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terça-feira, 23 de outubro de 2007

AVESTRUZES NO CEARÁ

Houve um tempo, no Séc. XIX, em que uma expedição científica, criada por D.Pedro II, o letrado dos imperadores, trouxe para o Ceará camelos. Importados da Argélia, sua missão era ajudar a expedição em suas incursões pelo sertão. Os camelos não resistiram e foram trocados pelo nosso jegue. O fato que já rendeu samba enredo e campeonato à escola de samba (1995), com o devido patrocínio do Governo do Estado, me vem à lembrança quando do lançamento do Programa Avestruz do Ceará pela Secretaia de Desenvolvimento Agrário.
Os números iniciais mostram que quintuplicaremos o número de criadores(as) no estado, hoje cerca de 80, e serão distribuídos 920 aves em 23 municípios, para agricultores(as) familiares. É isso mesmo um programa para a agricultura familiar! O orçamento é de R$ 2,76 milhões com recursos do Fecop, sendo o custo do casal de aves R$ 6,0 mil. Também é anunciado, assistência técnica, financiamento para infra-estrutura e uma empresa integradora que comprará toda a produção.
A primeira questão que se coloca é: seria mais producente intensificar programas de criação de pequenos animais, já adaptados ao nosso ambiente, com sistema de produção definido e a um custo muito menor como caprinos integrados à caatinga. A segunda, o custo/oportunidade. Não é oportuno para uma secretaria que trabalha basicamente com recursos de programas federais, gastar dinheiro do Fecop, com uma novidade que, até agora, os exemplos não são dos melhores. Terceiro, os(as) agricultores(as) familiares serão financiados com recursos do Pronaf. Quais as garantias que terão ao assumirem o risco desta atividade? Talvez a resposta esteja na tal empresa integradora que comprará toda a produção.
Parafraseando Gil Vicente em A farsa de Inês Pereira “ Mais vale um bode que me carregue que uma avestruz que me derrube”

Marcus Vinicius de Oliveira-Junho 2007

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