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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Uma carta musical - Dona Mocinha


Por Felipe Araújo
"A tristeza é senhora, desde que o samba é samba é assim”. Mas ontem, “a emoção foi geral”. Ela “agora está na eternidade. Na avenida da saudade, esperando a comissão do astral, pro julgamento final”. “Foi que o menino Deus chamou. E ela se foi pra cantar, para além do luar, onde moram as estrelas. E a gente fica a lembrar. Vendo o céu clarear, na esperança de vê-la”. Querida Dona Mocinha, “que falta faz sua alegria Sem você, meu canto agora é só melancolia”.

Recebeu “as flores em vida, o carinho, a mão amiga” de todos seus filhos e afilhados. Semeou “alegria, pra cantar a batucada”, “pra deixar de padecer”. “Se é pecado sambar”, a Deus pediu perdão. Não podia evitar “a tentação de um samba dolente que mexe com a gente”. Quis “sambar até morrer”. Amor “era o seu ambiente”.

“Hoje somos folha morta, metais em surdina. Fechada a cortina, vazio o salão”. “Mágoas, tudo passa com o tempo. Lágrimas são as pedras preciosas da ilusão”. Dona Mocinha tratava “com ternura o sofrimento”. E afastava “a solidão”. Agora que se “chama saudade”, “não precisa de vaidade, quer preces e nada mais”. “Naquela mesa está faltando” ela. Mas “o show tem de continuar”. “Até um dia”.

Felipe Araújo, repórter especial de O POVO e sambista

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