Por Luiz Antonio Simas
Contam
os mais velhos que Iku, a morte, resolveu matar antes da hora todas as pessoas
do povoado. Para isso montou armadilhas terríveis. Aqueles que caiam nas
armadilhas eram levados por Iku.
Desesperados,
os homens e mulheres não conseguiam deter Iku de forma alguma. Todo dia alguém
caia em uma de suas armadilhas.
Eles
resolveram perguntar ao sábio Orunmilá sobre como deter Iku. Orunmilá consultou
Ifá, o oráculo, e disse:
-
Só os Ibejis podem deter Iku.
Muitos
se assustaram com a resposta do sábio. Os Ibejis, filhos gêmeos de Oxum, eram
crianças terrivelmente levadas. Não paravam de brincar. Como, todavia, Orunmilá
não errava, os adultos foram pedir aos Ibejis que parassem a Morte. As crianças
aceitaram a tarefa, com uma condição: se derrotassem Iku, queriam receber
presentes, doces e quiabos e ninguém poderia mais mandá-las parar de brincar. O
acordo foi feito.
Os
Ibejis foram para o caminho em que Iku fazia suas vítimas, seguidos também
irmãozinho menor, chamado Idowu.
Acontece
que os Ibejis tinham um tambor encantado. E foi com o tambor que um dos gêmeos
entrou no caminho onde Iku armara suas armadilhas. O outro, bem escondido,
seguia o irmão de pertinho. Idowu, muito curioso, ía um pouquinho mais atrás.
Quando
Iku ouviu o tambor, achou tão bonito que resolveu não matar o menino que
tocava. A Morte começou a dançar, cantar e bater palmas. Mal sabia Iku que o
tambor encantado enfeitiçava os corpos, que não conseguiam mais parar de
bailar.
Iku
dançava tanto, que não percebeu que os gêmeos trocavam de lugar, para que a
música continuasse sem parar. E dançava, dançava, dançava.
Iku
se sentiu esgotada, mas não conseguia parar de dançar. Até que implorou:
-
Pare de tocar esse tambor, que eu nao aguento mais. Por favor!
Os
Ibejis, então, propuseram um acordo. Se a Morte retirasse todas as armadilhas
do caminho, eles parariam de bater tambor. Iku aceitou a proposta e jurou que
só levaria alguém quando fosse realmente a hora.
Desta
maneira, os Ibejis derrotaram a Morte, salvaram o povoado, receberam doces,
brinquedos e carurus e passaram a ser reconhecidos como grandes Orixás.
Deixaram
ainda uma lição: tambores encantados e crianças brincando são capazes de salvar
o mundo.
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