice-versa. O silêncio do governador sobre o que ele diz ser sua vida privada, de cidadão comum em férias, cabe bem em quem não goza de suas prerrogativas, mas não resiste a um exame acurado de ética pública. Ele certamente sabe disso. E sabe mais.

Acontece que em democracia, César somos todos nós. Nossa Assembleia decidiu quem somos. E o preço que aceitamos pagar, em conjunto. Afinal como disse o outro: a César o que é de César.

Publicado em O POVO - dia 23 de março de 2011

Lei da Ficha Limpa - Ministros(as) a favor da aplicação da lei nas eleições de 2010

 Ministros(as) a favor da aplicação da lei nas eleições de 2010

Ministra Ellen Gracie

Ministra Carmen Lúcioa

Ministro Ayres de Brito

Ministro Joaquim Barbosa

Ministro Ricardo Lewandowski

Fotos - Supremo Tribunal Federal/Divulgação