Quem sou eu

Minha foto
Agrônomo, com interesses em música e política

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Personagens da tradição que se constrói

por Liana Costa

DILSON PINHEIRO

O moleque de dez anos de idade guardava o costume de acompanhar o pai-fotógrafo durante as coberturas jornalísticas pelo Centro da cidade. No mês de fevereiro, o destino eram os festejos de Carnaval. “Desde pequeno eu tenho esse contato com a rua, com a avenida”, lembra o carnavalesco Dilson Pinheiro, hoje aos 57 anos. No fim da adolescência, a brincadeira virou ofício. O garoto aprendeu a fazer samba e tornou-se carnavalesco das principais escolas da Capital. Em 1994, deixou as festas mominas para dedicar-se à folia que antecedia o Carnaval e ganhava cada vez mais força em Fortaleza: o Pré-Carnaval. O Quem é de Benfica, bloco criado com a ajuda de um grupo de amigos, foi o primeiro a trazer a folia para o bairro, atual recanto dos blocos carnavalescos da cidade. Hoje, Dilson comanda o seu Num Ispaia Sinão Ienchi, na Praia de Iracema, e chega a arrastar quase quatro mil pessoas em épocas de Pré. Seguro, o carnavalesco sabe: ajudou a formar uma geração de foliões. “As pessoas trocaram o tumulto por serpentina. As famílias vão levando as crianças. É essa geração que daqui a 20 anos vai continuar brincando o Carnaval”.

GILDO MOREIRA

Em 1998, a rua Marechal Deodoro, a antiga rua da Cachorra Magra, viu surgir uma animada bateria de escola de samba que resolveu carregar no nome uma homenagem ao lugar. Morador da Cachorra Magra, Gildo Moreira, 58 anos, se juntou a um grupo de vizinhos para criar a batida da Porra da Cachorra. A festa fez sucesso e começou a atrair foliões de outros bairros. “A rua já não comportava mais toda aquela gente”, pontua Gildo. Em 2005, o bloco ganhou novos nomes e endereços. Foi o Unidos da Cachorra, lembra o presidente do bloco, o primeiro a desfilar pelas bandas do aterrinho da Praia de Iracema, hoje circuito oficial do Pré-Carnaval da cidade. O bloco fez escola – e escolinha – entre as agremiações do Pré. Apostou na formação de ritmistas, reunindo uma equipe que, atualmente, conta com mais de 180 integrantes. “Nós somos uma bateria muito querida e popular, que faz um samba irreverente e se sente bem. Eu sinceramente tenho três amores na vida: esposa, filho e a Unidos da Cachorra”, arremata.

MARCUS VINÍCIUS

“Na época, éramos uns quarentões que gostavam mais de concentrar e tomar um uísque ou uma cervejinha do que passear por aí”, lembra Marcus Vinícius de Oliveira, 57 anos. Em 2001, inspirado na experiência do bloco Quem é de Benfica, os tais quarentões criaram o Concentra Mas Não Sai, que, em seus primeiros Pré-Carnavais, fez a festa nas ruas do Papicu e nas proximidades do Mercado dos Pinhões. Há sete anos, o Concentra encontrou seu lar atual: a Praça do Ferreira. “Somos um dos únicos blocos a dialogar com o Centro da cidade. O grande charme do bloco é ficar concentrado. Juntamos todo mundo em uma festa de graça”, comenta Marcus, coordenador do bloco que chega a reunir 10 mil pessoas nos sábados de folia. Além do bloco que ajudou a fundar, Marcus é responsável ainda por outras raízes do Pré-Carnaval de Fortaleza: dois dos integrantes do bloco Luxo da Aldeia, os músicos Bruno e Mateus, são seus filhos. “Ao longo de um mês você tem folia garantida, pública e gratuita. O Pré-Carnaval ainda é o grande lance da cidade”.

Nenhum comentário: