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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A arte do encontro

Por Felipe Araújo

Pedrina e os sambistas - Foto Felipe Araújo
Quem não tem Samba da Vela caça com o Lampião do Samba. E o faz muito bem, em altíssimo nível. A versão cearense da roda de samba criada em São Paulo para reunir e apresentar novos compositores – e organizada em torno de uma vela que determina a duração do encontro - nasceu em maio do ano passado e já catalogou mais de 100 músicas, apresentadas e divulgadas nos encontros quinzenais do grupo. Oficialmente, o nome do movimento é Encontro Cearense de Compositores de Samba (Eccos), criado em torno da figura da publicitária e militante do movimento negro Pedrina de Deus com o objetivo de fortalecer a união entre os autores cearenses e dar mais visibilidade a essa produção. Mas, informalmente, a turma também se reconhece como o Lampião do Samba, paródia bem-humorada da “matriz” paulistana.

Na manhã do último domingo, o Lampião do Samba tomou conta do bar Pé de Serra, localizado numa agradável pracinha na avenida Aguanambi (em frente à AMC). Uma roda de samba que muito emocionou este colunista. O mote era uma homenagem a Lauro Maia, mas a alegria dos compositores pelo encontro mútuo foi tamanha que o tributo virou uma celebração do próprio movimento. Cada qual apresentando seus sambas e, em vez de desconfiança, recebendo o canto e o entusiasmo de todos os presentes. Os sambas inéditos logo viravam velhos conhecidos do repertório. Estavam lá Carlinhos Palhano, Gugu do Cavaco, Fernando Moreno, Dragão do Cavaco, Claudemir Iluminado, Gordinho, Castelo Camurça e tantos outros bambas.

No repertório, partidos-altos, sambas de enredo, sambas de breque e sambas sincopados de alto nível. Um verdadeiro tesouro ainda insondado por rádios, TVs e pelas gerações mais novas de “pagodeiros” da Cidade – que tanto têm a aprender com aqueles veteranos. “E diz que o samba de raiz passou da idade / Olha a humildade, seu boca suja de mingau / O samba já tem paternidade / Ache sua identidade e cada qual com seu cada qual / É que já vi nego na subida que caiu / Pegando carona em barco que já partiu / A escada que você subiu um degrau / Não me leve a mal, foi a gente quem construiu”, diz o samba de Mauro Melo e Gugu do Cavaco. Que arremata: “Chamou meu samba de velho e até ´demodé´ / Falou que não é pagode e nem dá pra mexer / Respeita quem já fez por merecer / Sou apenas jovem há mais tempo que você”.

Segundo Pedrina, que recebe as reuniões do ECCOS em sua residência, a ideia é que esse encontro na praça possa se repetir em breve. Da parte deste hebdomadário balcão, fica o incentivo de que os encontros públicos se tornem rotineiros, nem que seja uma vez por mês. A roda de samba do último domingo deixou saudades...

O ECCOS se reúne quinzenalmente, às quartas-feiras, para celebrar a produção autoral cearense.

Serviço:
Pé de Serra
Onde: avenida Aguanambi (em frente à AMC)
Horário de funcionamento: de quarta a sexta, a partir de 18 horas. Outras informações: 9959 7041

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