Por André Barcinski
Um artista pode ser mais produtivo aos 80 anos do que aos 30? O cantor e compositor canadense Leonard Cohen, recentemente octogenário, prova que sim.
Cohen acaba de lançar Popular Problems, seu segundo álbum em dois anos (o terceiro, se contarmos o ao vivo Live in London), e tem feito as turnês mais longas e de maior sucesso da carreira. Conhecido como um perfeccionista, que leva muito tempo para terminar uma música e chega a passar cinco ou até nove anos entre discos, ele está em sua fase mais produtiva.
E pensar que tudo isso aconteceu por necessidade financeira. Em 2004, se aposentou da música para passar o resto de seus dias num monastério budista na Califórnia, quando descobriu que sua agente havia surrupiado todo seu dinheiro. A solução foi voltar à estrada.
Em 2008, Cohen anunciou sua primeira turnê em 15 anos. E uma coisa misteriosa e inexplicável ocorreu: seu público se multiplicou. De repente, ele não estava mais tocando em pequenos teatros, mas em ginásios lotados com 10 ou 15 mil pessoas. Durante sua ausência, novas gerações passaram a conhecer e amar sua música.
A turnê foi um sucesso estrondoso e rendeu o CD e DVD Live in London. E o compositor não saiu mais da estrada. Em 2012, lançou Old Ideas, seu primeiro disco de estúdio em oito anos. Suas turnês ficavam mais longas e os shows, cada vez mais extensos e emocionantes.
Tive a sorte de ver uma de suas apresentações, no Palacio de Deportes, em Madri. Mais de 14 mil pessoas lotavam o lugar. Cohen e banda tocaram por exatas quatro horas, com um intervalo de 15 minutos no meio para todos recobrarem as forças. Um tour de force comovente, em que artista e público mostraram um afeto mútuo que nunca vi em nenhum outro show.
Até o fim de 2014, ele promete divulgar datas de sua próxima turnê mundial. Vamos torcer para que finalmente inclua o Brasil.
http://www.azulmagazine.com.br/v1/?p=8598
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