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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Cauby Peixoto, 80 anos (1) - 10 de Fevereiro de 2011

Por Pedro Alexandre Sanches @pdralex , repórter especial iG Cultura


"O homem que completa 80 anos nesta quinta-feira (10 de fevereiro) gosta de se resguardar e de poupar ao máximo as energias que armazena. Anda em passos curtos. Prefere ficar sentado que de pé. Responde com frases curtas às perguntas daqueles que se amontoam ao seu redor numa segunda-feira, o único dia da semana em que ele costuma, religiosamente, sair de casa. “Olha, eu gostaria de sair mais se pudesse, se não fizesse mal. Beber, por exemplo, eu não bebo, porque sei que não é bom”, explica o resguardo, no dia da exceção.
Em algum momento da noite ele soltará de vez a voz, conhecida Brasil afora há 60 anos. E provará que ela, a voz, é a única coisa que ele, o cantor, extravasa sem economia de esforço. Niteroiense radicado em São Paulo, Cauby Peixoto mantém-se há oito anos em temporada contínua no igualmente histórico Bar Brahma, de São Paulo. É ali que ele dissipa a energia ainda acumulada no auge de seus 80 anos.
Na noite de 17 de janeiro, o mítico compositor paulista Paulo Vanzolini abrilhanta a plateia do bar, o que confere simbolismo extra à “cena de sangue num bar da avenida São João” de "Ronda", interpretada por Cauby três vezes durante o show, em português e em espanhol. A voz de trovão, acredite, está em grande medida preservada. Imóvel, Cauby faz ela verter pelo salão como se fosse o sangue do verso de Vanzolini. A plateia retribui acenando-lhe lenços brancos improvisados em guardanapos de papel. Ele devolve o gesto e o afeto, balançando em gestos mínimos seu lenço de linho.

“Eu não bebo, não me aborreço muito, tenho uma vida tranquila. Cuido muito de mim, sabe?”, Cauby explica o inexplicável, o fato de ele conseguir ser o único artista brasileiro de sua idade que mantém uma rotina intensa de apresentações e de contato direto com o público. O cantor de "Conceição" chega às 21h30 para o show que começará por volta de 22h30. Entra nas dependências do bar pelo anexo conhecido como Brahminha, atualmente desocupado, onde é montado seu camarim, à base do improviso e da simplicidade.
Concede mini-entrevistas antes de iniciar o show - não gosta de desperdiçar saliva fora do palco, a não ser na hora de contar quais músicas pretende selecionar para o disco de releitura de rocks dos Beatles, que lançará na sequência dos recentes álbuns devotados aos repertórios de Frank Sinatra e Roberto Carlos. Em vez de citar títulos como "Help", "Yesterday" e "Michelle", prefere fazer charme, entoando trechos das letras em pronúncia, sotaque e entonação 100% Cauby Peixoto.
As gravações mais antigas de Cauby datam de 1951, e sua trajetória resulta espetacular também pela época peculiar em que conseguiu se impor como artista. Eram os anos 1950, provavelmente o mais extenso e intenso período de transição da música brasileira do século passado.
Havia um mundo que envelhecia, dos sambas-canção românticos, derramados e cantados com toda a força do peito por coriscos vocais como Dalva de Oliveira, Nelson Gonçalves e Angela Maria. Ao mesmo tempo, um novo mundo eclodia, nas vozes estranhamente mansas e gentis de Dick Farney, Lúcio Alves, Johnny Alf, Dolores Duran, Tito Madi, Elizeth Cardoso, Maysa. Essa nova categoria de cantores prenunciava a chegada da da bossa nova, que só aconteceria em 1958.
Cauby pertencia à primeira turma, da cabeça aos pés, passando pela garganta em nada precursora da bossa. Quando surgissem João Gilberto e seus seguidores, ao final da transição, o Brasil aprenderia que Cauby, com 20 anos em 1951, já nascera velho como cantor.
Até por essa peculiaridade, ele pode entrar no salão do Bar Brahma em 2011, cercado de seguranças rombudos, pairar por sobre as décadas como se não pertencesse a nenhuma delas - e ainda causar tumulto numa plateia em que prevalecem contemporâneos seus, mas em meio à qual despontam uns tantos nas faixas etárias dos 40, dos 30, até dos 20 anos.
“Essas meninas cresceram e não deixaram de ser minhas fãs”, filosofa Cauby, antes mesmo de pousar os olhos no público do dia. “Acho que só quando eu desafinar é que deixarei de ter fãs. Enquanto eu tiver voz, eu terei o aplauso delas.” Resistem nele a confiança na própria afinação e o imaginário forjado pelo maranhense Di Veras, seu empresário, tutor e pai postiço praticamente o tempo inteiro, desde o início do pupilo até a morte, em 2000. Foi Di Veras quem desenvolveu, logo no princípio, a mística do Cauby arrasador de corações, provocador de desmaios entre as fãs adolescentes, galã caboclo quase hollywoodiano."


http://migre.me/3QENw





Ne Me Quitte Pas (Jacques Brel)

Ne me quitte pas, Il faut oublier,
tout peut s'oublier qui s'enfuit deja.
Oublier le temps des malentendus
et le temps perdu a savoir comment.
Oublier ces heures qui tuaient parfois a coups de pourquoi
le coeur du bonheur
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas

Moi je t'offrirai, des perles de pluie venues de pays
ou il ne pleut pas
Je creusrai la terre jusqu'apres ma mort
pour couvrir ton corps d'or et de lumiere
Je f'rai un domain ou l'amour sera roi
ou l'amour sera loi ou tu sera reine.
Ne me quitte pas
Ne quitte pas

Ne me quitte pas Je t'inventerai
Des mots insensés que tu comprendras
Je te parlerai De ces amants-là
Qui ont vue deux fois Leurs coeurs s'embraser
Je te racontrain L'histoire de ce roi
Mort de n'avoir pas Pu te rencontrer
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas

On a vu souvent Rejaillir le feu
De l'ancien volcan
Qu'on croyait trop vieux Il est paraît-il
Des terres brûlées Donnant plus de blé Qu'un meilleur avril
Et quand vient le soir Pour qu'un ciel flamboie
Le rouge et le noir Ne s'épousent-ils pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas Je ne vais plus pleurer
Je ne vais plus parler Je me cacherai là
A te regarder Danser et sourire
Et à t'écouter Chanter et puis rire
Laisse-moi devenir L'ombre de ton ombre
L'ombre de ta main L'ombre de ton chien
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas

Versão de Fauto Nilo 


Não me deixes mais (Jacques Brel - Fausto Nilo0
Não me deixes mais
Vamos esquecer, tudo que passou, que ficou pra trás
Esquecer o tempo dos mau entendidos
O tempo perdido
Em pensar demais
Esquecer as horas que quase mataram
De dúvida e medo
A felicidade
Não me deixes mais, não me deixes mais, não me deixes mais
Vou te oferecer
Pérolas que vi
Chover num país
Onde não chove mais
Revolver a terra, muito além da morte
Dourar o teu corpo
Onde ele estiver
Onde eu viverei
O amor será rei, o amor será lei
E tu reinarás
Não me deixes mais, não me deixes mais, não me deixes mais
Não me deixes mais
Que eu inventarei
Palavras sem nexo
E tu compreenderas
Pra falar de amantes
Que por muitas vezes
Sentiram seu próprio coração queimar
Eu vou te contar
A história de um rei
Que morreu tão triste
Por nunca te encontrar
Não me deixes mais, não me deixes mais, não me deixes mais
Dizem que é comum
Renascer o fogo
De um velho vulcão
Que não arde mais
Também já se viu
Em terras destruidas renascer mais trigo
Que no melhor abril
E pra se inflamar
Uma tarde no ar, o vermelho e o negro
Não se casam jamais
Não me deixes mais, não me deixes mais, não me deixes mais
Não me deixes mais
Eu não vou chorar, não vou mais falar, vou ficar em paz
Quero só te viver
Dançar e sorrir
Quero te ouvir
Cantar e falar
Deixa-me existir à sombra da tua sombra
À sombra da tua mão
À sombra do teu cão
Não me deixes mais, não me deixes mais, não me deixes ...

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