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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Rede reproduz vícios que prometia combater

Por Luiz Henrique Campos

A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao rejeitar a criação do partido Rede Sustentabilidade, na última quinta-feira, mostra o quanto é volátil o discurso em torno das práticas políticas no Brasil, mesmo partindo daqueles que são tidos como ícones do idealismo. Surgido com a intenção de propor novas formas de exercício dessa política, o Rede não resistiu ao primeiro questionamento objetivo das ações que prometia combater e, já ontem, viu-se o quanto o discurso dos seus apoiadores é frágil.

O primeiro exemplo claro foi a filiação ao Solidariedade do deputado federal Domingos Dutra (MA), que havia saído do PT apostando no novo modelo proposto pelo Rede. Ora, quais as credenciais que o Solidariedade tem que sustentam a proposta de uma nova política defendida por Dutra?

Outro episódio sintomático dessa fragilidade diz respeito ao bate-boca acontecido na madrugada de sexta-feira, após a votação no TSE, entre deputado Alfredo Sirkis (PV/RJ) e Marina. Segundo a Folha de S.Paulo, ele teria reclamado que Marina estava pensando apenas nela, esquecendo-se dos companheiros, em especial daqueles com mandatos.

Coube a Sirkis expor essas divergências publicamente em seu blog, criticando a forma de Marina fazer política. Marina tem “limitações como todos”, “às vezes falha como operadora política” e “reage mal a críticas e opiniões fortes discordantes” foram frases colocadas pelo parlamentar carioca em relação a ex-senadora. Fica patente, portanto, que a intenção de transformar os métodos na política não resiste ao jogo eleitoral em que os puritanos da Rede acabam se enrolando em seus próprios interesses. Por isso mesmo, não é de surpreender o desfecho com a decisão do TSE, negando o pedido para a criação do partido.

O fato é que a ideia da criação do Rede, surgida em fevereiro, revelou-se um interesse eleitoral enrustido, no qual o fim maior era oferecer uma candidatura imaculada dos vícios da velha política. Não conseguiram, simplesmente, por incapacidade de organização e mobilização. Sim, porque se a crítica ao grande número de partidos no Brasil é pertinente, o que dizer do Rede, que queria nascer com menos de oito meses?

http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2013/10/05/noticiasjornalopiniao,3141433/rede-reproduz-vicios-que-prometia-combater.shtml

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