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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Graveyard

Por Rogério Lama

O ano de 1973 foi  sem precedentes para a música. O Black Sabbath chegava ao ápice da sua criatividade com o “Sabbath Bloody Sabbath”, o Led Zeppelin dava uma guinada no seu som com o “Houses of the Holy” e o Pink Floyd paria nada menos do que o “The Dark Side of the Moon”. Num caldeirão como esse, a chance de que alguma preciosidade se perca em meio à obras fundamentais como essas aumenta substancialmente. O Graveyard foi uma vítima dessas circunstâncias.

Formada em Manchester por Don Sykes (vocal), Joe Fish (guitarra), Mick Winter (baixo) e Madson May (bateria), o Graveyard engrossa a lista de bandas formadas por filhos de operários de fábricas inglesas. Uma curiosidade é que Mick Winter e Madson May, antes de serem convidados a participar da banda, nunca haviam empunhado um instrumento musical, o que fez os primeiros ensaios parecerem aulas de iniciação musical.

O primeiro álbum, gravado em 70 é um apanhado de nove ótimas canções de qualidade incomum para uma banda que não resistiu ao tempo. O disco não rendeu mais do que uma turnê pelas ilhas britânicas acompanhando o Road, banda que contava à época com Noel Readding. Em 1973 lançam o seu segundo álbum, intitulado Hisingen Blues, um dos mais impressionantes álbuns de hard rock já produzidos. O clima sombrio das composições nos remetem ao Vincebus Eruptum do Blue Cheer, num ponto onde é difícil separar o que é Hard Rock e o que é Blues . Em 74, Joe Fish começa um relacionamento amoroso com a mãe de Don Sykes, um mês após a morte do pai de Don, que tinha um bom seguro a receber. O clima na banda desandou e eles se separaram.


Bom, se alguém ainda não notou, tudo o que foi dito aqui sobre o Graveyard nunca aconteceu, mas teria todo o caudal para ser uma banda surgida no cinza das cidades industriais inglesas. Eles vieram da Suécia e surgiram em 2006. Com dois álbuns gravados, Hisingen Blues foi lançado em 2011, mas gravado de forma totalmente analógica. A banda não se apropria de elementos do hard rock setentista pra produzir o seu som. Essa estética é a sua espinha dorsal e o seu norte, o que torna o seu som autêntico e longe de ser caricato. Os anos setenta ainda têm recados para dar e o Graveyard é o seu principal arauto. Reserve 40 minutos do seu dia, sente na rede, acenda o seu cigarro e viaje barato para uma das épocas mais fecundas da história da música.

2 comentários:

Bruno disse...

Gostei muito da indicação! Mas prefiro acreditar na primeira história, porque pensar que a banda é da nossa época parece anacronismo. Valeu Rogério

Rogério disse...

Salve, Bruno!
Interessante você dizer isso, pois também é um anacronismo meio torto quando o ouvinte de 2011 é reportado de forma tão intensa para a época da primeira história!

Grande abraço, camarada!