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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Um presente para Fortaleza


Por José Borzacchiello da Silva

O Jardim Japonês é lindo e Fortaleza ficou muito mais engalanada com ele! Escondido por tapumes, não poderia imaginar a joia que se guardava para ser ofertada à cidade. É muito bom ver Fortaleza sendo presenteada com um mimo feito com tanto esmero e sensibilidade. O Jardim é o sinal de que nem tudo está perdido.

Há pouco mais de um mês a cidade viu-se fracionada de sua paisagem com a derrubada de 52 árvores num quarteirão da Aldeota. Agora, felizmente, ganha um espaço cênico de extrema beleza, um convite à fruição da paisagem e à contemplação. Localizado na Volta da Jurema o projeto do jardim tirou partido do declive do terreno, criando vários ambientes. Senti-me num labirinto agradável, cheio de surpresas.

Aqui uma parede repleta de verde com pontos de saída de água, mantendo a umidade e um ruído agradável - um verdadeiro deleite para os sentidos, ali um espaço mais recolhido que parece afastar-nos do dinamismo urbano.

No alto, em vermelho, uma ponte de madeira, tão característica dos jardins nipônicos. Coroando a topografia do terreno, em meio a um ambiente extremamente mineralizado com rochas coloridas, um coreto, espécie de templo ou pagode, convida-nos a uma parada.

Do Jardim, belos ângulos do mar, da Volta da Jurema, do Calçadão. O entorno verticalizado não impede que os olhares sejam voltados para os detalhes de seu interior.

Nos seus 285 anos, em meio a tanta obra e destroços provocados pela severa estação invernosa, Fortaleza poderia comemorar muito considerando seus feitos e conquistas. Infelizmente, nossa cidade parece esquecer suas agruras, diante dos primeiros raios de sol.

Independente da precariedade de infra-estrutura e serviços, a cidade não para. Enquanto materialidade, a cidade é um objeto que se constrói e se destrói simultaneamente. Em Fortaleza essa relação contraditória é visível. São muitas as obras em andamento. São muitos os transtornos que atrapalham o cotidiano de todos. Obras de drenagem, ajustes viários, Metrofor, Centro de Feiras, Transfor, Vila do Mar, Estádios do Castelão e Presidente Vargas, entre outros. Em meio a tudo isso, Fortaleza recebeu seu Jardim com uma belíssima queima de fogos.

Está de parabéns a cidade que ganhou um presente tão delicado. Ganhamos todos nós. Primeiro pela grandeza do gesto, provando que juntos, os setores público e privado, podem fazer muita coisa. O Jardim Japonês terá manutenção cara. É requintado na sua concepção e paisagismo, o que exige cuidados especiais. Que todos cuidem dele e não se esqueçam dos outros espaços de entretenimento e lazer de Fortaleza.


José Borzacchiello da Silva - Geógrafo e professor da Universidade Federal do Ceará
borza@secrel.com.br

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