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segunda-feira, 29 de maio de 2017

A CASA DA ESCADARIA


POR VÓLIA BARREIRA


A casa da escadaria

A bela escadaria da casa da minha infância
tinha degraus que eu subia em alegre algaravia.

Construída no centro de um terreno elevado
seus sete degraus davam acesso à varanda
encimada pelo amarelo do pé de acácia.

Com os olhos da recordação
vejo-me a subir correndo as escadas, contando os degraus,
como fazia em criança
enquanto nos ouvidos, ainda ressoam os passos do meu pai
escada abaixo,
a caminho de uma imensurável prisão
na madrugada que se eternizou na memória.

Num canto da escada, às escondidas, sinto o coração aos pulos
com a descoberta inusitada do desejo
e das profundas infelicidades dos amores imaturos.

Com os pés pesados feito chumbo
desci os degraus na vez primeira
quando  tive a consciência da nossa finitude
e o fiz, na derradeira,
carregada de  tristeza,
no dia em que a casa se transformou em sentimento .

Em suas paredes ficaram grudadas as minhas memórias
que reconstituem cada vão,
cada mosaico, cada planta do jardim...

Apurando os ouvidos,
ouço os sons de um tempo,
que ainda repercute. 


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Poema premiado no 

1º Concurso Literário da Livraria Escritores do Ceará - Prêmio Milton Dias - Crônica e Poesia - 2017

5 comentários:

Fernanda Holanda disse...

Bem impactante !

Vanda C.Sales disse...

Maravilhoso!!!!

Tarcila disse...

Parabéns, Vólia! Muito bonito!

Fátima Moura Fé disse...

Que lindo, Vólia!

Nertan Moreno disse...

Belo, belo. Essa casa continua - e continuará sempre - viva e pulsante em você, como uma indelével, firme e amada marca dos seus bons tempos.