Mais do que a suposta presença de Banksy, o grande rebuliço do Festival Internacional de Arte Urbana – realizado em Fortaleza ao longo da semana passada – acabou sendo a intervenção de alguns artistas no (até então abandonado e negligenciado) Farol do Mucuripe.
Em que pese a pertinência dos argumentos dos que se manifestaram contra a grafitagem – alegando, sobretudo, sua “ilegalidade”, posto que feito sobre um bem público tombado –, a ação dos artistas me encheu de entusiasmo. Foi o tipo de movimento que nos colocou na fronteira potente em que se discutem os pactos sociais e os contratos legais que sedimentam o poder de plantão. Esse, sim, o principal responsável pela degradação criminosa do farol.
Foto: Kiko Silva |
Nesse encontro entre arte, política e história, o grafite fez a cidade abraçar novamente o farol e afirmou um novo pensamento sobre Fortaleza. Ainda citando Safatle, “o pensamento, quando aparece, exige que toda ação não efetiva pare, a fim de que o verdadeiro agir se manifeste.
Nessas horas, entendemos como, muitas vezes, agimos para não pensar, pois pensar de verdade significa pensar na sua radicalidade, utilizar a força crítica e a força radical do pensamento”, diz ele. “Quando a força do pensamento começa a agir, então todas as respostas começam a ser possíveis, alternativas novas começam a aparecer na mesa”. Que Fortaleza saiba aproveitar as alternativas diante das quais essa polêmica sobre o Farol nos colocou.
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