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Agrônomo, com interesses em música e política

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

pré-Carnaval de Fortaleza



"Divisão do carnaval: Concentra(povão), Colosso (ricos), Baquetas e cia (classe média chic), Luxo( classe média jovem de esquerda), Simpatizo(classe média adultos de esquerda com medo do povão do Concentra)"
via zap

pré-carnaval de Fortaleza



concentrando e pensando.
ah! se a história fosse feita a partir da minha chegada
ou minha ideia.
bloco de pré-carnaval se movimentando...
ou se arrastando,
existe, e faz mais 30 anos que desce a ladeira da joão cordeiro.
e o Cheiro é o mesmo. e a praia é de Iracema.

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

LPs independentes

Fortaleza, anos 1979 e 1980.
saindo alguns LPs independentes por lá.
Eu cá.
Os três, foram os que mais trabalho me deram pra comprar.
tenho-os há 40 anos.
PS - o Feito em casa do Antonio Adolfo, só consegui muito tempo depois



Nota de Glenn Greenwald

“O governo Bolsonaro e o movimento que o apoia deixaram repetidamente claro que não acreditam em liberdades de imprensa  —as ameaças de Bolsonaro à Folha, os ataques aos jornalistas incitando violência, as insinuações de Sergio Moro desde o início da nossas reportagens para nos classificar como ‘aliados dos hackers’ por revelar sua corrupção em vez de ‘jornalistas’.
Há menos de dois meses, a Polícia Federal, examinando todas as mesmas evidências citadas pelo Ministério Público, declarou explicitamente que não apenas nunca cometi nenhum crime, mas também exerci extrema cautela como jornalista, nem cheguei de qualquer participação. Até a Polícia Federal, sob o comando do ministro Moro, disse o que está claro para qualquer pessoa: eu não fiz nada além do meu trabalho como jornalista —eticamente e dentro da lei.
Essa denúncia —levada pelo mesmo procurador que tentou (mas fracassou) processar criminalmente Felipe Santa Cruz por criticar ministro Moro—  é uma tentativa óbvia de atacar a imprensa livre em retaliação pelas revelações que relatamos sobre o ministro Moro e o governo Bolsonaro. É também um ataque direito ao STF, que determinou que temos o direito de ter nossa liberdade de imprensa protegida em resposta a outros ataques do ministro Moro, e até mesmo às conclusões da Polícia Federal.
Não seremos intimidados por essas tentativas tirânicas de silenciar jornalistas. Estou trabalhando agora com novos relatórios e continuarei a fazer meu trabalho jornalístico. Muitos brasileiros corajosos sacrificaram sua liberdade e até a sua vida pela democracia brasileira, e sinto a obrigação de continuar esse nobre trabalho.”

Insistência no pedido de autocrítica ao PT lembra táticas stalinistas


José Sócrates


Autocrítica. É absolutamente surpreendente que um método tipicamente stalinista, usado no passado para promover a obediência ao partido, consagrar o dogma e perseguir a dissidência, seja agora recuperado pela direita política brasileira para atacar o PT e perguntar a esta legenda onde está a sua autocrítica relativa ao período em que governou. Quem tem um mínimo de consciência histórica conhece o terrível mal que esta palavrinha trouxe à política e como foi intensamente usada por doutrinas sectárias e autoritárias. Para a minha geração, a autocrítica estará sempre ligada aos odiosos processos de Moscou, às confissões purificadoras arrancadas sob tortura e aos infelizes renegados que no momento do seu próprio fuzilamento ainda gritavam: “Viva Stalin”. O Partido nunca se engana.

E, no entanto, a palavrinha resiste… Autocrítica. Onde erramos, pergunta Ciro Gomes. Ciro, uma das mais importantes vozes progressistas brasileiras, junta-se assim aos que reclamam atos de redenção, mais próprios da religião que da política. Devo declarar, em  jeito de prévia declaração de interesses, a minha admiração por esse político e dizer também que nele me agrada tanto a sua inteligência e preparação política como o seu temperamento. Espero sinceramente que nunca se sinta obrigado a fazer exercícios autocríticos sobre uma característica pessoal que lhe dá graça e espírito e o afasta do insuportável kitsch político que domina a cena um pouco por todo o mundo. Onde erramos, pergunta ele? Bom, certamente que erraram, pois o erro é inerente à condição humana daqueles que agem politicamente. Todavia, visto o debate de longe, o que me ocorre imediatamente ao espírito é outra pergunta –  onde não erraram?

Acho que não erraram quando fizeram do combate à pobreza a vossa prioridade política. Essa foi uma das marcas que vos acompanhará na história: 30 milhões. Não erraram também quando apostaram na redução das desigualdades, incluindo todos os brasileiros numa nova política econômica na qual – e  pela primeira vez – todos saíram a ganhar. Não erraram quando decidiram apostar na universidade – a igualdade, a cidadania e o desenvolvimento econômico dependem do acesso ao conhecimento. Não, não se equivocaram quando definiram uma política externa ambiciosa baseada no direito internacional e numa visão multilateral da ordem mundial. Os Brics deram ao Brasil uma nova e revigorante voz nos assuntos mundiais e um novo espaço de influência internacional. 
Também não se enganaram quando fizeram tudo isso com respeito republicano pelas instituições e pelos adversários políticos. Não se enganaram quando consideraram que as sucessivas eleições que ganharam não constituíam critério de razão, mas de legitimidade. Não se enganaram quando consideraram a regra da maioria como sendo de importância igual à defesa da minoria – para garantir que esta possa ser aquela amanhã. 

A linguagem política que utilizaram nunca maltratou ninguém, mas ajudou muitos. O que fizeram foi dar voz a quem há muito se sentia fora do espaço público e até fora do mundo. Nunca alguma garantia constitucional se sentiu ameaçada, apesar da intensa batalha política e partidária. Nunca ficou tão claro que a riqueza mais importante do Brasil era o seu novo pacto constitucional – um país plural, diverso e que anseia por igualdade de oportunidades. Se alguma tradição democrática o Brasil precisará construir no futuro, será neste período que buscará inspiração.  

Sim, devem ter cometido muitos erros, mas a política é feita disso mesmo: de propor, de tentar, de errar e de voltar a tentar. De fazer melhor. Ela é filha da contingência, do risco e da incerteza, e nisso reside toda a sua beleza. No momento em que pretendem cobri-la com véus científicos estão a mentir-vos – nada existe de “científico” na vontade e nas escolhas humanas. 
E, quanto à derrota eleitoral, devo dizer que apreciei sobretudo que tivesse sido aceita com naturalidade e sem recorrer à detestável ideia de superioridade moral usada com frequência para diminuir e deslegitimar os adversários políticos. Mas gostei especialmente da estética da batalha: que luta, que bravura, que grandeza. No fim da luta tão desigual existe um vencedor aclamado, mas existem também os vencidos que, ensanguentados, fixam a audiência com olhar digno – estamos de pé. 

Este é um dos raros momentos na política em que só temos olhos para os vencidos. Eles, os derrotados, representam o Brasil que conheço e que admiro, feito de inclusão social, de alargamento de oportunidades, de compromisso, de moderação política e de ambição democrática. Onde erraram? Não sei, não sei. Só me ocorre dizer onde não erraram.