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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Vingança - Lupicinio Rodrigues

O imenso Jamelão canta Vingança de Lupicinio Rodrigues.


Vingança (Lupicinio Rodrigues)

Eu gostei tanto,
Tanto quando me contaram
Que lhe encontraram
Bebendo e chorando
Na mesa de um bar,
E que quando os amigos do peito
Por mim perguntaram
Um soluço cortou sua voz,
Não lhe deixou falar.
Eu gostei tanto,
Tanto, quando me contaram
Que tive mesmo de fazer esforço
Prá ninguém notar.
O remorso talvez seja a causa
Do seu desespero
Ela deve estar bem consciente
Do que praticou,
Me fazer passar tanta vergonha
Com um companheiro
E a vergonha
É a herança maior que meu pai me deixou;
Mas, enquanto houver força em meu peito
Eu nao quero mais nada
Só vingança, vingança, vingança
Aos santos clamar
Ela há de rolar como as pedras
Que rolam na estrada
Sem ter nunca um cantinho de seu
Pra poder descansar

O Elefante - Fausto Nilo e Robertinho do Recife

Via Bruno Perdigão

SACI - GUINGA E PAULO CÉSAR PINHEIRO

Via Eva Caldas





SACI (GUINGA E PAULO CÉSAR PINHEIRO)

Quem vem vindo ali
É um preto retinto e anda nu
Boné cobrindo o pixaim
E pitando um cachimbo de bambu

Vem me acudir
Acho que ouvi seu assovio
Fiquei até com cabelo em pé
Me deu arrepio, frio

Quem vem vindo ali
Tá capengando numa perna só
Só pode ser coisa ruim
Como bem dizia minha vó

Diz que ele vem
Montado num roda-moinho
Já sei quem é, já vi seu boné
Surgir no caminho

Quando ele vê que eu´me benzi
E que eu me arredo, cruz credo
Solta uma gargalhada
Some na estrada
É o Saci

Saci Pererê

Por Ziraldo


todo ano ele vem


Por Leonardo Soares

Do excelente blog: http://chiarosscuro.blogspot.com.br/

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A Ilusão da Polis

Por Rogério Lama

Se tem uma ilusão que carregamos em período eleitoral, é a de que falamos por todos. Todo nosso discurso de defesa do candidato X em detrimento do candidato Y vem carregado da aura de ¨vai ser melhor para a cidade¨. E é dessa ilusão que quero falar.

Embora eu admita que gostaria de ser convencido do contrário, todo posicionamento político é absolutamente personalista. Para cada um, tudo o que é bom para a cidade tem que ser, antes de qualquer coisa, o melhor para o indivíduo. E ai desmorona qualquer tentativa de discurso coletivista.

Como diria meu amigo Wagner Viana, “a percepção de administração municipal é incapaz de transbordar a relação pessoal que se tem com ela”. E é ai que caímos todos na vala comum. Como o câncer que redime ricos e pobres, azuis e amarelos, leão e vovô.

Nas eleições de 2012 tipifiquei algumas características dentre eleitores manifestos e os aglutinei assim:


  • Há os ocupantes de cargos comissionados, que são pressionados sobretudo pelo vencimento da própria conta de luz, muito mais do que pela convocação da prefeita e/ou governador para a campanha.

  • Temos também os autônomos que levaram calote da prefeitura e transformaram a lide em dívida de sangue. Esses preferem um qualquer um administrando a cidade ao candidato da prefeita.

  • Existem também os eleitores da ¨Fortaleza Invisível¨. Esses foram os que causaram maior espanto nas pesquisas. Não se posicionam no Facebook, nem tampouco conhecemos o nome do bairro em que moram. Desses, rapidamente de depreendeu que são burros e não sabem votar. Ora, se não sabíamos nem que existiam, de onde tiramos conclusão tão clara? A Fortaleza Invisível seguramente travou uma boa relação com a prefeitura e foi sim beneficiada de alguma forma. Escola? Posto de Saúde? Foda-se. Ninguém estava interessado neles até que o momento em que atravessaram o processo eleitoral.

  • Um outro grupo de eleitores ainda em formação é aquele que virou as costas para os terminais de integração de ônibus. Agora se locomovem de carro e sua relação com a prefeitura se resume a pleitear mais asfalto e mais estacionamento. Não faz muito tempo que motoristas da cidade se juntaram para fazer o protesto mais elitista/bizarro que já vi. Quem tinha carro pra andar, faria um desfile pela cidade a fim de mostrar para a prefeita a quantidade de buracos na nossa malha asfáltica. Ora, faltou ai um protesto dos usuários de transporte público pedindo a prefeita que varresse das ruas metade dos carros 4X4 guiados por apenas uma pessoa. 

  • Dentre outros grupos menores e não menos individualistas, está um em que me encontro. O grupo que não espera outra coisa da administração de Fortaleza que não o fomento da Arte. Fica difícil até comparar com administrações anteriores, já que a maioria das ações da prefeitura saíram do zero. O que ocorre é que hoje a prefeitura sedimentou espaços e eventos para a apreciação da arte como o Mercado dos Pinhões e o anexo utilizado para o DeVerCidade, Lago Jacarey, Anfiteatro Flavio Pontes, Parque Adahil Barreto, Passeio Publico e Mercado do Joaquim Távora para ficar em alguns. Em todos esses espaços eu pude apreciar espetáculos gratuitamente. Sem contar com o Pré Carnaval, possivelmente o evento mais democrático que essa cidade já teve. E antes que venham com a clássica esparrela, pão e circo é o caralho. A arte desenvolve sim a capacidade de critica.
  • Nesses termos, não tendo ouvido nenhuma contraproposta do candidato do PSB que me apetecesse, não me resta muito mais a refletir.

  • VOTO ELMANO 13

Texto publicado originalmente no Facebook em 27 de outubro de 2012

Erasmo Carlos - É Preciso Dar Um Jeito Meu Amigo.

Por Márcio Caetano


"eu queria dizer tanta coisa ... mas vou só cantar essa música .. escutem que ela me diz ____ bjs"




Erasmo Carlos - É Preciso Dar Um Jeito Meu Amigo

Eu cheguei de muito longe
E a viagem foi tão longa
E na minha caminhada
obstáculos na estrada mas enfim aqui estou

Mas estou envergonhado
Com as coisas que eu vi
Mas não vou ficar calado no conforto
acomodado como tantos por aí

É preciso dar um jeito, meu amigo
É preciso dar um jeito, meu amigo

Descansar não adianta
Quando a gente se levanta quanta coisa aconteceu

As crianças são levadas pela mão de gente grande
Quem me trouxe até agora me deixou
e foi embora como tantos por aí

é preciso dar um jeito, meu amigo
é preciso dar um jeito, meu amigo

Descansar não adianta
quando a gente se levanta quanta coisa aconteceu...

Mente quieta, espinha ereta, coração traquilo.

Por Felipe Araújo
Alô, rapaziada boa, vamos pra vida. E pra luta! Tempos muito, muito difíceis virão. Mas a gente tem a música, a poesia e os afetos verdadeiros. Fiquemos todos, como Walter Franco, com a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo. Mas sempre vigilantes e fortes. Renovemos todos os dias nosso compromisso real com o popular, o honesto, o belo e o fraterno. Somos metade de uma cidade linda. Somos a banda mais linda da Cidade. Somos tantos, então. Faz escuro mas eu canto. A partir de hoje, voltamos a ser os passarinhos de Quintana. Sigamos...

Dom de iludir - Caetano Veloso

"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Ministros do Supremo, 380 milhões de olhos vos contemplam

Por Cynara Menezes

Em agosto deste ano, o ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello concedeu liminar suspendendo o júri popular que finalmente faria Justiça ao “caso Nicole”. O empresário Pablo Russel Rocha é acusado de, em 1998, ter arrastado com sua caminhonete, até a morte, a garota de programa Selma Artigas da Silva, então com 22 anos, em Ribeirão Preto. A jovem era conhecida como Nicole.

Grávida, Nicole teve uma discussão com Pablo. A acusação diz que ele a prendeu ao cinto de segurança e a arrastou pela rua. Pablo, que responde pelo crime em liberdade, diz “não ter percebido” que a moça estava presa ao cinto e nem ter ouvido os gritos da moça porque “o som da Pajero estava muito alto”. O corpo de Nicole foi encontrado, totalmente desfigurado, do outro lado da cidade. Com a suspensão, a família de Selma/Nicole vai esperar não se sabe quantos anos mais pelo julgamento do acusado.

Na segunda-feira 22 de outubro, o mesmo ministro Celso de Mello condenaria os petistas Delúbio Soares, José Dirceu e José Genoino pelo crime de formação de quadrilha. Já os havia condenado por corrupção ativa. “Eu nunca vi algo tão claro”, disse ele, sobre a culpabilidade dos réus.

Em novembro de 2011, o ministro do STF Marco Aurélio Mello concedeu habeas corpus ao empresário Alfeu Crozado Mozaquatro, de São José do Rio Preto (SP), acusado de liderar a “máfia do boi”, mega-esquema de sonegação fiscal no setor de frigoríficos desvendado pela Polícia Federal. De acordo com a Receita Federal, o esquema foi responsável pela sonegação de mais de 1 bilhão e meio de reais em impostos. Relator do processo, Marco Aurélio alegou haver “excesso” de imputações aos réus.

Na segunda-feira 22 de outubro, o mesmo ministro Marco Aurélio Mello condenaria os petistas Delúbio Soares, José Dirceu e José Genoino pelo crime de formação de quadrilha. Já os havia condenado por corrupção ativa. O esquema do chamado mensalão envolveria a quantia de 150 milhões de reais. “Houve a formação de uma quadrilha das mais complexas. Os integrantes estariam a lembrar a máfia italiana”, disse Marco Aurélio.

Em julho de 2008, o ministro do STF Gilmar Mendes concedeu dois habeas corpus ao banqueiro Daniel Dantas, sua irmã Verônica e mais nove pessoas presas na operação Satiagraha da PF, entre elas o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta (que morreu em 2009). A Satiagraha investigava justamente desdobramentos do chamado mensalão, mas, para Mendes, a prisão era “desnecessária”.

Segundo o MPF (Ministério Público Federal), o grupo de Dantas teria cometido o crime de evasão de divisas, por meio do Opportunity Fund, uma offshore nas ilhas Cayman que movimentou entre 1992 e 2004 quase 2 bilhões de reais. O grupo também era acusado de formação de quadrilha e gestão fraudulenta.

Na segunda-feira 22 de outubro o mesmo ministro Gilmar Mendes que livrou o banqueiro Daniel Dantas da cadeia enviou para a prisão a banqueira Kátia Rabello, presidente do banco Rural, por formação de quadrilha. Já a havia condenado por gestão fraudulenta, evasão e lavagem de dinheiro. “Sem dúvida, entrelaçaram-se interesses. Houve a formação de uma engrenagem ilícita que atendeu a todos”, disse Gilmar.

O final do julgamento do mensalão multiplica por 25 – o número de condenados – a responsabilidade futura do STF. É inegavelmente salutar que, pela primeira vez na história do país, um grupo de políticos e banqueiros tenha sido condenado por corrupção. Mas, a partir de agora, os olhos da Nação estarão voltados para cada um dos ministros do Supremo para exigir idêntico rigor, para que a Justiça se multiplique e de fato valha para todos.

Estamos fartos da impunidade, sim. E também estamos fartos dos habeas corpus e liminares concedidos por alguns ministros em decisão monocrática, em geral nos finais de semana ou em férias, quando o plenário não pode ser reunido. Não se pode esquecer que o Supremo que agora condena os petistas pelo mensalão é o mesmo Supremo que tomou decisões progressistas importantes, como a liberação do aborto de anencéfalos e da união civil homossexual e a aprovação das cotas para afro-descendentes nas universidades. Estas foram, porém, decisões do colegiado. Separadamente, saltam aos olhos decisões injustas como as que expus acima.

Se há, como defendem alguns ministros, uma evolução no pensamento do STF como um todo, que isto também se reflita nas posições tomadas individualmente por seus membros. Não se pode, diante das câmeras de TV, anunciar com toda a pompa a condenação e a prisão de poderosos e, à sorrelfa, na calada da noite, soltar outros. Cada vez que um poderoso for libertado por um habeas corpus inexplicável, ou que uma liminar sem pé nem cabeça for concedida por um ministro do Supremo para adiar o julgamento de gente rica, estará demonstrado que o mensalão não foi um divisor de águas coisa nenhuma.

Daqui para a frente, os ministros do Supremo Tribunal Federal têm, mais do que nunca, a obrigação de serem fiéis a si próprios e ao que demarcaram neste julgamento. Nós, cidadãos, estaremos atentos às contradições. Elas serão denunciadas, ainda que ignoradas pela grande mídia.

A Justiça pode ser cega. Mas nós, brasileiros, temos milhões de olhos. E estaremos vigiando.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

ZIRALDO - 80 anos

por Marcus Vinicius





JORNAL NACIONAL, UM DESSERVIÇO AO BRASIL

Por Edu Goldenberg

Não assisti, em defesa de minha saúde, o Jornal Nacional da noite de ontem, apresentado por esse sujeito que envergonha a profissão do jornalista, o apresentador do telejornal da TV Globo, William Bonner (o mesmo que, noutra ocasião, numa cena patética, forçou o choro ao anunciar a morte de seu patrão, Roberto Marinho, um dos homens que mais mal fez ao Brasil). Acompanhei, entretanto, pelo twitter, a reação dos meus diante do que foi considerado uma das maiores manipulações desta TV Globo, tão afeita a este método desde que foi fundada de forma já bastante elucidada, criada para ser instrumento de dominação midiática, de alienação, de desinformação, de desserviço.
Assisti, sim, aos minutos finais (curioso diante de tantas manifestações de revolta no microblog). Supostamente noticiando o final da primeira etapa do julgamento da Ação Penal que vem sendo chamada de “julgamento do mensalão”, valeu-se a Rede Globo de música de suspense ao fundo, congelamento de imagens pré-selecionadas, transcrição de frases supostamente impactantes proferidas pelos Ministros do STF (foi curioso perceber que nenhum dos Ministros que absolveram grande parte dos réus teve sequer ao menos uma fala reproduzida!), tudo anunciado por um casal de apresentadores que forjaram expressões de revolta e de indignação. Um nojo!
Não fossem transmitidos pela TV os julgamentos do STF (e eu sou rigorosamente contra a transmissão, sempre fui!) e o resultado desse julgamento a que me refiro teria sido outro. A espetacularização de uma sessão solene de julgamento por membros da mais alta Corte do Poder Judiciário é, em tudo, contrária à formalidade, serenidade e discrição que a atuação de um julgador exige.
Não é sobre o julgamento, seu resultado, suas conseqüências que quero falar. Quero falar sobre a podridão da Rede Globo, cogumelo de poder que Leonel de Moura Brizola, em 1989, durante a campanha para a Presidência da República, prometia “implodir com apenas uma canetada”. E faria isso, sem dúvida, o corajoso Brizola, o único homem temido pela Rede Globo.
Reproduzo, abaixo, na íntegra, o texto do direito de resposta (caso único na história da televisão brasileira!) que Leonel Brizola obteve após anos de intensa batalha jurídica nos tribunais, lido pela voz de Cid Moreira (o William Bonner da época). Recomendo que vocês releiam, adaptem para os dias de hoje as frases em negrito, a fim de que emerja novamente a autoridade do homem público que mais falta faz ao Brasil.
“Em cumprimento à sentença do juiz de Direito da 18ª Vara Criminal da Cidade do Rio de Janeiro, em ação de direito de resposta movida contra a TV Globo, passamos a transmitir a nota de resposta do sr. Leonel de Moura Brizola.
Todos sabem que eu, Leonel Brizola, só posso ocupar espaço na Globo quando amparado pela Justiça. Aqui citam o meu nome para ser intrigado, desmerecido e achincalhado, perante o povo brasileiro. Quinta-feira, neste mesmo Jornal Nacional, a pretexto de citar editorial de ‘O Globo’, fui acusado na minha honra e, pior, apontado como alguém de mente senil. Ora, tenho 70 anos, 16 a menos que meu difamador, Roberto Marinho, que tem 86 anos. Se é esse o conceito que tem sobre os homens de cabelos brancos, que os use para si. Não reconheço à Globo autoridade em matéria de liberdade de imprensa, e basta para isso olhar a sua longa e cordial convivência com os regimes autoritários e com a ditadura de 20 anos, que dominou o nosso país.
Todos sabem que critico há muito tempo a TV Globo, seu poder imperial e suas manipulações. Mas a ira da Globo, que se manifestou na quinta-feira, não tem nenhuma relação com posições éticas ou de princípios. É apenas o temor de perder o negócio bilionário, que para ela representa a transmissão do Carnaval. Dinheiro, acima de tudo.
Em 83, quando construí a passarela, a Globo sabotou, boicotou, não quis transmitir e tentou inviabilizar de todas as formas o ponto alto do Carnaval carioca.
Também aí não tem autoridade moral para questionar-me. E mais, reagi contra a Globo em defesa do Estado do Rio de Janeiro que por duas vezes, contra a vontade da Globo, elegeu-me como seu representante maior.
E isso é que não perdoarão nunca. Até mesmo a pesquisa mostrada na quinta-feira revela como tudo na Globo é tendencioso e manipulado. Ninguém questiona o direito da Globo mostrar os problemas da cidade. Seria antes um dever para qualquer órgão de imprensa, dever que a Globo jamais cumpriu quando se encontravam no Palácio Guanabara governantes de sua predileção.
Quando ela diz que denuncia os maus administradores deveria dizer, sim, que ataca e tenta desmoralizar os homens públicos que não se vergam diante do seu poder.
Se eu tivesse as pretensões eleitoreiras, de que tentam me acusar, não estaria aqui lutando contra um gigante como a Rede Globo.
Faço-o porque não cheguei aos 70 anos de idade para ser um acomodado. Quando me insulta por nossas relações de cooperação administrativa com o Governo Federal, a Globo remorde-se de inveja e rancor e só vê nisso bajulação e servilismo. É compreensível: quem sempre viveu de concessões e favores do Poder Público não é capaz de ver nos outros senão os vícios que carrega em si mesmo.
Que o povo brasileiro faça o seu julgamento e na sua consciência lúcida e honrada separe os que são dignos e coerentes daqueles que sempre foram servis, gananciosos e interesseiros.
Assina Leonel Brizola.”
Diante da iminência de ver fracassado o plano podre, com ares de golpe, que envolveu visivelmente os jornalões, a TV Globo, o STF (é triste e revoltante ver o Ministro Joaquim Barbosa, na sessão de hoje, pedindo pressa [pressa!!!!!] a seus pares no momento dos votos visando a dosimetria das penas dos condenados, querendo atender ao roteiro estabelecido para que tudo esteja terminado antes das eleições de domingo…), restou à Rede Globo o papel podre da noite de ontem (e teremos mais hoje, teremos mais na sexta, no sábado…). Teme, indubitavelmente, perder o negócio bilionário que mantêm com o tucanato no Estado de São Paulo que se vê prestes a eleger, como Prefeito da cidade de São Paulo, Fernando Haddad, do PT.
E também porque não tolera, a elite podre brasileira, a mudança efetiva – e para sempre! – que Lula e o PT trouxeram para o povo brasileiro, que há de ser lúcido e honrado, no domingo, elegendo seus representantes nas cidades em que haverá segundo turno.
Ontem, mais que nunca, gritei em pensamento: RESSUSCITA, BRIZOLA!
Se você ainda não viu o vídeo com o direito de resposta acima transcrito, assista-o aqui.
Até.


LEONEL DE MOURA BRIZOLA E A REDE GLOBO

Por Marcus Vinicius

Ontem a Globo se superou. Na última notícia sobre o chamado mensalão, um primor de safadeza. Para muitos que não conheceram Brizola, para aqueles que o conheceram e o esqueceram e para aqueles que o tem como grande brasileiro. A Globo é a mesma de sempre. Dá-lhe Brizola.

Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay

"Carta da comunidade Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay-Iguatemi-MS para o Governo e Justiça do Brasil

Nós (50 homens, 50 mulheres e 70 crianças) comunidades Guarani-Kaiowá originárias de tekoha Pyelito kue/Mbrakay, viemos através desta carta apresentar a nossa situação histórica e decisão definitiva diante de da ordem de despacho expressado pela Justiça Federal de Navirai-MS, conforme o processo nº 0000032-87.2012.4.03.6006, do dia 29 de setembro de 2012. Recebemos a informação de que nossa comunidade logo será atacada, violentada e expulsa da margem do rio pela própria Justiça Federal, de Navirai-MS.

Assim, fica evidente para nós, que a própria ação da Justiça Federal gera e aumenta as violências contra as nossas vidas, ignorando os nossos direitos de sobreviver à margem do rio Hovy e próximo de nosso território tradicional Pyelito Kue/Mbarakay. Entendemos claramente que esta decisão da Justiça Federal de Navirai-MS é parte da ação de genocídio e extermínio histórico ao povo indígena, nativo e autóctone do Mato Grosso do Sul, isto é, a própria ação da Justiça Federal está violentando e exterminado e as nossas vidas. Queremos deixar evidente ao Governo e Justiça Federal que por fim, já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso território antigo, não acreditamos mais na Justiça brasileira. A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas? Para qual Justiça do Brasil? Se a própria Justiça Federal está gerando e alimentando violências contra nós. Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos mesmo em pouco tempo, não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Estamos aqui acampados a 50 metros do rio Hovy onde já ocorreram quatro mortes, sendo duas por meio de suicídio e duas em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas.

Moramos na margem do rio Hovy há mais de um ano e estamos sem nenhuma assistência, isolados, cercado de pistoleiros e resistimos até hoje. Comemos comida uma vez por dia. Passamos tudo isso para recuperar o nosso território antigo Pyleito Kue/Mbarakay. De fato, sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão enterrados vários os nossos avôs, avós, bisavôs e bisavós, ali estão os cemitérios de todos nossos antepassados.

Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser mortos e enterrados junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje, por isso, pedimos ao Governo e Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva e para enterrar nós todos aqui.

Pedimos, de uma vez por todas, para decretar a nossa dizimação e extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar os nossos corpos. Esse é nosso pedido aos juízes federais. Já aguardamos esta decisão da Justiça Federal. Decretem a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay e enterrem-nos aqui. Visto que decidimos integralmente a não sairmos daqui com vida e nem mortos.

Sabemos que não temos mais chance em sobreviver dignamente aqui em nosso território antigo, já sofremos muito e estamos todos massacrados e morrendo em ritmo acelerado. Sabemos que seremos expulsos daqui da margem do rio pela Justiça, porém não vamos sair da margem do rio. Como um povo nativo e indígena histórico, decidimos meramente em sermos mortos coletivamente aqui. Não temos outra opção esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS.

Atenciosamente, Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay"

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"Nota sobre o suposto suicídio coletivo dos Kaiowá de Pyelito Kue

O Cimi entende que na carta dos indígenas Kaiowá e Guarani de Pyelito Kue, MS, não há menção alguma sobre suposto suicídio coletivo, tão difundido e comentado pela imprensa e nas redes sociais. Leiam com atenção o documento: os Kaiowá e Guarani falam em morte coletiva (o que é diferente de suicídio coletivo) no contexto da luta pela terra, ou seja, se a Justiça e os pistoleiros contratados pelos fazendeiros insistirem em tirá-los de suas terras tradicionais, estão dispostos a morrerem todos nela, sem jamais abandoná-las. Vivos não sairão do chão dos antepassados. Não se trata de suicídio coletivo! Leiam a carta, está tudo lá. É preciso desencorajar a reprodução de tais mentiras, como o que já se espalha por aí com fotos de índios enforcados e etc. Não precisamos expor de forma irresponsável um tema que muito impacta a vida dos Guarani Kaiowá .

O suicídio entre os Kaiowá e Guarani já ocorre há tempos e acomete sobretudo os jovens. Entre 2003 e 2010 foram 555 suicídios entre os Kaiowá e Guarani motivados por situações de confinamento, falta de perspectiva, violência aguda e variada, afastamento das terras tradicionais e vida em acampamentos às margens de estradas. Nenhum dos referidos suicídios ocorreu em massa, de maneira coletiva, organizada e anunciada.

Desde 1991, apenas oito terras indígenas foram homologadas para esses indígenas que compõem o segundo maior povo do país, com 43 mil indivíduos que vivem em terras diminutas. O Cimi acredita que tais números é que precisam de tamanha repercussão, não informações inverídicas que nada contribuem com a árdua e dolorosa luta desse povo resistente e abnegado pela Terra Sem Males.

Conselho Indigenista Missionário, 23 de outubro de 2012"

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Diálogos das vaginas

Por Sarah Luiza Souza Moreira

Prefiro diálogos a monólogos. Pensar e falar sozinha sempre me pareceu mais difícil. Mas conheci um diálogo que falou com muitas, com várias, de todas: “Os Monólogos da Vagina”, de Eve Ensler.

Quando li pela primeira vez o título do livro, o primeiro pensamento que me veio à cabeça, devo admitir, foi: pra que nos expor dessa forma? Ao lê-lo, entendi: expor exatamente para não esconder, para mostrar que ela (a vagina, isso mesmo) existe, que ela é importante, para não mais fingir que ela não existe. Mas preciso explicar como cheguei a essa conclusão.

Já no prefácio de Glória Steinem, onde ela se remete a uma geração do “lá embaixo”, me perguntei: será que essa geração já passou? Será que ainda não é assim que tratamos no cotidiano as partes íntimas das mulheres? Como vejo nossos órgãos sendo tratados? E as próprias questões foram me dando indícios das respostas: sempre temos uma forma indireta, discreta, sutil para falar do corpo, da vagina das mulheres.

Lembrei-me, então, de momentos que tive com alguns grupos de agricultoras rurais no Semiárido do Ceará, em 2012, onde conversávamos sobre violência contra as mulheres. As participantes tinham desde 25 até 60 anos, filhas, mães, avós. É sintomático perceber como que, através do tema, acabávamos por falar de sexo. O objetivo nem era tratarmos sobre sexo, mas ao falarmos sobre a importância do desejo mútuo para que a relação sexual fosse prazerosa, parecia que estávamos dizendo algo absurdo, algo muito distante do real. Algumas até perguntavam, para entender do que eu estava falando, “e você é casada?”, “Não pode ser...”, pensavam.

A ideia – que parece simples para algumas de nós – da necessidade do consentimento das mulheres ou da vontade do casal para uma relação saudável e prazerosa parecia estranha. Muitas comentaram: “Quando eu digo que não quero, que estou com dor de cabeça, ele vai logo dizendo que eu tenho outro”. E elas acabam “cedendo” para agradar aos maridos e não gerar conflitos. Ver o quanto a violência sexual, o estupro, é parte do cotidiano das mulheres, dentro de suas casas, é algo chocante, impactante. Não podemos nos calar.

Não poderia, no entanto, deixar de lembrar que paralelo aos estupros domésticos, ainda vimos, nesse ano, casos absurdos de estupros coletivos, como das jovens que foram estupradas e até mortas pelos próprios “amigos”, como presente de aniversário na Paraíba, e de estupros “corretivos”, que tratam as lésbicas como mulheres que precisam “saber o que é um homem” para se regenerarem. Assustador!

Desejo e prazer, para muitas delas, pareciam palavras ainda sem significado real ou algo que não dizia ou deveria dizer respeito a elas, como algo “que não é coisa de mulher”. Para outras, admitir que gostam de sexo é algo vergonhoso de se admitir, como se isso fosse algo para mulheres vulgares. Isso ficou muito explícito em comentários onde algumas afirmavam, como que em segredo: “Mas tem mulheres que gosta... Absurdo!”, em um posicionamento explicitamente de cunho religioso, onde o sexo ainda é considerado como pecado. Mas expresso também em piadas onde algumas eram citadas, apontadas como “aquele que gosta daquilo”, tornando-se chacota, piada para as demais.

Esses comentários me trouxeram a lembrança de um livro de Mary Del Priori, onde ela se refere ao Brasil colonial como um período do ideal do amor domesticado. Deu-me a sensação de que ainda vivemos um retrato desse ideal, onde não o amor e o sexo ainda são tratados como algo que precisa ser contido, reservado, um serviço. E mais do que isso, algo que legitima o desejo e o prazer apenas para os homens.

“Tal como o Historiador Edward Shorter para a Europa do Antigo Regime, os casados desenvolviam, de maneira geral, tarefas específicas. Cada qual tinha um papel a desempenhar perante o outro. Os maridos deviam mostrar-se dominadores, voluntariosos no exercício da vontade patriarcal, insensíveis e egoístas. As mulheres, por sua vez, apresentavam-se, como fiéis, submissas, recolhidas. Sua tarefa mais importante era a procriação. É provável que os homens tratassem suas mulheres como máquinas de fazer filhos, submetidas às relações sexuais mecânicas e despidas de expressões de afeto. Basta pensar na facilidade com que eram infectadas por doenças venéreas, nos múltiplos partos, na vida arriscada de reprodutoras. A obediência da esposa era lei” (PRIORI. Mary Del, 2006, pg.37)

Falar sobre o sexo e o corpo das mulheres ainda gera incômodo, ainda é, em pleno sexo XXI, algo constrangedor. A vergonha se expressa pelo fato de pouco se falar sobre o assunto e, portanto, ser ainda um mistério para muitas. Como nos relatos das mulheres em 1953, no livro “Monólogos da vagina”, ainda hoje, muitas dessas mulheres não conhecem seu próprio corpo, poucas se tocam, se sentem. Falar na vagina, por exemplo, é algo que ainda causa desconforto, estranhamento e até mesmo nojo, como se estivéssemos falando de algo sujo ou que devesse continuar escondido. As risadinhas desconcertadas e os olhares desconfiados pareciam perguntar: Como ela pode falar desse jeito? Será que ela falou mesmo esse nome?

É claro que existe uma diferença entre o olhar das jovens, das adultas casadas e das idosas: para as idosas o sexo remete a dor, a sofrimento. Elas lembravam e comentavam, quanto às relações sexuais, que foram forçadas, por obrigação, para servir ao marido. Para as adultas casadas, o sexo é visto como uma necessidade para se conservar o casamento, para que os homens não busquem mulheres “lá fora”. Para as jovens solteiras, ainda há a vergonha de admitir o desejo, de se falar das vontades, são cheias de dúvidas, mas também de razões e certezas de que querem ter direito a sentir prazer.

Falamos sim de muitos avanços, de diversas conquistas que as mulheres têm tido nas últimas décadas no campo dos direitos, ampliando sua participação no mercado de trabalho e na política. Mas ouvir essas mulheres falando sobre sua vida pessoal, íntima, me deixou os seguintes questionamentos: quando teremos de fato autonomia sobre nosso corpo? Quando conseguiremos realmente ter prazer e não precisar ter vergonha disso? Quando não mais trará constrangimento falarmos da nossa vagina? Pois é, companheiras, a luta continua. Continuemos em marcha!

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Silvia Machete no Festival Cultura da UFC

Por Marcus Vinicius















Euterpe e Baco (4)

por Marcus Vinicius

E rolou a quarta noite de Euterpe e Baco. O violão brasileiro de 1850 a 1950 foi o tema. O apresentador Rogério Lama. A noite teve a participação especial de Marcus Vale, cantando Mecejana ou Messejana?

O apresentador se aquecendo




100% de presença nas noites E&B

Rogério e Sarah


Lívia


Marcus Vale e Verbena






Parabéns pra você

Relaxando após E&B


Participação Especial de Marcus Vale cantando Mecejana ou Messejana.




Natacha Faria e trio no Festival de Cultura da UFC

Por Marcus Vinicius