Por Lino Bocchini
O e-mail que oficializou o convite na sexta-feira, feito primeiro por telefone
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Na última sexta-feira (17/08) recebi um convite pra ser um dos entrevistadores de
Diogo Mainardi, na bancada do Roda Viva. O convite foi feito por telefone, e formalizado por e-mail. A produção do Roda Viva pegou meu endereço e enviou o livro que o ex-colunista de
Veja iria lançar – “A Queda”, sua primeira obra após “Lula É Minha Anta”. Aceitei, e meu nome começou a ser divulgado na própria sexta-feira, tanto no site da TV Cultura como em releases para a imprensa. Tinha também um carro marcado para me pegar no trabalho e me levar ao programa. No final da manhã de segunda-feira, a mesma produtora que havia acertado tudo me liga dizendo que minha participação havia sido “cancelada”.
O envelope com o livro chegou sexta. E com meu nome escrito errado
Sua alegação era que “tinha um entrevistado a mais”, e eu fui cortado. Como ela não conseguiu dizer o que havia acontecido, peço pra falar com outra pessoa que possa me explicar a razão do veto. Em poucos minutos me liga o apresentador do programa e ex-diretor de redação da Veja, Mario Sergio Conti. Ele confirma que, sim, eu estava cortado da bancada. Pede desculpas e diz que, quem sabe, “em outra ocasião”, eu possa voltar a ser convidado. Repete a justificativa de que tinham que ser 5 entrevistados, mas que tinham 6 confirmados. Argumento que no release divulgado desde sexta-feira pela própria TV Cultura tinham apenas 5 pessoas. “Ah, mas tem também a Joyce Pascowitch, que entrou de última hora”. Se foi isso mesmo, porque justo eu fui cortado? “Pra dar mais diversidade ao programa”, responde Mario. Ainda argumento que, se o critério era dar mais diversidade, na bancada tinham dois jornalistas com o mesmo perfil: da área de cultura de grandes jornais do Estado. Ele desconversa, e diz que a Joyce era “mais adequada”. Agradeço e me despeço dizendo que a prerrogativa de escolher quem vai ou não é dele. Não fazia sentido discutirmos.
E-mail também de sexta, confirmando o envio do livro e o agendamento do carro.
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Volta no tempo:
estou sendo processado pela Folha, que há dois anos mantém sob censura meu antigo site
Falha de S. Paulo, que eu fazia com meu irmão. Estão me pedindo dinheiro a título de indenização por “danos morais”; O dono da empresa, Otávio Frias Filho, já assinou uma
carta com ataques à minha pessoa, quando recusou-se a ir a Brasília, numa
audiência pública sobre o caso de censura, ocasião em que 20 deputados federais de 10 partidos diferentes reprovaram a atitude anti-democrática da Folha; Esse ataque inédito do jornal contra um blog independente foi condenado por
Assange e pela organização
Repórteres sem Fronteiras, entre tantos outros. E a direção do veículo, digamos, não reagiu muito bem a essa reprovação global; além disso, um jornalista da Barão de Limeira estaria na bancada. E a TV Cultura deu meia hora de seu horário nobre de domingo para o TV Folha.
Mais: na entrevista ficou claro o desprezo que Mainardi tem pela internet e seus usuários. Disse que na rede “só tem otários”, e reclamou que “agora os leitores que antes só mandavam cartinhas mal escritas agora têm voz”.
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O release com meu nome ficou 3 dias no site da TV Cultura. E eram 5 entrevistadores, como Mario disse que tinha que ser. Após o corte, trocaram meu nome pelo da Joyce
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Não faço idéia de quem vetou meu nome na entrevista, e prefiro não arriscar um eventual motivo. Melhor deixar pra cada um tirar suas próprias conclusões.