MEU PAI, EU TOMEI VACINA!
Eu rezo pr'as almas santas
E canto pra pombagira
Amo Seu Sete da Lira
E acredito na ciência
Mas não respeito excelência
Que em arte não traduz
Aquilo que lhe ilumina
Por isso, digo na rima:
Vamos defender o SUS
Meu pai, eu tomei vacina!
Não sou um Napoleão
E nem o czar da Russia
Não tenho nem a astúcia
Do verso de Zé Limeira
Mas ergo minha bandeira
De louvor aos vagabundos
Num mundo que me seduz
Como um samba na esquina:
Vamos defender o SUS
Meu pai, eu tomei vacina!
Aquele que nos quer morto
Pactuado com o demo
Nunca viu flor no sereno
Nem sabe de Pixinguinha
Mas eu, um galo de rinha
Para Ogum catulado
Saúdo o Arlindo Cruz
E abro uma cangebrina:
Vamos defender o SUS
Meu pai, eu tomei vacina!
De criança, bem mirrado,
Tinha medo de injeção
E era tamanha a tensão
Que amuado eu fugia
Mas tamanha bizarria
Não me livrava da agulha
E como a rádio patrulha
Sem mesmo um "ai, Jesus"
Me pegava a medicina:
Vamos defender o SUS
Meu pai, eu tomei vacina!
Como Garrincha à sorrelfa
Driblando o marcador
Falo de dona Mulambo
E de Nabucodonosor
Diante do horror não tombo
E mando à merda o mercado
Aquilo que me conduz
É o que o mercado abomina:
Vamos defender o SUS
Meu pai, eu tomei vacina!
E por aqui me retiro
Transgredindo na alegria
Contra quem prefere tiro
E baba qual cão raivoso
Eu sou do Bode Cheiroso,
Do Madrid, da Folha Seca
A tarefa que me impus
É fazer do encanto sina:
Vamos defender o SUS
Meu pai, eu tomei vacina!
(l.a.simas)