A Mosca que sonhava ser uma Águia
Augusto Monterroso
Havia uma vez uma Mosca que todas as noites sonhava que era uma Águia e que se encontrava voando pelos Alpes e pelos Andes.
Nos primeiros momentos isso a tornava louca de felicidade; mas passado um tempo lhe causava uma sensação de angústia, pois achava as asas grandes demais, o corpo pesado demais, o bico duro demais e as garras fortes demais; bom, todo esse enorme aparato lhe impedia de pousar a seu gosto sobre deliciosos pastéis ou sobre imundícies humanas, assim como apaziguar a consciência dando cabeçadas contra os vidros do quarto.
Na realidade não queria andar nas grandes alturas ou nos espaços livres, nem muito menos.
Mas quando voltava a si lamentava com toda a alma não ser uma Águia para sobrevoar montanhas e se sentia tristíssima de ser uma mosca, e por isso voava tanto, estava tão inquieta, e dava tantas voltas, até que lentamente, chegava a noite, voltava a colocar as têmporas no travesseiro.
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