Aírton Monte |
Às vezes meu telefone tocava no meio da noite, naquelas horas em que você vai atender já se preparando pra receber noticia ruim. Atendia o telefone e logo o sobressalto sumia ao ouvir o indefectível: Dorico, cego velho , sou eu.
Era assim que ele se dirigia a mim. Desde muito cedo ele me elegeu como aquele que entendia tudo que a ele fugisse ao entendimento ou interesse, principalmente questões de cujo descumprimento lhe resultasse dano ou sanção de alguma natureza; trazia um tom de voz assustado e ansioso o que tornava sua gagueira mais exuberante.
A certeza de que eu entenderia e saberia como resolver e a confiança de que não me furtaria a entender e atender sua demanda faziam-me sentir como um pai diante de um filho em aflição. Muitas vezes ri diante do que ouvia, um medo imenso de um coisa nenhuma a atormentar o meu amigo.
Lógico que gostava e cumpria este sagrado papel a mim reservado, afinal quem não gostaria de ser, ainda que de emprestado, o pai de um poeta.
Assim foi nossa amizade por mais de 40 anos.
No dia 10 de setembro de 2012 uma amiga comum me telefona e comunica: Urico Gadelha, o Airton Monte se foi.
Que Deus o tenha, Airton Monte. Nosso poeta, meu filho!
No dia 10 de setembro de 2012 uma amiga comum me telefona e comunica: Urico Gadelha, o Airton Monte se foi.
Que Deus o tenha, Airton Monte. Nosso poeta, meu filho!
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