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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

chiaroscuro

Por Marcus Vinicius


As fotos e os textos são do Blog chiaroscuro - fragmentos de um discurso amoroso sobre a cidade ( http://chiarosscuro.blogspot.com/ ).  Excelente. As fotos são de Leonardo Soares e os textos de Rosaura Soligo. Faça uma visita, serás bem recebido.
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Lá em Paraitinga - 
A noite escura sem lua e estrela ventava um vento frio no chão vermelho do caminho que dá lá na capela do pinhal. Seco voava rodando o redemoinho alumiado de contra pela luz do curral vazio e já ajeitado pra lida do leite da manhã do outro dia, que haveria de nascer gelado com mato cor de prateado. A lâmpada clareava para forasteiro ter idéia que naquele longe de vizinho habitava morador, e dentro da roda de vento e poeira rodeando pé de árvore, de cachimbo no beiço preto rachado de frio de agosto, rodopiava saci. [Leonardo Soares]
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científicamente

tá provado
quem espera
nunca alcança
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Olhares - de zelo
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Vida longa!



apesar
dos apesares,
muito mais
por causa
dos por causas,
nós gostamos
de você,
companheiro.
nunca antes
na história
deste país
gostamos tanto
de quem lá esteve.
tim-tim!
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Cidade tragada



olhos noturnos miram o nem ver, guiam os passos mal desenhados por caminhos escuros, entre becos e vielas brilha o vestido vermelho da prostituta, o rosto insone, boca pintada de cor igual, olhar embriagado do último boêmio da cidade mergulhada na penumbra da madrugada fria e gelada, garoa cinza alarga a solidão, selva de concreto imersa em caos.

olha de viés procura disco voador no céu escondido do inverno, saci fantasiado de gente, girando redemoinho de vento de chuva, infinito iluminado de luz do sol que insiste em clarear o rosto sujo do mendigo que ninguém vê, amanhecido no passeio de passos apressados, invisível assombração dobrando a encruzilhada, ventando a saia rodada da mulher do guarda.
o boteco irradia luz, Fagner na vitrola, reluz, sobressai, cativa o passante.
adentra o salão, achega ao balcão quase negro, monótono tristonho, recanto sem luz, procura na prateleira a garrafa de invisível, a dose de disco voador, o trago ensacizado, o brinde assombrado, cachaça balança saia, beijo na boca bêbada vermelha da puta gostosa do centro da cidade. [leonardo soares]       

Um comentário:

R. disse...

muito obrigada por espalhar chiaroscuros por aí!
grande abraço e apareça sempre
Rosaura Soligo