Quem sou eu

Minha foto
Agrônomo, com interesses em música e política

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Os verdadeiros donos da folia

por Majela Lima - O Povo


Era primeiro de janeiro. A cidade toda curtia um clima de ressaca. Na Praia de Iracema, porém, a festa que viu 2011 dar adeus a 2010 já estava na lembrança. Réveillon era coisa do passado e o clima de alegria já tinha outro pretexto para não precisar sair de cena. Fortaleza ali queria era começar a brincar seu Carnaval. E começou. Reforçando uma tradição recente, o Bloco Cheiro deu início à batucada que, graças ao Nosso Senhor Jesus Cristo, esse ano só se acaba lá para março.
Foto de Edimar Soares


No entanto, havia um clima de tensão no ar. E não era coisa de estreia. Era uma tensão daquelas que a gente só sabe quando está fazendo coisa errada. Bulindo no que está quieto, como se diz. Então, a movimentação de desordem, própria do Carnaval, tinha assumido uma conotação especial. É que o Cheiro ousava circular com sua bateria pela Praia de Iracema, onde a mesma bateria nasceu e fez morada, sem autorização da Prefeitura. O receio das lideranças da agremiação era nítido. Tudo foi esclarecido aos foliões presentes e o percurso de costume foi alterado para evitar maiores transtornos.


Um dos méritos da gestão Luizianne Lins, o incentivo ao chamado Pré-Carnaval, vive esse ano sua prova de fogo. Apoiar financeiramente os blocos, como tem feito a Prefeitura, não faz do poder público o único responsável ou uma autoridade absoluta da folia. Em muito, foi isso que fez do nosso Carnaval um evento raquítico. Os anos mais sofridos da Domingos Olímpio não refletiam um desânimo dos brincantes muito menos um desinteresse da cidade pelo seu modesto Carnaval, mas, sim, a falta de trato do poder público com a folia.


A espontaneidade do Carnaval não pode ser tratada de forma burocrática. Tudo bem: a Prefeitura só tem verba para bancar um número X de etapas do Pré-Carnaval, pois saiba aproveitar e potencializar aquelas que lhe chegam de graça. É lucro! Claro, o espaço público e seu ordenamento – isso inclui limpeza, trânsito, respeito à lei do silêncio, por exemplo – devem ser prioridade tanto para quem brinca como para quem quer brincar. Quando a gente, enfim, começava a entender que não podia ser Olinda nem Salvador, querer implantar aqui a parada militar do Rio de Janeiro é um retrocesso. Viva a liberdade, viva a folia!

Nenhum comentário: