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terça-feira, 15 de setembro de 2015

Amorosidade Familiar

Por Zenilce Bruno

A base construtiva da família é a amorosidade cuidada, querida e apreciada como valor entre as pessoas. Amorosidade se constrói com palavras e ações, sentimentos e fazeres. Diria que somos todos responsáveis por nossos sentimentos em família. Uma vigilância sobre as impulsividades se faz necessária. E quando os filhos são adultos, eles são igualmente responsáveis pelo bem estar ou mal estar em família.
A casa, a família, os pais e filhos são as maiores referências do ser humano quanto aos afetos vividos. Afetos positivos e negativos. Amor, amizade, cumplicidade, ciúme, rivalidade e ódio. Lugar por excelência da ambivalência afetiva, a família se tece entre amorosidades e animosidades. Mais precisamente, entre amor e ódio. Talvez soe mal aos nossos ouvidos desejosos de mais amorosidades, dizer em voz alta que a família é também o lugar do afeto negativo, sofrido e destrutivo. Os fatos contemporâneos expostos pela mídia têm atestado sem pudor, que nessa cultura de superego frágil, são frequentes as atuações onde membros de uma família se maltratam, destroem-se, matam-se.
É tempo de acabar com a tirania de achar que os pais são os únicos, grandes e eternos responsáveis pela infelicidade dos filhos. Quando adulto, o filho tem que assumir seu estar no mundo, sua personalidade, corrigir suas falhas, buscar ajuda profissional para resolver-se e tornar-se melhor para si e para os outros. É preciso compreender, que dinâmica ancora as relações em pontos que estrangulam a amorosidade possível, no seio da família. Muitas vezes, só se expressa o desamor, a raiva, o peso das relações. É muito fácil em meio à impulsividade não medir as consequências da palavra (mal) dita. Por mais que seja verdade interna, é preciso ser sadio o suficiente para administrar a impulsividade e não abrir feridas tão profundas na alma dos pais e filhos. A saúde psíquica precisa ser mais buscada, mais desejada, nos dias atuais. É mais fácil enganar-se, tomar um remédio de leve, beber uma para esquecer, mas o fundamental é tratar-se, buscar ajuda eficiente que possibilite compreensão profunda da própria alma, dos nós que se formaram e que precisam ser desatados. Isso se compreende levando a sério um tratamento psicológico.
Na contra face disso, há na família, uma enorme capacidade humana de se plantar sementes preciosas, dizendo-se palavras (bem) ditas, fazendo-se mais declarações de amor. Como na família estão às relações mais sagradas de nossas vidas, é preciso muito cuidado para que elas não se pautem mais pelo ódio que pelo amor. O ódio que coexiste terá de ser compreendido, resolvido e superado para que não se instaure a impossibilidade amorosa entre pessoas que também se amam.
Muitas vezes a convivência com pessoas de valores negativos, amigos e amores inadequados, geram uma ambivalência e uma cegueira de atitudes que é preciso considerar seriamente. Salvar a família, supõe cuidar dos valores pessoais, do respeito ao outro, da tolerância e de certa dose de humildade. Isso pode tornar viável o conviver construtivamente.

http://www.opovo.com.br/app/opovo/dom/2015/09/12/noticiasjornaldom,3503152/artigo-amorosidade-familiar.shtml

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