Opinião é coisa que se tem. E cada vez mais se tem antes de se saber o suficiente sobre o assunto da vez.
Velocidades das comunicações todas, que é bom e, às vezes, não. Às vezes, de tão veloz, passa reto, não faz uma marquinha, uma ondinha na água parada.
E aí, o que poderia ser agir junto, forte, com outras ideias parecidas, vira um clube de ideias fechadas, no qual o importante é não divergir, importante é se sentir seguro, agradar.
Repare dos lados.
Os discursos vão se padronizando, pasteurizando e surgem blocos imensos de pessoas que pensam igual, isso valendo pra todas as ideologias e gostos e vontades.
Vozes dissonantes são vistas como inimigas e gente, que é bicho que vai e volta nas ideias o tempo todo, reflete, persegue o que disse pra pensar no que vai dizer, vira gente apagada. Manada é apagada. Pensamento de rebanho, seja de que lado for, só fortalece quem manda em todos.
E é pra lá que estamos indo, nessa ribanceira que caímos vertiginosamente.
Saber no raso é fácil e gera resultados imediatos. Buscas rápidas, nas primeiras páginas de pesquisas, já dá pra ter repertório interessante de termos que nos façam especialistas. Podemos usar aquele charme de que: “Ah nem tanto”; que é isso, eu só me informo.
E o kung fu das ideias que é bom, dos combates de argumentações que fritam o juízo do sabido e do receptor da sabedoria que, por sua vez, cospe outras sapiências de volta na cara, esse está meio bêbado, de bode, apagadinho o bichinho, coitado.
Ler a notícia, analisar por que ela vem pra tirar conclusões próprias e daí se partir pro combate de ideias, isso está caducando. Bom mesmo é repassar e depois ler, melhor ainda repassar, ter muita opinião e não ler. Seguir a cartilha da sua equipe de encaixe, onde você escolheu jogar, o ponto de vista de onde escolheu olhar, é o essencial nessa hora. Pouco importam nuances, contextos, vírgulas, entonações de cada acontecimento.
Importante é provar e novamente deixar claro e sem sombra de dúvidas a que time você pertence. O resto é pra que mesmo?
Saber das entranhas do assunto? Dissecar possibilidades de interpretação? Se preocupar em ser justo caso haja possíveis vítimas e algozes no inquérito da vez? Tudo bijuteria, adorno de opinião.
Bom é seguir no raso, parecer saber, ter aquela opinião quente, certeira e blindada da notícia da hora.
Bom atentar, a turba ensandecida, nós, pro que também vira tiro no pé. A faina de ter razão, transformar acontecimentos frescos em matéria pura de confirmação de discursos pode maquiar, transformar no que não é.
Não ponderar é o mais fácil.
Um fato acontecido, metido numa ideia pré-concebida sobre ele é boia. Faz nem força. Ele já vem ali, prontinho pra te servir, pra te dar razão a cada vociferação, vem educado pra ser seu número.
Fico torcendo pra gente largar mão, nem que seja um pouquinho, mas de preferência um “muitinho”, dessa soberba das ideias. Da vaidade extrema de ter sempre razão, aquela prova de pertencimento àquela equipe, pra esfregar na cara de quem é do time outro na competição da vez.
Poder voltar três casas, pensar, no silêncio da tentativa de compreensão, não necessariamente gritar opinião de pronto, poder respirar e falar, gostar de escutar, poder mudar de ideia quando ouve o outro falante.
Ou ganhar de volta o direito da desobrigação de emitir opinião formada quando mal acaba de ouvir o acontecido.
Que aconteçam nossas opiniões sempre! Mas numa velocidade que não nos anule, que não deixemos de acontecer nós mesmos, no verbo mesmo, na nossa individualidade, até o fim do acontecimento chamado nossa vida.
Velocidades das comunicações todas, que é bom e, às vezes, não. Às vezes, de tão veloz, passa reto, não faz uma marquinha, uma ondinha na água parada.
E aí, o que poderia ser agir junto, forte, com outras ideias parecidas, vira um clube de ideias fechadas, no qual o importante é não divergir, importante é se sentir seguro, agradar.
Repare dos lados.
Os discursos vão se padronizando, pasteurizando e surgem blocos imensos de pessoas que pensam igual, isso valendo pra todas as ideologias e gostos e vontades.
Vozes dissonantes são vistas como inimigas e gente, que é bicho que vai e volta nas ideias o tempo todo, reflete, persegue o que disse pra pensar no que vai dizer, vira gente apagada. Manada é apagada. Pensamento de rebanho, seja de que lado for, só fortalece quem manda em todos.
E é pra lá que estamos indo, nessa ribanceira que caímos vertiginosamente.
Saber no raso é fácil e gera resultados imediatos. Buscas rápidas, nas primeiras páginas de pesquisas, já dá pra ter repertório interessante de termos que nos façam especialistas. Podemos usar aquele charme de que: “Ah nem tanto”; que é isso, eu só me informo.
E o kung fu das ideias que é bom, dos combates de argumentações que fritam o juízo do sabido e do receptor da sabedoria que, por sua vez, cospe outras sapiências de volta na cara, esse está meio bêbado, de bode, apagadinho o bichinho, coitado.
Ler a notícia, analisar por que ela vem pra tirar conclusões próprias e daí se partir pro combate de ideias, isso está caducando. Bom mesmo é repassar e depois ler, melhor ainda repassar, ter muita opinião e não ler. Seguir a cartilha da sua equipe de encaixe, onde você escolheu jogar, o ponto de vista de onde escolheu olhar, é o essencial nessa hora. Pouco importam nuances, contextos, vírgulas, entonações de cada acontecimento.
Importante é provar e novamente deixar claro e sem sombra de dúvidas a que time você pertence. O resto é pra que mesmo?
Saber das entranhas do assunto? Dissecar possibilidades de interpretação? Se preocupar em ser justo caso haja possíveis vítimas e algozes no inquérito da vez? Tudo bijuteria, adorno de opinião.
Bom é seguir no raso, parecer saber, ter aquela opinião quente, certeira e blindada da notícia da hora.
Bom atentar, a turba ensandecida, nós, pro que também vira tiro no pé. A faina de ter razão, transformar acontecimentos frescos em matéria pura de confirmação de discursos pode maquiar, transformar no que não é.
Não ponderar é o mais fácil.
Um fato acontecido, metido numa ideia pré-concebida sobre ele é boia. Faz nem força. Ele já vem ali, prontinho pra te servir, pra te dar razão a cada vociferação, vem educado pra ser seu número.
Fico torcendo pra gente largar mão, nem que seja um pouquinho, mas de preferência um “muitinho”, dessa soberba das ideias. Da vaidade extrema de ter sempre razão, aquela prova de pertencimento àquela equipe, pra esfregar na cara de quem é do time outro na competição da vez.
Poder voltar três casas, pensar, no silêncio da tentativa de compreensão, não necessariamente gritar opinião de pronto, poder respirar e falar, gostar de escutar, poder mudar de ideia quando ouve o outro falante.
Ou ganhar de volta o direito da desobrigação de emitir opinião formada quando mal acaba de ouvir o acontecido.
Que aconteçam nossas opiniões sempre! Mas numa velocidade que não nos anule, que não deixemos de acontecer nós mesmos, no verbo mesmo, na nossa individualidade, até o fim do acontecimento chamado nossa vida.
http://www.revistadacultura.com.br/resultado/15-04-08/Jogo_das_ideias.aspx
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