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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A sociologia da prepotência

Por Plinio Bortolotti

A repórter Janaína Marques foi extremamente educada (como o jornalista deve ser com o seu entrevistado), ao contornar a estupidez do professor português Boaventura de Sousa Santos, ouvido nas Páginas Azuis deste jornal (28/10/2013).
Generosa, a jornalista classificou-o no texto de abertura como “um dos intelectuais mais conceituados” e “um dos sociólogos mais festejados” da atualidade. Para outros, ele é um “ícone” da esquerda. Porém, a repórter registrou que Boaventura “irritou-se com (várias) perguntas” e “disse, algumas vezes, que era hora de terminar a entrevista”.
E o que irritou o eminente professor? Primeiro, pelo jeito, a insistência da repórter em entrevistá-lo, apelo ao qual cedeu docemente contrariado. Depois, durante a entrevista, quando passou a distribuir críticas a governos latino-americanos, a repórter quis saber se existia alguma alternativa. Boaventura interrompe:

- (… ) Essa é uma pergunta errada. É uma pergunta conservadora.
(A intimidação intelectual é um recurso autoritário, usado pela direita e pela esquerda, na tentativa de constranger jornalistas e calar dissensos. Lembram José Serra, candidato a presidente pelo PSDB? A qualquer pergunta de que não gostava, ele acusava o jornalista de estar “a serviço do PT”.)

Educadamente, a jornalista insiste; o professor volta à carga.
- (...) Se você fosse filha ou mulher do José Maria (do Tomé, agricultor assassinado em Limoeiro do Norte, depois de denunciar o uso indiscriminado de agrotóxicos na região), não me faria essa pergunta.

Deprimente. O “intelectual” vale-se do argumentum ad hominem (contra a pessoa) para desqualificar a pergunta e negar-se a respondê-la.

A propósito, como bom “sociólogo militante”, Boaventura morou em uma favela brasileira, Jacarezinho, no Rio. Deu o nome de “Pasárgada” à experiência. Das duas, uma: ou ele não leu (se leu, não entendeu) o poema de Manuel Bandeira; ou viu os seis meses em que morou na favela como mero passeio (do qual, obviamente, ele podia cair fora).

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Porque hoje é sexta (2)

Por Marcus Vinicius

"Logo na entrada
Lê-se a placa bem sumária
Aqui é um bar e não uma rodoviária
Portanto, os malas vão saindo de fininho"

A placa dos versos acima bem que poderiam estar no Bar do Chaguinha. Estará no meu, um dia.



Papo de Amador (Wanderley Monteiro, Luis Carlos Máximo e Zé Luiz). 

Já resolvi, não vou sair mais sexta-feira
Já vi mesmo que é besteira
É negócio pra amador

Pra começar, os bares estão todos lotados
O chope quente, baldeado
E os garçons de mau-humor

Levo quase meia hora
Esperando a tal da mesa
Isso quando a despesa
Não provoca discussão

Pra evitar essas comédias }
É que eu fujo } 2x
Fico lá no meu pé-sujo }
Onde não para vacilão }

Logo na entrada
Lê-se a placa bem sumária
Aqui é um bar e não uma rodoviária
Portanto, os malas vão saindo de fininho
Meu compadre mulequinho
Vai mandando circular

Um-sete-um quando chega, é descoberto
Meu compadre é esperto
Já conhece pelo andar

O tira-gosto é servido com fartura
Quem mantém a compostura
Sai feliz e quer voltar

Porque hoje é sexta

Memórias da boemia: Nick Bar, 30 anos de saudade

Por Felipe Araújo

Iara Félix com o violonista Zivaldo em foto feita na semana passada: a proprietária do Nick Bar é uma das convidadas de hoje no Ideal











Os versos cantados por Dick Farney fizeram sucesso nos anos 50 e se tornaram um clássico das serestas. “Foi neste bar pequenino / onde encontrei meu amor / noites e noites sozinho / vivo lembrando uma dor / você partiu e me deixou / Não sei viver sem seu olhar / O que sonhei só me lembrou / Nossos encontros no Nick Bar”.

Muitos boêmios de velha guarda também hão de se lembrar de encontros e noitadas memoráveis num estabelecimento da Praia de Iracema, de mesmo nome, que, nos anos 70, foi o principal reduto dos seresteiros da Cidade. Era o badalado Nick Bar, na Praia de Iracema , comandado pela cantora Iara Félix e ponto de encontro de boêmios, músicos e intelectuais.

Pelo palco da casa, passaram cantores como Terezinha Silveira, Maria Ângela e Otávio Santiago, além de músicos como Macaúba do Bandolim, o violonista João Correia Lima (o Joãozinho) e o cavaquinista Célio Di Cavalcanti. “O Nick Bar, tradicional casa noturna de Fortaleza, conhecida em outros estados por suas memoráveis serestas, vem de passar por grande reforma (...). A seresta que acontece de segunda a sábado, fica por conta do maravilhoso violão de João Correia Lima , o Joãozinho, acompanhando a harmoniosa voz da paulista Maria Ângela”, informava O POVO na edição de 2 de junho de 1979.

Fechado em 1983, há exatos trinta anos portanto, o Nick Bar será tema de um encontro de seresteiros hoje à noite no Ideal Clube. “Será o encontro dos sobreviventes do Nick Bar”, brinca o advogado Newton Padilha, um dos clientes de carteirinha das noitadas do restaurante que ficava localizado no começo da João Cordeiro e um dos organizadores do evento de logo mais. “O Nick Bar abria por volta de 20h e a gente varava as madrugadas. Era um ambiente muito bom. E a Iara recebia a todos muito bem”, lembra Padilha.

Entre os presentes nessa homenagem aos 30 anos de saudade do Nick Bar, estarão frequentadores e músicos, além da própria Iara, que será uma das cantoras que se apresentarão ao longo da noite.

SERVIÇO
Nick Bar 30 anos de saudades
Onde: Ideal Clube (Av. Monsenhor Tabosa, 1381 - Meireles)
Horário: A partir de 20 horas
Ingressos: R$ 30,00
Outras informações: 87113413

http://www.opovo.com.br/app/colunas/papodebotequim/2013/10/25/notpapodobotequim,3151188/memorias-da-boemia-nick-bar-30-anos-de-saudade.shtml

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Chico e Nonô ( de Wanderley Monteiro e Luis Carlos Máximo)

Um dia atrás do outro...

Por Marcus Vinicius

Nas duas primeiras fotos a "recepção" aos médicos cubanos, promovida pelo Sindicato dos Médicos do Ceará. Uma das "vaiantes" filiou-se ao PSDB e será candidata a deputada estadual ano que vem.
Na terceira foto, cerimônia em que Dilma disse que o profissional ("recepcionado" da primeira foto) sofreu um "imenso constrangimento" e pediu desculpas a ele, em nome do povo brasileiro.
Fotos de Jarbas Oliveira







Foto de Roberto Stuckert Filho
 http://www.estadao.com.br/noticias/geral,dilma-pede-desculpas-a-medico-cubano-vaiado,1088436,0.htm

A cidade cai.

Por Yargo Gurjão e Roger Pires

Via Dora Moreira



Passo Torto/Passo Elétrico
No Mambembe - Comida e outras artes
Rua dos Tabajaras, 368, Fortaleza
Fortaleza, Setembro de 2013

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Procuro Saber

Hermínio Bello de Carvalho

Herminio Bello de Carvalho
A discussão me atrai, sobretudo porque ainda não a vi tratada pelo seu viés cultural. Desde menino sou atraído por biografias, autorizadas ou não. E também por autobiografias. Fico arrepiado em lembrar o que Ruy Castro passou com seu livro sobre Garrincha, interditado pelas filhas do jogador. E agora me deparo com a notícia de que a biografia de Noel Rosa continua interditada pela sua família, herdeira de sua história. Tão logo surgiram rumores de que o Roberto Carlos iria judicialmente retirar de circulação a sua bela biografia, tratei de comprar logo uns três exemplares. Ótimo e respeitoso livro, por sinal. 
A biografia de Clementina de Jesus está sendo negociada com seus “herdeiros”, uma nova profissão a ser reconhecida pelo Ministério do Trabalho.

Mas vamos lá, ao tal viés cultural. Foi com o pseudônimo de Quincas Laranjeiras, violonista muito admirado por Villa-Lobos, que Sergio Cabral iniciou sua carreira de biógrafo tendo Pixinguinha como foco de sua pesquisa. Contextualizemos: 1978, a Presidência da República era ocupada pelo General Ernesto Geisel, Nei Braga era o Ministro da Educação e Cultura e a Funarte, recém-fundada, tinha na Presidência o escritor José Candido de Carvalho (“O Coronel e o lobisomem”) e Roberto Parreira na direção executiva. 

Nessa mesma época o Macalé e o Sergio Ricardo pensaram numa sociedade sem fins lucrativos a que chamamos Sombrás: Tom Jobim foi eleito presidente e eu o seu vice. E nessa mesma época o Albino Pinheiro inventou o Seis e Meia, e me levou para estruturar artisticamente o projeto. Passo ao largo dessa história, já bastante conhecida (ou não?), reduzindo-a ao essencial: inventei um Projeto Pixinguinha, que outra coisa não era senão um macro filhote do “Seis e meia” do Albino, e que a Funarte adotou como uma espécie de carro-chefe graças à visão do Roberto Parreira, faça-se justiça a ele. Acabei alocado numa Assessoria para Projetos Especiais da Funarte, e a história toma outro rumo: pensei num projeto de apoio à pesquisa e conseqüente publicação de biografias.

A Funarte já tinha em sua equipe o pesquisador Ari Vasconcellos. Deve-se a ele, bem antes de minha entrada na Instituição, a edição de livros importantíssimos como “Figuras e Coisas da Música Popular Brasileira”, de Jota Efegê; “Ary Barroso”, de Mário de Moraes; “O choro”, de Alexandre Gonçalves Pinto; “Na roda de samba”, um clássico de Francisco Guimarães, o celebrado “Vagalume”; “Chiquinha Gonzaga”, de Marisa Lira e “Samba”, de Orestes Barbosa. Não foi pouca coisa, não.

Sobretudo se levarmos em conta que Ari já publicara em 1964 um alentado “Panorama da Música Brasileira”, em dois volumes – e em 1977 o “Raízes da Música Popular Brasileira”. Trabalhava muito esse Ari Vasconcelos. Quando Carlos Lacerda assumiu a governança do Estado, instalou o Museu da Imagem e do Som, instituição idealizada por Mauricio Quadros, que foi nomeado primeiro diretor daquela Casa. 
E quem soprou no ouvido de Mauricio a ideia dos depoimentos gravados pelo MIS? 
Nosso Ari Vasconcellos. Mas não vamos esquecer que o rancoroso e talentosíssimo J. Ramos Tinhorão já estava na área desde 1966, e o Jornal do Brasil, façamos justiça, tinha uma equipe de responsabilidade abordando assuntos da música popular . E lá militava o jovem Sergio Cabral, ainda sem nenhum livro publicado – e aí temos que retornar ao assunto Funarte, porque só bem depois ela institucionalizaria o Projeto Lucio Rangel de Monografias.

Ela, a Funarte, estava ainda provisoriamente instalada no Museu Nacional de Belas Artes. O “Pixinguinha, vida e obra” não só inaugurava a carreira de biografo de Sergio Cabral, como também abriu caminho para a edição do “Filho de Ogun Bexinguento” – livro da dupla Marilia T. Barboza da Silva e Arthur L. de Oliveira Filho, menção honrosa do mesmo concurso nacional de monografias que premiara, com justiça, nosso grande Sergio.

O projeto Lucio Rangel de Monografias viria no rastro do sucesso de outro Projeto, o Pixinguinha. E aí sim a coisa tomou vulto: foram 30 (trinta!) títulos publicados, uma comissão de críticos e pesquisadores escolhendo os temas que mereceriam sofrer abordagem. Havia uma linha conceitual direcionando as escolhas: vamos priorizar as figuras marginais de nossa cultura, tipo Assis Valente e Wilson Batista, para ficarmos em apenas dois exemplos. Peraí, lembremos mais: Paulo da Portela, Silas de Oliveira, Cartola, Candeia, Garoto, Radamés Gnattali.

Passaram-se os tempos, o filão ganhou musculatura. Mas a coisa foi ficando mais difícil ao surgir a tal categoria a que já me referi, e a ser reconhecida pelo ministério do Trabalho: a do “herdeiro”.

Essa figura que surge das sombras para, de alguma forma, levar alguma vantagem pecuniária em cima de alguém que se dedique a escarafunchar a nossa cultura. Essa figura sinistra tem sim o poder de embargar um livro.
Enfim: aonde quero chegar?
Como sou um bestalhão e ingênuo, continuo acreditando em certas instituições. Um dia, um “herdeiro” (ou meio herdeiro) de Mãe Quelé foi aos jornais declarar que eu havia ficado com o espólio de Clementina, daí a filha dela estar morrendo à mingua, sem qualquer assistência.

Ele, o difamador, ostentava corrente de ouro e navegava pela vida a bordo, se não me engano, de uma Mercedes Benz. Não que ele tenha usufruído esses bens às custas de Quelé, coitada: já velhinha, sobrevivia às custas de shows em casas noturnas pequenas, e não havia como intervir na situação. Clementina era território com diversos donos, o que se podia fazer era às escondidas. Essa história, eu sei, ainda vai sair em livro.

Quem se sentir prejudicado por certo irá atrás do “prejuízo” ao ler esse final inglório da grande Dama. Quando foi publicada a matéria citada no parágrafo anterior, fiz o que devia: mandei uma carta ao jornal, que se negou a publicá-la. O editor do caderno explicava que “não queria criar polêmica”. Ou seja: que eu me conformasse com a difamação. Fui pro computador, escrevi um livreco sobre o assunto, o editei às minhas custas e mandei para alguns amigos. Nenhuma nota nos jornais. Mas, para muitos, esse meu retrato desfocado e cheio de estrias na alma terá me causado danos.

Fico à vontade para tocar no assunto: o “Timoneiro”, meu perfil biográfico assinado por Alexandre Pavan, jamais sofreu interferência de minha parte em sua elaboração, e só o li depois de publicado. Fui sim entrevistado por ele diversas vezes, para desfazer dúvidas sobre episódios controversos como o Projeto Pixinguinha. Está longe de ser uma biografia “chapa branca”.

Até porque não havia nenhum corpo dentro do armário pra se esconder: as portas foram abertas, sem fantasias.

Contraditoriamente, respeito a opinião de Gilberto Gil e, agora, do Chico Buarque quando se refere ao direito de privacidade. Se um “biógrafo” se aventurar a escrever a biografia de uma pessoa que seja, por natureza, polêmica – sabe-se o resultado.

Vai escarafunchar os lençóis amarrotados do biografado, com quem dormiu ao longo da vida, vasculhar gavetas metafóricas em busca de pistas que o conduzam a aspectos, digamos, “degradantes” da personalidade enfocada, buscar guimbas de maconha nos cinzeiros, drogas camufladas nas meias – toda sorte de “desvios” que fazem, sim, a delícia de um tipo de leitor que existe no mercado – leitor que nunca irá, por exemplo, comprar a monografia de Paulo da Portela ou Radamés Gnattali.

Mas esse direito à privacidade que ganhe, dentro dos fóruns legais, musculatura suficiente que permita ao difamado defender-se amplamente e ressarcir-se dos danos causados à sua vida pessoal. A biografia do político José Dirceu, recentemente publicada, mereceu uma análise na revista Piauí que destrói a credibilidade do autor do trabalho, tal a soma de erros apontados naquele trabalho. Não sei que rumo tomou o caso. Não tenho qualquer simpatia pelo biografado, diga-se de passagem.

Mas temos que nos reconhecer como personagens que fazem parte desse mundinho a que se convencionou rotular de “pessoas públicas”, em torno das quais grassam histórias mergulhadas em espessas nuvens de maledicências – e é esse o preço, afinal, eu se paga quando somos, por natureza, instigadores e fadados a mergulhar, sem proteção, nas águas escuras onde a nossa cultura se charfunda. E aí viramos uma espécie de mictório público, onde qualquer um pode mijar em cima, sem que alguém saque um talonário de multas para punir o infrator. Experimente entrar numa banca de jornais e veja o número de revistinhas ordinárias especializadas em explorar esse veio que existe desde que o mundo é mundo. Um culto ao narcisismo que beira o ridículo.

Lembro da “Coluna da Candinha” na extinta Revista do Rádio, década de 50, auge da popularidade do rádio. Vivi isso na pele: aos 16 anos será repórter de uma revistinha de rádio, e publiquei uma matéria sensacionalista, que revelavam segredo guardado a sete chaves: quem era o grande amor de Marlene. Quem? A mãe dela. Mais ridículo e ingênuo impossível.

Enfim: que se processe o caluniador. Pague-se esse preço: caso contrário, estaremos sendo censores. 
E a censura nos conduz a uma outra vertente que dela emana: a auto-censura. Proibimo-nos de 
expressar nossas verdades. E logo nós, artistas, que vivemos da invenção, que usufruímos da vida o
que ela nos oferece do bom e também do pior. Derrapamos, às vezes, quando nos sentimos
agredidos – ou quando agridem uma pessoa a quem devotamos admiração e respeito.

Nelson Motta teria violado esse direito à privacidade a que se referem Gilberto Gil e Chico Buarque ao escrever a biografia de Tim Maia? E a vida daquele cantor e compositor poderia ser abordada de outra forma? E Cazuza? Em nenhum momento a família interditou qualquer obra que enfocasse a vida pessoal do compositor.

Enfim: biografias só autorizadas é censura, sim. É censura uma pessoa pública (ou não) ser objeto de um livro, e negar ao autor o direito de publicá-lo. Pior ainda: é querer intervir em sua elaboração, tornando a obra uma biografia “chapa branca”.

Quando falei do Projeto Lucio Rangel de Monografias, foi porque encontrei minha querida Ligia Santos, filha do legendário Donga (“Pelo telefone”) – uma das poucas fontes primárias que ainda podem falar de alguns contemporâneos de seu pai – como é o caso de João da Bahiana. As “fontes primárias” (aquelas que conviveram diretamente com figuras já desaparecidas) estão rareando. Quase todos os contemporâneos de Mário de Andrade já se foram. Há pouco, perdemos o cenógrafo Fernando Pamplona, aos 87 anos. Quem melhor escreveria sobre Joãosinho Trinta, seu discípulo, e a quem considerava um gênio?

Entendo que o assunto é polêmico, e que a discussão, em nenhum momento, privilegiou esse viés cultural que tanto defendo.
Aguardemos os livros sobre Wilson Batista (Rodrigo Alzuguir, o autor) e um outro sobre Clementina: “Quelé: a voz da cor”, de Felipe Castro, Janaina Marquesini, Luana Costa, Maria Kobayashi e Raquel Munhoz. Aposto nesses jovens pesquisadores.

Termino com uma recomendação: não percam o musical “Clementina, cadê você”. O autor? Pedro Murad. A direção, de Duda Maia.

Imperdível.

Mestre Lucindo

Mestre Cupijó

Mestre Varequete

Deixa Solto (Chico Buarque, Arlindo Cruz e Sombrinha)

'Deixa solto', samba inédito que inaugura a parceria de Chico Buarque com os bambas Sombrinha e Arlindo Cruz.
Gravado para o disco 'Matéria Prima', de Sombrinha.
Participação da Velha Guarda da Mangueira e de Hamilton de Holanda.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Quando os Gigantes Caminhavam Sobre a Terra (2)

Por Rogério Lama

O título é homônimo da biografia do Led Zeppelin escrita pelo jornalista Mick Wall. Sempre quis roubar esse título, e achei que essa reunião de imagens era mais do que oportuna. É impossível ir ao Rio e não se imaginar dentre ruas e becos onde seus ídolos também passaram, cantaram, riram e choraram.
Alfredinho. O Senhor Bip Bip.


 A Guitarra de Prata. Rua da Carioca, no Centro. Autolegendada


















Armazem Senado. 105 anos de funcionamento. Não faço ideia de quem o
frequentou, mas fiquei muito feliz de respirar história dentre suas enormes prateleiras.
Cerveja geladíssima e ao contrário da Adega Pérola, só tem um tipo de tira-gosto:
O melhor salame da Lapa!
Samba da Pedra do Sal. Gamboa ou Saúde? A experiência do Samba da
Pedra do Sal não cabe numa legenda de foto, então pra não sair do foco
do post, por aí batucaram Donga, Pixinguinha e João da Baiana.

Tony Iommi na Pedra do Arpoador em 16/10/2013. Em 1968 Iommi fundou o Black Sabbath em Birmingham, e é ao lado de Jimmy Page, o mais influente compositor vivo do Heavy Metal e de tudo o que veio depois dele.



Segundo João Nogueira e Paulo Cesar Pinheiro no samba “Bares da Cidade”, depois do
Lamas, do Capela e do bar do Luis, era aí, no Amarelinho, que eles terminavam.

E também aproveito pra terminar esse passeio já cheio de saudade e de planos de voltar.

Quando os Gigantes Caminhavam Sobre a Terra (1)

Por Rogério Lama

O título é homônimo da biografia do Led Zeppelin escrita pelo jornalista Mick Wall. Sempre quis roubar esse título, e achei que essa reunião de imagens era mais do que oportuna. É impossível ir ao Rio e não se imaginar dentre ruas e becos onde seus ídolos também passaram, cantaram, riram e choraram.

 Rua Gomes Freire com Mem de Sá. Nesse cruzamento viveram pilares
do nosso violão 
como João Pernambuco e Levino Conceição..

Cruzamento grafado em “Bolero Blues”, primeira parceria de Chico Buarque
com o nosso 
cearense Jorge Helder.
Rua Nascimento Silva 107. Silenciando bem, dá pra ouvir João, Elizeth, Tom,
Thereza e 
Vinicius entre risos e o tilintar dos copos.

 Paquetá. Aí acontecia uma das rodas de choro preferidas de Pixinguinha.
 Essa casa nunca foi do Tom, mas dois urubus descansando no telhado
deixaram essa casa 
com a cara dele. Paquetá/RJ
A apertada Adega Pérola, onde a “carta de tira-gostos” é de enlouquecer
qualquer um, já 
foi frequentada por Ferreira Gullar e Chico Buarque.


Bip Bip. Nesse blog não cabem todos os bambas que já entornaram aí, então vou resumir: Paulo Cesar Pinheiro, Beth Carvalho, Moacyr Luz, Walter Alfaiate, Nelson Sargento, Cristina Buarque, Henrique Cazes, Aldir Blanc e Zé Ketti. Acho que tá bom.





















sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Porque hoje é sexta

Por Marcus Vinicius

Abertura da Bienal de Dança com festa do Luxo da Aldeia.
Gratís.


Música no Mambembe > suporte: vinil.

Por Marcus Vinicius
Fotos - Roberto Félix, Dora Moreira, Ana Costa e Rebeca Moura.

"Fui a um baile no Elite, atendendo a um convite
Do Manoel Garçom (Meu Deus do Céu, que baile bom!)" 

Como se fosse um Baile no Elite (http://www.youtube.com/watch?v=JI4NH08oQBk), fui discotecar vinis no Mambembe a convite da Dora.  
O Mambembe - comida e outras artes, tocado por Dora, Darwin e Ramon ( me perdoem se tiver mais tocadores) é uma boa opção não só para os"bicudos"¹
Dos bares "cultbacaninas" (deve ter  uns três em Fortaleza) é o que eu frequento. Boa acolhida, boa comida, bebidas a preços razoáveis. 
No campo musical estão ousando e trazendo gente boa para pequenos shows. Já teve por lá Passo Torto, Daniel Goove, Gustavo Portela e em novembro, dia 1, Alessandra Leão, Caçapa e Kiko Dinucci, farão show antes da festa "La Tabaquera".
Ah! tem também as "Fertinha".
Ontem só as mulheres cantaram no Mambembe: Elis, Angela Ro Ro, Nana, Aretha Franklin, SarahVaughan. Billie, Diana Pequeno, Beth Carvalho, Clara Nunes, Vania Bastos, Clementina, Jovelina, Rita Lee, Maria Alcina, Anita O'Day, Ella, Nina Simone, Gal, Simone, Elizeth, Mercedes Sosa, Violeta Parra, Piaf, Rosa Passos, Gal, Aparecida, Marina Lima, Nara Leão, Cristina, Zezé Mota, Miucha, Fátima Guedes, com as participações especiais de Eumir Deodato, Serguei e Passo Torto.
Valeu.

(1) Bicudos = jovens. É como uma amiga classifica os jovens, tal qual a praga do algodão, estão em todos os lugares e tomam conta de todos os bares.





Valeu Levi.







Fortaleza Esporte Clube - 18 de outubro de 1918


Fundado em 18 de outubro de 1918, o Fortaleza completa hoje 95 anos de Gloria e Tradição. Maior ganhador de títulos em todas as categorias do nosso futebol, o Leão do Pici está de parabéns.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Meu caro Chico

Por Mário Magalhães
Caríssimo Chico Buarque, eis o artigo do Código Civil que o grupo Procure Saber, ao qual você pertence, batalha para eternizar:
“Salvo se autorizadas [...], a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais”.
Quando você lançou a obra-prima “Apesar de você”, o ditador Médici presidia o Brasil. Era um tempo em que agentes públicos torturavam milhares de pessoas. Hoje, para biografar o general, só com autorização dos herdeiros. Dá para pensar no rame-rame laudatório que eles exigiriam?
A legislação em vigor permite que Fernando Collor barre uma biografia não autorizada, em nome de sua “boa fama”. Idem o juiz Lalau e o torturador Brilhante Ustra. É assim porque a lei vale para todos, artistas ou não. Pense bem: a prerrogativa de contar a história passou ao coronel Ustra.
No seu elegante artigo “Penso eu”, generoso com meu livro “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo”, você menciona, sem título, uma biografia do Cabo Anselmo. Conheço três obras focadas no infiltrado que entregou a mulher grávida para repressores da ditadura a matarem (ela se chamava Soledad, e não Consuelo; todos tropeçamos, não somente os biógrafos).
As de 1984 e 99, com depoimentos mentirosos do covarde, assemelham-se a autobiografias.  A de 81 é um breve perfil independente. A tragédia: publicado ainda durante a ditadura, este livro poderia ser proibido hoje, na democracia, amparado no Código Civil de 2002. A norma obscurantista transfere a Anselmo o poder de definir o conteúdo de uma biografia.
Concordo: é inaceitável a impunidade de biógrafo leviano ou criminoso que difunda informação “infamante ou mentirosa”. Mas a decisão tem de ser da Justiça, e não de censura prévia. Se o Judiciário é lento e a lei dócil com difamadores, aperfeiçoemos ambos. Somos contra o indulto de Natal porque, entre milhares de presos, meia dúzia foge? Crimes pontuais não devem abolir direitos coletivos. O conhecimento da história consagra-se como direito humano. Roberto Carlos é, sim, dono da vida dele. Mas não é dono da história.
Biografias são reportagens, que constituem gênero do jornalismo. Pagar royalties a personagens descaracteriza biografias não autorizadas _você propõe mesmo dar uns caraminguás aos netos do Médici? Se defende que as filhas do Garrincha recebam pelo trabalho árduo do biógrafo, já pensou em remunerá-las, por ter citado o Mané junto com Pelé, Didi, Pagão e Canhoteiro? “O futebol”, sua música, não tem também “fins comerciais”? A imprensa de “fins comerciais” publica perfis. E se o Sarney e o Bolsonaro resolverem cobrar? Devemos reeditar a censura de outrora ou persistir no bom combate a ela?
Chico, perdoe o tom. Você merece interlocutores do “tempo da delicadeza” evocado em “Todo o sentimento”. Aceite um abraço e o carinho deste fã irrevogável

Penso eu


Por Chico Buarque
Pensei que o Roberto Carlos tivesse o direito de preservar sua vida pessoal. Parece que não. Também me disseram que sua biografia é a sincera homenagem de um fã. Lamento pelo autor, que diz ter empenhado 15 anos de sua vida em pesquisas e entrevistas com não sei quantas pessoas, inclusive eu. Só que ele nunca me entrevistou.
O texto de Mário Magalhães sobre o assunto das biografias me sensibilizou. Penso apenas que ele forçou a mão ao sugerir que a lei vigente protege torturadores, assassinos e bandidos em geral. Ele dá como exemplo o Cabo Anselmo, de quem no entanto já foi publicada uma biografia. A história de Consuelo, mulher e vítima do Cabo Anselmo, também está num livro escrito pelo próprio irmão. Por outro lado, graças à lei que a associação de editores quer modificar, Gloria Perez conseguiu recolher das livrarias rapidamente o livro do assassino de sua filha. Da excelente biografia de Carlos Marighella, por Mário Magalhães, ninguém pode dizer que é chapa-branca. Se fosse infamante ou mentirosa, ou mesmo se trouxesse na capa uma imagem degradante do Marighella, poderia ser igualmente embargada, como aliás acontece em qualquer lugar do mundo. Como Mário Magalhães, sou autor da Companhia das Letras e ainda me considero amigo do seu editor Luiz Schwarcz. Mas também estive perto do Garrincha, conheci algumas de suas filhas em Roma. Li que os herdeiros do Garrincha conseguiram uma alta indenização da Companhia das Letras. Não sei quanto foi, mas acho justo.
O biógrafo de Roberto Carlos escreveu anteriormente um livro chamado “Eu não sou cachorro não”. A fim de divulgar seu lançamento, um repórter do “Jornal do Brasil” me procurou para repercutir, como se diz, uma declaração a mim atribuída. Eu teria criticado Caetano e Gil, então no exílio, por denegrirem a imagem do país no exterior. Era impossível eu ter feito tal declaração. O repórter do “JB”, que era também prefaciador do livro, disse que a matéria fora colhida no jornal “Última Hora”, numa edição de 1971. Procurei saber, e a declaração tinha sido de fato publicada numa coluna chamada Escrache. As fontes do biógrafo e pesquisador eram a “Última Hora”, na época ligada aos porões da ditadura, e uma coluna cafajeste chamada Escrache. Que eu fizesse tal declaração, em pleno governo Médici, em entrevista exclusiva para tal coluna de tal jornal, talvez merecesse ser visto com alguma reserva pelo biógrafo e pesquisador. Talvez ele pudesse me consultar a respeito previamente e tirar suas conclusões. Mas só me procuraram quando o livro estava lançado. Se eu processasse o autor e mandasse recolher o livro, diriam que minha honra tem um preço e que virei censor.
Nos anos 70 a TV Globo me proibiu. Foi além da Censura, proibiu por conta própria imagens minhas e qualquer menção ao meu nome. Amanhã a TV Globo pode querer me homenagear. Buscará nos arquivos as minhas imagens mais bonitas. Escolherá as melhores cantoras para cantar minhas músicas. Vai precisar da minha autorização. Se eu não der, serei eu o censor.

Anticomputador Sentimental - discotecagem analógica

Por Marcus Vinicius

E agora?
A Dora me chamou: quer botar vinil no Mambembe? Respondi que se aceitasse estaria em impedimento. Ela não entendeu.
Expliquei: no Mambembe só tem "menino e menina" e eu estaria muito à frente da linha dos zagueiros.
Mas, e sempre tem um, aceitei. É hoje a estreia.
Ps - Neste campo, do suporte vinil, meu "chefe" é Alan Morais.


terça-feira, 15 de outubro de 2013

Uso de imagem de criança em propaganda de empresa cearense gera polêmica

Por Hayanne Narlla

Segundo a professora de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Ceará, Glícia Pontes, a campanha chocou as pessoas devido à utilização da imagem da criança de maneira erotizada
Uma campanha publicitária da marca Couro Fino causou polêmica nas redes sociais, nesta segunda-feira (14). Os cartazes trazem a imagem de uma criança com maquiagem e acessórios de adultos.

Confira as peças



Segundo a professora de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Ceará, Glícia Pontes, a campanha chocou as pessoas devido à utilização da imagem da criança de maneira erotizada. “É recorrente o uso da imagem da criança na publicidade, mesmo em campanhas de produtos que não são para o consumo infantil. A criança chama atenção pela inocência, brincadeira, humor e, nesse caso, creio que o propósito foi chamar a atenção do público-alvo da loja, que são as mulheres adultas”.

Porém, Glícia ressaltou que a campanha infringe o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, no Artigo 37, seção que trata especificamente de crianças e adolescentes na publicidade do Brasil. “[A peça] expõe uma criança consumindo um produto de uso adulto e ainda a exibe em poses que podem ter conotação erótica, aproximando-se do padrão publicitário empregado pelas marcas de moda e de cerveja que usam esse tipo de conceito”.

“As pessoas condenaram essa imagem, porque têm a consciência de que a imagem erotiza e ridiculariza a criança. A imagem foi empregada de maneira completamente irresponsável e com muito mau gosto”, considerou.

Confira os trechos do Artigo 37, que a professora destacou para o caso:

“Os anúncios deverão refletir cuidados especiais em relação à segurança e às boas maneiras e, ainda, abster-se de:
Associar crianças e adolescentes a situações incompatíveis com sua condição, sejam elas ilegais, perigosas ou socialmente condenáveis.
Impor a noção de que o consumo do produto proporcione superioridade ou, na sua falta, a inferioridade.
Empregar crianças e adolescentes como modelos para vocalizar apelo direto, recomendação ou sugestão de uso ou consumo, admitida, entretanto, a participação deles nas demonstrações pertinentes de serviço ou produto”.

“Quando os produtos forem destinados ao consumo por crianças e adolescentes seus anúncios deverão:
Respeitar a dignidade, ingenuidade, credulidade, inexperiência e o sentimento de lealdade do público-alvo.
Dar atenção especial às características psicológicas do público-alvo, presumida sua menor capacidade de discernimento.
Obedecer a cuidados tais que evitem eventuais distorções psicológicas nos modelos publicitários e no público-alvo.
Abster-se de estimular comportamentos socialmente condenáveis”.

Resposta

A reportagem do Tribuna do Ceará entrou em contato com a empresa na noite desta segunda e na manhã desta terça-feira (15), mas não houve retorno.

http://tribunadoceara.uol.com.br/noticias/ceara/uso-de-imagem-de-crianca-em-propaganda-de-empresa-cearense-gera-polemica/

Pery Ribeiro abraça Simonal

Por Marcus Vinicius

CD duplo - homenagem de Pery Ribeiro a Wilson Simonal.