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terça-feira, 28 de junho de 2011

Saí da Tua Alcova (Noel Rosa)


Por Alfredo Pessoa

"Noel Rosa várias vezes foi enxotado por um coronel, que morava na mesma vila de sua namorada Clara, sob acusações de vagabundo e outros impropérios.
Noel para se vingar convocou o colega Malhado, um chofer de praça, que tinha um vozeirão e sonhava com a carreira musical. 
Noel convenceu Malhado afirmando que na varanda do militar tinham duas donzelas que acordariam extasiadas ouvindo os versos da composição de palavras difíceis e que o cantor, um homem simples, não entendia o significado.
Noel depois de ensinar a valsa falou... “Malhado, vou dar o tom do outro lado da rua pra dar mais destaque a sua voz”... Noel dedilhou a primeira nota e Malhado soltou o nó da garganta, assim:

Am7                                           E7         Am7                                       
“Eu saí da tua alcova com o prepúcio dolorido
                         Em5-/7                     
Deixando teu clitóris gotejante
A7                          Dm7
De volúpia emurchecido
Bm5-/7          E7               Am7
Porém o gonococus da paixão
                                 Bb7
Aumentou minha tensão...”

O ingênuo cantor mal pode terminar a estrofe e o milico já levantou atirando.
Noel gritou... “corre Malhado”, chegando a um lugar seguro Malhado perguntou... 
“O que foi isso meu amigo” e o sarcástico poeta respondeu... 
“Pra você ver, Malhado, o que é a falta de sensibilidade dessa gente”.

Extraído do Livro Noel Rosa - Poeta da Vila, Cronista do Brasil de Luiz Ricardo Leitão. Ed. Expressão Popular, S. Paulo, 2ª Edição, 2011.

Henrique Cazes também conta o causo num disco gravado ao vivo com Cristina Buarque intitulado “Sem Tostão, a Crise não é Boato – Canções de Noel Rosa (1995). Kuarup discos.

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