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terça-feira, 20 de junho de 2017

Chico da minha vida inteira...



Por Ana Costa

Não sei qual foi a primeira música que ouvi.
Talvez, tenha sido Cálice (1978).
Só lembro que os discos de Chico Buarque tocavam, na vitrola de meu irmão Marcus Vinicius todo fim de semana, todo dia.
Era a senha para entoar a política, em tempos proibidos.
Fui entender isto só muito mais tarde.
Cantava A Banda e João e Maria como alegorias infantis.
Lembro, também, da preferida de meu pai, a Feijoada Completa.
E do Trocando em Miúdos que minha prima Cordélia Costa ouviu e cantou aqui em casa, sem perceber que reavivava as feridas da primeira tia recém divorciada.
Morena de Angola era o jeito tímido de falar de nossas origens africanas, escondidas pelo preconceito da família.
Os Saltimbancos era nossa performance com meus sobrinhos, Mateus, Bruno, LeonardoLevi , Helder e Mari ensaiada para a escola.. (Eu se pudesse seria sempre a gata)
No início da militância política o Apesar de Você virou o hino da luta pela conquista de eleições e movimentos.
Angélica acompanhava a minha leitura de Brasil Nunca Mais.
O Vai Passar era a música tocada nas festas de fim de ano.
Minha tinha Nair adorava. Tenho esse registro claro comigo.
Na descoberta dos amores e nas dores de amadurecimento, as músicas do Chico estavam sempre lá.
Eu te amo; A Mais Bonita; Olhos nos Olhos; Futuros Amantes...
Na minha vida, há inspirações do Deus lhe Pague e Roda-Viva,
O álbum Paratodos, uma homenagem ao povo brasileiro, foi um bálsamo de autoestima, em tempos turvos do neoliberalismo, em que se esquartejava o projeto de país.
Mas, hoje, a música que mais me encanta é Maninha que fala de sonhos pretéritos e esperança de futuro.
É triste e terna, desenhada na paisagem densa da ditadura. Mas, é também uma melodia de aposta no vir a ser.
Acho que é do que estamos precisando.

"Um dia ele vai embora, maninha, pra nunca mais voltar..."

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