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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Cris Aflalo - No automóvel não (Xerêm e Zé Trindade)



Cris Aflalo é cantora paulista que dedicou seu primeiro CD - Só Xerêm, gravado em 2003 - ao repertório de seu avô cearense, Xerêm (1911 - 1979), nome artístico do cantor e compositor Pedro de Alcântara Filho.

Quem é Xerêm (Por Maurício Pereira)

"Imagine o Brasil nos anos 30, 40, 50. Imagine um cearense que desde criança já era artista e estava na estrada com a trupe de sua família, a Troupe do Pequeno Edson. E aos 20 anos no Rio, e do Rio para todo o Brasil.
Um artista que tocou, cantou, atuou e apresentou programas nas grandes rádios como a Nacional, a Tupi, a Mayrink Veiga, a Piratininga, a Bandeirantes, ao lado de grandes nomes como Capitão Furtado, Alvarenga e Ranchinho, César Ladeira, Ademar Casé.
Um artista que atuou no teatro de revista, ao lado de astros como Dercy Gonçalves, Oscarito, Brandão Filho, Eva Todor.
Imagine que esse artista é também um compositor, sendo parceiro de nomes como Capitão Furtado, Pedro Sertanejo, Zé Trindade, Joracy Camargo, e tendo sido gravado por artistas como Aracy de Almeida, Alvarenga e Ranchinho, Moreno e Moreninho, Zé Trindade, Dilú Mello.
E imagine também que esse artista foi também ator de cinema, tendo trabalhado com Alvarenga e Ranchinho, Zé Trindade, Walter D’Avila, Jararaca e Ratinho. Pois esse é o avô da Cris, o multiartista cearense Xerêm (*1911 - +1979)."

Farol - A rua em revista


A rua em revista
Por Ethel de Paula
Em sua sexta edição, a revista Farol, publicação da Prefeitura Municipal de Fortaleza, editada através de sua secretaria municipal de cultura, amalgama histórias de vida, cama, mesa e banho. De cama, ou melhor, sobre um jeito todo particular de deitar e dormir, quem fala é o vendedor ambulante Cícero Araújo Soares, que desde 1982 trança com as próprias mãos redes tarrafinhas vendidas a preços honestos na esquina da Praça do Ferreira. De mesa, ou de como a culinária ensina a ver e “ler” o mundo, quem trata são as mulheres do Poço da Draga que aprenderam a soletrar cozinhando. De banho, ou de um jeito próprio de se higienizar e compor o visual, quem deixa escapar é o poeta errante Mário Gomes, cuja indumentária é mote para um exercício de compreensão acerca do belo e dos modismos vigentes.
Farol também passa em revista o que pode o riso quando desconectado dos clichês e do grotesco. De perto, ao vivo e em cores, alguns dos representantes do humor espontâneo e até ingênuo, aquele nascido e criado nas ruas, contam sobre o preparo de cada elogio à comicidade inteligente, tendo como principal ferramenta a reconhecida presença de espírito tipicamente cearense. Arrochando o nó do todo bem-humorado e em franco diálogo com a galhofa reinante, a entrevista do jornalista Xico Sá com o humorista Falcão é uma hilária conversa entre inspirados mestres da gaiatice cabeça-chata.
Do riso ao pesar é um passar de páginas. No dia de visitas do presídio feminino, Farol abriu passagem para os relatos de detentas e familiares, no esforço por captar a intensidade das poucas horas de contato direto entre o dentro e o fora. Um olho em quem se prepara para visitar e espera conviver novamente. Outro em quem está enclausurado e reinventa tempo e espaço. E toda a atenção voltada para o arsenal de sentimentalidades à solta, os claros e escuros extra-muros, comuns a todos.  
Comum a todos e demasiado humano também é o que resplandece à flor da pele de quem cultua e faz tatuagem. Supercoloridos e prenhes de significados, os corpos ilustrados estão no centro da reportagem de capa da revista Farol. São telas vivas em movimento exibindo imagens que valem mais do que mil palavras, potencialmente capazes de exteriorizar intimidades e subjetividades diversas.
Com lançamento marcado para a próxima sexta-feira, dia 02 de setembro, no Passeio Público, a sexta edição da revista Farol vem afirmar uma política de comunicação pública para a cultura voltada à valorização da memória e à difusão das narrativas e bens simbólicos dos moradores da cidade. Enfatizando as histórias de vida, a oralidade, as singularidades ignoradas pela chamada história oficial e as existências comuns soterradas em meio aos estereótipos da contemporaneidade, a publicação flerta justamente com a capacidade imemorial que cada indivíduo tem de narrar e narrar-se.
À luz da grande reportagem e do texto narrativo, próximo da crônica, a revista passa ao largo da agenda oficial da indústria do espetáculo e da cobertura meramente factual para dar visibilidade ao acontecimento atemporal e (extra)ordinário. Apostando na reinvenção da figura do repórter flâneur, o cronista andarilho para quem a cidade é uma espécie de caleidoscópio, e não uma massa de concreto amorfo, o foco recai justamente sobre a pulsação das ruas, a dinâmica interna dos bairros, os modos de viver, fazer, criar, pensar, festejar, trabalhar e transcender de grupos sociais e indivíduos que também reinventam o próprio cotidiano. Assim, Farol é um convite à polifonia das muitas cidades - visíveis ou não - que existem em uma só.
SERVIÇO: 
Lançamento da sexta edição da revista Farol. 
Quando - 02 de setembro, de17h às 22h.
Local - Passeio Público