Do colaborador Rogério Lama
"Queria falar dos apaixonados por música. Gente que não necessariamente a produz, mas que multiplica essa devoção que torna os atingidos artisticamente monogâmicos.
Cristiano Machado, Dedé Paixão, Marcus Feitosa, Marcus Vinicius, Raul Boeira. Se fosse capaz, escreveria um texto pra cada um. De uma forma ou de outra, todos ensinam e partilham comigo os sons que produzem e/ou escarafuncham.
Esse texto vai ser sobre o Raul Boeira.
Esse porto alegrense apaixonado por Joyce e John McLaughlin que conheci num site de troca de discos em 2004. Tempos de pirataria pesada. Nessa época jorravam Joe Pass, Barney Kessel, Irio de Paula, Martin Taylor, Emily Remler, Anthony Wilson e quejandos numa vazão incontrolável! Era difícil conciliar audições, trabalho e as viagens aos Correios pra enviar o contrabando de álbuns na CE/RS.
Para além de um ouvido absurdamente aguçado, Raul compõe. E compõe bem pra caralho. Versa entre o samba e a milonga de forma muito segura num ecletismo raro.

Sua arte começa a ganhar pernas. Ana Paula Silva, Alegre Correa e Joe Zawinul (dividiu palco com Miles Davis) estão entre alguns nomes que gravaram suas músicas. “Clariô” está no disco de Zawinul que ganhou o Grammy de Jazz Contemporâneo de 2010.
Há tempos tive o prazer de ouvir uma música que não entrou no seu disco. “Descendo a Benjamin” é uma obra instrumental na linha de “Um abraço pro Bonfá”. Linda! Bom sinal de que tem coisa boa guardada por vir.
Raul é uma jóia brasileira que o Estado ocultou em suas repartições."
Para ouvir o Raul: http://umquetenha.org/uqt/?cat=2491
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