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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

JORNAL NACIONAL, UM DESSERVIÇO AO BRASIL

Por Edu Goldenberg

Não assisti, em defesa de minha saúde, o Jornal Nacional da noite de ontem, apresentado por esse sujeito que envergonha a profissão do jornalista, o apresentador do telejornal da TV Globo, William Bonner (o mesmo que, noutra ocasião, numa cena patética, forçou o choro ao anunciar a morte de seu patrão, Roberto Marinho, um dos homens que mais mal fez ao Brasil). Acompanhei, entretanto, pelo twitter, a reação dos meus diante do que foi considerado uma das maiores manipulações desta TV Globo, tão afeita a este método desde que foi fundada de forma já bastante elucidada, criada para ser instrumento de dominação midiática, de alienação, de desinformação, de desserviço.
Assisti, sim, aos minutos finais (curioso diante de tantas manifestações de revolta no microblog). Supostamente noticiando o final da primeira etapa do julgamento da Ação Penal que vem sendo chamada de “julgamento do mensalão”, valeu-se a Rede Globo de música de suspense ao fundo, congelamento de imagens pré-selecionadas, transcrição de frases supostamente impactantes proferidas pelos Ministros do STF (foi curioso perceber que nenhum dos Ministros que absolveram grande parte dos réus teve sequer ao menos uma fala reproduzida!), tudo anunciado por um casal de apresentadores que forjaram expressões de revolta e de indignação. Um nojo!
Não fossem transmitidos pela TV os julgamentos do STF (e eu sou rigorosamente contra a transmissão, sempre fui!) e o resultado desse julgamento a que me refiro teria sido outro. A espetacularização de uma sessão solene de julgamento por membros da mais alta Corte do Poder Judiciário é, em tudo, contrária à formalidade, serenidade e discrição que a atuação de um julgador exige.
Não é sobre o julgamento, seu resultado, suas conseqüências que quero falar. Quero falar sobre a podridão da Rede Globo, cogumelo de poder que Leonel de Moura Brizola, em 1989, durante a campanha para a Presidência da República, prometia “implodir com apenas uma canetada”. E faria isso, sem dúvida, o corajoso Brizola, o único homem temido pela Rede Globo.
Reproduzo, abaixo, na íntegra, o texto do direito de resposta (caso único na história da televisão brasileira!) que Leonel Brizola obteve após anos de intensa batalha jurídica nos tribunais, lido pela voz de Cid Moreira (o William Bonner da época). Recomendo que vocês releiam, adaptem para os dias de hoje as frases em negrito, a fim de que emerja novamente a autoridade do homem público que mais falta faz ao Brasil.
“Em cumprimento à sentença do juiz de Direito da 18ª Vara Criminal da Cidade do Rio de Janeiro, em ação de direito de resposta movida contra a TV Globo, passamos a transmitir a nota de resposta do sr. Leonel de Moura Brizola.
Todos sabem que eu, Leonel Brizola, só posso ocupar espaço na Globo quando amparado pela Justiça. Aqui citam o meu nome para ser intrigado, desmerecido e achincalhado, perante o povo brasileiro. Quinta-feira, neste mesmo Jornal Nacional, a pretexto de citar editorial de ‘O Globo’, fui acusado na minha honra e, pior, apontado como alguém de mente senil. Ora, tenho 70 anos, 16 a menos que meu difamador, Roberto Marinho, que tem 86 anos. Se é esse o conceito que tem sobre os homens de cabelos brancos, que os use para si. Não reconheço à Globo autoridade em matéria de liberdade de imprensa, e basta para isso olhar a sua longa e cordial convivência com os regimes autoritários e com a ditadura de 20 anos, que dominou o nosso país.
Todos sabem que critico há muito tempo a TV Globo, seu poder imperial e suas manipulações. Mas a ira da Globo, que se manifestou na quinta-feira, não tem nenhuma relação com posições éticas ou de princípios. É apenas o temor de perder o negócio bilionário, que para ela representa a transmissão do Carnaval. Dinheiro, acima de tudo.
Em 83, quando construí a passarela, a Globo sabotou, boicotou, não quis transmitir e tentou inviabilizar de todas as formas o ponto alto do Carnaval carioca.
Também aí não tem autoridade moral para questionar-me. E mais, reagi contra a Globo em defesa do Estado do Rio de Janeiro que por duas vezes, contra a vontade da Globo, elegeu-me como seu representante maior.
E isso é que não perdoarão nunca. Até mesmo a pesquisa mostrada na quinta-feira revela como tudo na Globo é tendencioso e manipulado. Ninguém questiona o direito da Globo mostrar os problemas da cidade. Seria antes um dever para qualquer órgão de imprensa, dever que a Globo jamais cumpriu quando se encontravam no Palácio Guanabara governantes de sua predileção.
Quando ela diz que denuncia os maus administradores deveria dizer, sim, que ataca e tenta desmoralizar os homens públicos que não se vergam diante do seu poder.
Se eu tivesse as pretensões eleitoreiras, de que tentam me acusar, não estaria aqui lutando contra um gigante como a Rede Globo.
Faço-o porque não cheguei aos 70 anos de idade para ser um acomodado. Quando me insulta por nossas relações de cooperação administrativa com o Governo Federal, a Globo remorde-se de inveja e rancor e só vê nisso bajulação e servilismo. É compreensível: quem sempre viveu de concessões e favores do Poder Público não é capaz de ver nos outros senão os vícios que carrega em si mesmo.
Que o povo brasileiro faça o seu julgamento e na sua consciência lúcida e honrada separe os que são dignos e coerentes daqueles que sempre foram servis, gananciosos e interesseiros.
Assina Leonel Brizola.”
Diante da iminência de ver fracassado o plano podre, com ares de golpe, que envolveu visivelmente os jornalões, a TV Globo, o STF (é triste e revoltante ver o Ministro Joaquim Barbosa, na sessão de hoje, pedindo pressa [pressa!!!!!] a seus pares no momento dos votos visando a dosimetria das penas dos condenados, querendo atender ao roteiro estabelecido para que tudo esteja terminado antes das eleições de domingo…), restou à Rede Globo o papel podre da noite de ontem (e teremos mais hoje, teremos mais na sexta, no sábado…). Teme, indubitavelmente, perder o negócio bilionário que mantêm com o tucanato no Estado de São Paulo que se vê prestes a eleger, como Prefeito da cidade de São Paulo, Fernando Haddad, do PT.
E também porque não tolera, a elite podre brasileira, a mudança efetiva – e para sempre! – que Lula e o PT trouxeram para o povo brasileiro, que há de ser lúcido e honrado, no domingo, elegendo seus representantes nas cidades em que haverá segundo turno.
Ontem, mais que nunca, gritei em pensamento: RESSUSCITA, BRIZOLA!
Se você ainda não viu o vídeo com o direito de resposta acima transcrito, assista-o aqui.
Até.


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