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sexta-feira, 11 de julho de 2014

Futebol, novela e o jogo na nossa vida.

Por Tiago Porto

O início e o fim, algumas vezes cruel (7x1 que o diga), de um torneio como a Copa do Mundo sempre nos proporcionam os mais variados debates. 

Tem os que envolvem política, poder do dinheiro, compra de jogos e até futebol mesmo, aquele jogado em campo.
Surgem debates sobre a capacidade que o futebol possui de ser “alienante”, de ser “ópio do povo”, ou mesmo de fazer parte da centenária política do “pão e circo”.

Muitas pessoas se impressionam ao ver milhares chorarem pelo Neymar que se contundiu. Ou por milhões sofrerem juntos com um grupo de “jogadores milionários” que foram goleados como se fosse também a derrota da sua vida. Tem os que se indignam por tantos “compactuarem” e aceitarem as imposições e desmandos de entidades tão sujas como CBF e FIFA,

Alguns questionam ferozmente e criticam todo esse envolvimento do povo e “alienação”, em torno do futebol, em torno de um simples jogo. E dessa forma trava-se durante quase um mês uma batalha entre os “alienados” e os “que não se importam com um simples jogo”.

Sempre que esses debates começam lembro de uma história da minha avó, que é uma senhora que gosta muito de novela. Uma vez estava minha avó (o nome dela não é Dona Lúcia, é Dona Ana) falando com minha mãe e minhas tias sobre a novela das oito da época. Estavam reclamando o tanto que um cara era ruim, perverso, mau mesmo! E que a fulana não podia casar com ele já que o pai dela ia ficar em depressão. A lista de maldades do cidadão era imensa, era assassino também(eu acho). A trama da novela era bem era complexa.

Nesse mesmo dia estava uma prima pequena ouvindo a conversa. A menina tinha uns 8 ou 9 anos e ficava só observando todo aquele caloroso debate entre suas tias e avó. A menina é dessas alunas aplicadas, tira sempre notas boas. Perspicaz, sempre trazia seus comentários inteligentes que causavam risadas. A neta frequentava constantemente a lista dos primeiros lugares da sua sala de aula. 

Quando já estava com mais de meia hora de conversa a pequena fala para suas tias e para minha avó:

- Mas pessoal, vocês não estão entendendo, isso tudo é ficção! Eles são atores. Estão apenas interpretando personagens. É só uma novela. O fulano não é ruim de verdade, é só um personagem!

Por um instante foi aquele momento de silêncio meio constrangedor, as tias meio que com vergonha da situação. Sem saber o que dizer, sem saber se apenas continuavam a conversa. 

Até que Dona Ana do alto dos seus 90 anos fala:

- Minha filha, então pronto, quer dizer que aqui é todo mundo burro e só você que é inteligente?!

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