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Agrônomo, com interesses em música e política

quinta-feira, 17 de julho de 2008

LUCIANO CANFORA - 2

< Porém a tensão moral que induz à opção extrema, e permite o enfrentamento de sacrifícios extraordinários, não é transmitida nem por via genética nem por via pedagógica. É simplesmente perdida. Pois a experiência pode ser, no máximo, relatada, mas não transmitida: ela é individual e única. Por isso as revoluções se extinguem e todas passam, mais cedo ou mais terde, pelo seu "termidor". Quando se tenta, obstinadamente, conservar pela via pedagógica a sua vitalidade de geração em geração, bem cedo essa pedagogia é percebida como retórica e, então, refutada. Esse é o mecanismo que vimos se desenvolver no curso da longa e atormentada experiência soviética.
Até a revolução mexicana, um dos grandes eventos do início do séc XX no hemisfério ocidental, assistiu a esse genêro de evolução. E o partido "revolucionário" que foi seu artífice atualmente nada mais é o que um tranquilo e corrupto lobby de poder. Essa involução não ocorre em Cuba, sobretudo por causa da constante ameaça norte-americana - ameaça que restitui cotidianamente uma forte razão, e de evidência imediata para todos os interessados, para manter e reproduzir de forma constante aquela tensão moral sem a qual todas as revoluções se extinguem pontualmente. É a perseguição externa, pleiteando reconduzir a ilha à servidão mais ou menos douradamde "bordel do império", que mantém alta a tensão de um povo que não dobra a espinha, nem mesmo após a traição por parte da Rússia "democrática". >
LUCIANO CANFORA, EM "CRÍTICA DA RETÓRICA REMOCRÁTICA, ED. ESTAÇÃO LIBERDADE

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