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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Paralisação na UFC e na Unilab: meninos, eu vi!(*)

Por Marília Brandão

Na tarde do dia 23, estávamos em reunião na Adufc-Sindicato quando fomos surpreendidos por gritos vindos da rua. Um grupo de mais de 100 pessoas, professores e a maioria estudante, gritava insultos a diretores da Adufc.

Minha primeira reação foi de incredulidade. Não acreditei que professores de nossa universidade pudessem liderar uma ação daquele tipo contra seus representantes legitimamente eleitos. Há mais de 30 anos participo das lutas dos docentes da UFC, do movimento ambientalista, da batalha pela Anistia. Convivi, durante esse tempo, com diferentes correntes de pensamento. Mas aquela demonstração de violência só vivenciei nos tempos de ditadura.

Uma segunda reação foi de medo. Medo por mim e pelas pessoas que comigo estavam, impedidas de ir e vir, por um grupo que dava claras demonstrações de estar disposto a ações violentas, já que tentaram encobrir as câmaras de segurança. Agressões pessoais ocorridas em diversos momentos dessa greve justificavam esse temor.

Mas tive também um sentimento de revolta ao escutar ofensas dirigidas à diretora Mirtes Amorim. Um professor, aos gritos, no microfone, citava o nome da filha da Mirtes referindo-se à “vergonha que ela teria da mãe”. Público e privado confundiram-se numa profunda demonstração de falta de limites e respeito pelo outro.

A feliz intervenção de uma professora conseguiu o compromisso dos manifestantes de não invadirem a sede da Adufc no momento que a porta fosse aberta para entregar o abaixo assinado. No dia seguinte, fiquei igualmente revoltada com as versões de integrantes do evento. Não é verdade que a mobilização tenha sido pacífica. Ela causou graves danos morais e desrespeitou o patrimônio do Sindicato. As fotos dos pichadores e os insultos gravados provam o que estou afirmando.

Já participei de greves difíceis, com divergência de opiniões sobre encaminhamentos. Nesses momentos, o respeito baseado no uso de argumentos pautava nossas ações. Nunca vivenciei, como agora, em assembleias ou fora delas, a falta de compostura que hoje macula nosso fazer político.

Renunciei ao meu cargo na direção da Adufc. Estou certa de que tudo fiz para agregar forças. Desejo que se retome o diálogo de forma democrática sem perder o nosso objetivo principal: a defesa dos interesses dos professores da UFC e da Unilab.
(*) “E à noite nas tabas, se alguém duvidava do que ele contava, tornava prudente: ‘Meninos, eu vi!’” Gonçalves Dias – I-Juca Pirama.
http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2012/08/28/noticiasjornalopiniao,2908338/paralisacao-na-ufc-e-na-unilab-meninos-eu-vi.shtml

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