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quarta-feira, 3 de março de 2021

A CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO

Por 

Marcos Vinicius, engenheiro agrônomo
Marcos Vinicius, engenheiro agrônomo

A agricultura do Ceará, assim como a do Brasil é de sequeiro, que é aquela que depende exclusivamente das chuvas. Embora o Brasil tenha uma considerável área de agricultura irrigada, no geral prevalece a de sequeiro. No Ceará, temos algumas áreas irrigadas, cerca de 3-5% da área plantada.

E numa agricultura dependente de chuvas, o prognóstico deste ano é que tenhamos precipitações abaixo da média, o que impactará tanto a agricultura, a pecuária, quanto à captação de águas nos açudes. Lembremos que em nosso Estado situações de precipitações acima da média (inverno) e abaixo da média (seca) ocorrem secularmente.

Acrescente-se a este dado as mudanças climáticas. Para a nossa região a previsão é que tenhamos aumento de temperatura, chuvas ainda mais irregulares, aumento de períodos secos e também inundações. E... a pandemia.

Voltemos no tempo. Há cerca de 20 anos não se vê nas manchetes de jornais ou TV, matérias sobre ocupação de cidades, por agricultores, em busca de alimentos e apoio governamental para atravessar o período de seca.

Esta situação foi consequência de uma série de políticas públicas que iam da transferência de renda, alimentação escolar, compra de aquisição de alimentos, incentivo à agroecologia e eliminação da fome, iniciadas em 2003 ("a fome diminuiu em 82% de 2002 a 2013, mas voltou a subir nos últimos cinco anos."). Desde o golpe de 2016 estas políticas vêm sendo desmontadas e no governo atual o desmonte vem sendo ampliado.

Muito bem! E o que fazer? Entender que a lógica do semiárido não é o combate às secas e sim a sua convivência, sustentabilidade ambiental, social e econômica. Saber que 75% das unidades produtivas do Estado são da agricultura familiar.

Água como direito. Fazer captação, armazenamento, gerenciamento, democratização e reúso da água. Produção agroecológica. Cultura da estocagem (alimento, sementes, água, forragem para os animais), diversificação de culturas, promoção da igualdade de gênero e raça/etnia.

Retomar a luta por políticas públicas que beneficiem a agricultura familiar e o semiárido. Enfrentar a política genocida! 

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