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Agrônomo, com interesses em música e política

quinta-feira, 17 de julho de 2008

LUCIANO CANFORA

< Durante quantas gerações pode durar a experiência "revolucionária"? Tanto os eventos franceses do final do séc XVIII quanto os comunistas, que ocuparam grande parte do séc XX, demonstram que, após a segunda geração, a experiência não se transmite. Não queremos tirar daí uma lei geral, apenas constatamos um dado de evidência imediata. Em que pesem os "marxistas-ortodoxos", devemos observar que o fundamento das revoluções é a tensão moral. Sem desconsiderar, é óbvio, os pressupostos materiais, sem os quais nenhuma crise é detonada, entendo aqui por "fundamento" aquele quid da psicologia coletiva que efetivamente desencadeia a movimentação revolucionária, a qual jamais é inevitável, e que, para ser disparada, necessita da convicção quanto ao caráter insustentável da ordem existente e à convicta decisão de colocar tudo em discussão, da tranquilidade de vida às certezas cotidianas. Esse "salto" prenhe de conseqüências extremas, jamais é realizado de forma leviana por alguém. Inumeras vezes isso seria possível, mas raras, raríssimas vezes, acontece de fato - justamente por se tratar de uma escolha radical, que subverte todos os aspectos da vida, e por exigir um ímpeto e uma tensão moral muito acima da média, em geral propiciados por condições muitíssimo extremas, tais como uma guerra catastrófica (1917)ou a relvelação imprevista de uma incrível debilidade do poder (1789) >
LUCIANO CANFORA - EM CRÍTICA DA RETÓRICA DEMOCRÁTICA, ED. ESTAÇÃO LIBERDADE

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