Por Alfredo Pessoa
"Noel Rosa várias vezes foi enxotado por um coronel, que morava na mesma vila de sua namorada Clara, sob acusações de vagabundo e outros impropérios.
Noel para se vingar convocou o colega Malhado, um chofer de praça, que tinha um vozeirão e sonhava com a carreira musical.
Noel convenceu Malhado afirmando que na varanda do militar tinham duas donzelas que acordariam extasiadas ouvindo os versos da composição de palavras difíceis e que o cantor, um homem simples, não entendia o significado.
Noel depois de ensinar a valsa falou... “Malhado, vou dar o tom do outro lado da rua pra dar mais destaque a sua voz”... Noel dedilhou a primeira nota e Malhado soltou o nó da garganta, assim:
Am7 E7 Am7
“Eu saí da tua alcova com o prepúcio dolorido
Em5-/7
Deixando teu clitóris gotejante
A7 Dm7
De volúpia emurchecido
Bm5-/7 E7 Am7
Porém o gonococus da paixão
Bb7
Aumentou minha tensão...”
O ingênuo cantor mal pode terminar a estrofe e o milico já levantou atirando.
Noel gritou... “corre Malhado”, chegando a um lugar seguro Malhado perguntou...
“O que foi isso meu amigo” e o sarcástico poeta respondeu...
“Pra você ver, Malhado, o que é a falta de sensibilidade dessa gente”.
Extraído do Livro Noel Rosa - Poeta da Vila, Cronista do Brasil de Luiz Ricardo Leitão. Ed. Expressão Popular, S. Paulo, 2ª Edição, 2011.
Henrique Cazes também conta o causo num disco gravado ao vivo com Cristina Buarque intitulado “Sem Tostão, a Crise não é Boato – Canções de Noel Rosa (1995). Kuarup discos.
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