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segunda-feira, 8 de abril de 2013

4G Brasileiro, a quem atenderá?

Antena 4G
Por Roberto Félix

A tecnologia 4G começa a ser implantada, em caráter de urgência no Brasil, devido aos grandes eventos como Copa das Confederações (2013), Copa do Mundo (2014) e Olimpíadas (2016), mas a quem realmente esse serviço atenderá? Enquanto as redes 3G ainda deixam a desejar na qualidade de conexão, o governo adianta prazos e leiloa faixa de frequência de 2.500 MHZ esquecendo do principal: compatilibilidade mundial.

O espectro de frequência utilizado pelo 4G nos Estados Unidos e Sudeste asiático varia entre 700 e 2.100 MHZ. Já na Europa o 4G opera entre 800, 1.800 e 2.600 MHZ. No Brasil essas frequências são utilizadas pela TV analógica (UHF) e Redes móveis 3G. A faixa disponibilizada pelo governo é de 2.500 MHZ, que não é utilizada em nenhum lugar no mundo, incompatibilizando todos os dispositivos 4G mundiais para nossa rede.

A alta frequência disponibilizada, 2.500 MHZ, condiciona uma cobertura menor por Estação Rádio Base (ERB), cada antena cobre apenas 6km de área, enquanto a frequência de 700 MHZ consegue atender 40km de área por antena. A União Internacional de Telecomunicações (ITU) recomenda o uso do espectro de 700 MHZ para o 4G, porém a Anatel teve que ignorar essa recomendação por um importante motivo técnico: a TV analógica brasileira utiliza essa frequência. Como ainda não migramos na totalidade para a TV Digital, o espectro de 700 MHZ é utilizado pelas TVs analógicas.

Com esse dilema, a Anatel teve que leiloar essa frequência peculiar de 2.500MHZ, gerando um problema gravíssimo. Imagine o cenário onde um americano, europeu ou qualquer cidadão de outro país, venha com seu dispositivo 4G (celular, modem, foblet ou tablet) e queira usufruir dos serviços 4G de nossas operadoras. Ele não será capaz de usar o 4G, pois seu dispositivo trabalha em uma frequência diferente da rede nacional. Os fabricantes de eletrônicos estão reticentes quanto à adoção do 4G brasileiro e até o momento poucas opções foram lançadas atendendo essa frequência.

Ciente do problema, o governo quer adiantar a completa migração da TV analógica para digital. Especula-se que, em breve, o governo anunciará um programa chamado “Bolsa Novela”, onde todos os inscritos nos programas sociais poderão comprar conversores digitais a baixíssimo preço ou até mesmo receber de graça. Essa política agressiva de migração liberaria a frequência de 700 MHZ, que assim poderia ser leiloada para as operadoras de telecomunicações, deixando nossa rede 4G mundialmente compatível.

O prazo para o desligamento das TVs analógicas é o final do ano de 2016 e ainda existem 10 milhões de usuários da TV analógica. A Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas acontecem antes do prazo final de desligamento. Até o momento, as operadoras assinaram contratos de compartilhamento de equipamentos, para reduzir os custos de implantação do 4G atual e acelerar os prazos, tudo isso com a anuência da Anatel.
E a grande questão do início retorna: a quem esse 4G atenderá? Os preços atuais praticados pelo 3G nacional são incompatíveis com a renda média do brasileiro. E pelo que já foi anunciado pela Claro, pioneira do 4G nacional, o pacote básico de entrada do 4G custa R$ 217,00. Nos Estados Unidos os preços do 4G são muito inferiores, chegando a custar a partir de R$ 30,00 (U$ 14,99) na AT&T.

A tendência é que a adoção da rede 4G seja gradual e lenta, os preços serão amortizados apenas quando a tecnologia ganhar escala e o volume de usuários permitir uma redução de preços. Ou então caso surja uma tecnologia mais barata que obrigue uma queda dos preços. O certo é que a tecnologia de ponta continuará distante do povo.

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