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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A Ilusão da Polis

Por Rogério Lama

Se tem uma ilusão que carregamos em período eleitoral, é a de que falamos por todos. Todo nosso discurso de defesa do candidato X em detrimento do candidato Y vem carregado da aura de ¨vai ser melhor para a cidade¨. E é dessa ilusão que quero falar.

Embora eu admita que gostaria de ser convencido do contrário, todo posicionamento político é absolutamente personalista. Para cada um, tudo o que é bom para a cidade tem que ser, antes de qualquer coisa, o melhor para o indivíduo. E ai desmorona qualquer tentativa de discurso coletivista.

Como diria meu amigo Wagner Viana, “a percepção de administração municipal é incapaz de transbordar a relação pessoal que se tem com ela”. E é ai que caímos todos na vala comum. Como o câncer que redime ricos e pobres, azuis e amarelos, leão e vovô.

Nas eleições de 2012 tipifiquei algumas características dentre eleitores manifestos e os aglutinei assim:


  • Há os ocupantes de cargos comissionados, que são pressionados sobretudo pelo vencimento da própria conta de luz, muito mais do que pela convocação da prefeita e/ou governador para a campanha.

  • Temos também os autônomos que levaram calote da prefeitura e transformaram a lide em dívida de sangue. Esses preferem um qualquer um administrando a cidade ao candidato da prefeita.

  • Existem também os eleitores da ¨Fortaleza Invisível¨. Esses foram os que causaram maior espanto nas pesquisas. Não se posicionam no Facebook, nem tampouco conhecemos o nome do bairro em que moram. Desses, rapidamente de depreendeu que são burros e não sabem votar. Ora, se não sabíamos nem que existiam, de onde tiramos conclusão tão clara? A Fortaleza Invisível seguramente travou uma boa relação com a prefeitura e foi sim beneficiada de alguma forma. Escola? Posto de Saúde? Foda-se. Ninguém estava interessado neles até que o momento em que atravessaram o processo eleitoral.

  • Um outro grupo de eleitores ainda em formação é aquele que virou as costas para os terminais de integração de ônibus. Agora se locomovem de carro e sua relação com a prefeitura se resume a pleitear mais asfalto e mais estacionamento. Não faz muito tempo que motoristas da cidade se juntaram para fazer o protesto mais elitista/bizarro que já vi. Quem tinha carro pra andar, faria um desfile pela cidade a fim de mostrar para a prefeita a quantidade de buracos na nossa malha asfáltica. Ora, faltou ai um protesto dos usuários de transporte público pedindo a prefeita que varresse das ruas metade dos carros 4X4 guiados por apenas uma pessoa. 

  • Dentre outros grupos menores e não menos individualistas, está um em que me encontro. O grupo que não espera outra coisa da administração de Fortaleza que não o fomento da Arte. Fica difícil até comparar com administrações anteriores, já que a maioria das ações da prefeitura saíram do zero. O que ocorre é que hoje a prefeitura sedimentou espaços e eventos para a apreciação da arte como o Mercado dos Pinhões e o anexo utilizado para o DeVerCidade, Lago Jacarey, Anfiteatro Flavio Pontes, Parque Adahil Barreto, Passeio Publico e Mercado do Joaquim Távora para ficar em alguns. Em todos esses espaços eu pude apreciar espetáculos gratuitamente. Sem contar com o Pré Carnaval, possivelmente o evento mais democrático que essa cidade já teve. E antes que venham com a clássica esparrela, pão e circo é o caralho. A arte desenvolve sim a capacidade de critica.
  • Nesses termos, não tendo ouvido nenhuma contraproposta do candidato do PSB que me apetecesse, não me resta muito mais a refletir.

  • VOTO ELMANO 13

Texto publicado originalmente no Facebook em 27 de outubro de 2012

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