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segunda-feira, 21 de maio de 2012

A volta do Coliseu

Ultimate Fight Championship
Por Walter Filho

Não consigo aceitar o slogan de que as lutas do Ultimate Fight Championship (UFC) são esportivas e que existem preceitos entre os lutadores. Uma das regras é poder chutar a cara do adversário – é tempo de ferocidade. Os combates são divulgados pela imprensa e por autoridades brasileiras do mundo do esporte, levando adeptos ao delírio quando um dos lutadores é espancado sem piedade – o sangue jorra no octógono.

No velho Coliseu romano era assim também, com uma diferença: o imperador decidia quem deveria morrer com um simples gesto. Naqueles bárbaros tempos havia um argumento favorável para justificar o caminho das lutas, uma vez que os combatentes eram escravos, e a arena podia significar um pouco de liberdade ou mesmo a morte.

Vejo essa selvageria como uma distorção grotesca das artes marciais, muito bem representadas por grandes mestres do jiu-jitsu, judô e boxe. No vale-tudo da nova febre o ponto alto é deixar o antagonista no chão sangrando, desacordado. Quando isso acontece o grito dos fanáticos brota como um êxtase coletivo. Não houve grandes mudanças comportamentais desde os mortais jogos da cidade eterna. Violência é passatempo, existe sempre alguém disposto a pagar.

Existe um motor que entorpece pessoas para trilharem o caminho da diversão violenta, como um poder absoluto, transformando as futuras gerações em meras marionetes.

Os aclamados “heróis” logo sentirão no corpo e na alma os efeitos de tanta pancadaria. As marcas da brutalidade em seus rostos serão indeléveis. Muitos serão esquecidos e abandonados. Todos vítimas de doenças decorrentes do esforço além do humano que fizeram, mas já será tarde demais para uma reflexão.

Há um motivador a mais nas lutas do Artes Marciais Mistas (MMA), o patrocínio de marcas que aproveitam o efeito eufórico da carnificina e vendem seus produtos, divulgando em horário nobre. Tudo é devidamente calculado com ágio no próprio sangue dos combatentes. Maligna é a propaganda: “Os Gladiadores do Futuro”, talvez fosse melhor: “Os Gladiadores” estão voltando.

Walter Filho
Promotor de Justiça

3 comentários:

Vólia Barreira disse...

Fecho com ele. Essas lutas são ridículas. Quem se presta a assistir uma besteira dessas?
Vólia Barreira

Anônimo disse...

Confesso que tem um fundo de verdade nas palavras do sr Walter, mas acho muito mais violento o futebol. O intuito do MMA é nocautear o adversario deixar sangrando mesmo, mas só o adversário, outras pessoas não. Analisemos agora o bom futebol. O objetivo é jogar a bola dentro de uma travee não bater nas pessoas, mas acontece tanta desgraça. Muito mais pessoas morrem neste esporte fajuto e pacifico do que no MMA. As pessoas nao saem do octogono e vao matar o outro da torcida do adversario, isso acontece na saida de estadios, então antes de cutucar a ferida de alguem, devemos olhar nossas prorpias "bicheiras"

Marchando disse...

Concordo, Walter!Tratar a violência como algo banal e como um espetáculo é cruel e só reforça essa lógica. Parabéns pelo texto.