Por Rogério Lama
Era uma vez um lugar que tinha 3 clubes de futebol: Ceará, Ferroviário e Fortaleza.
Numa ensolarada tarde do Século XVI, Evandro Leitão e Osmar Baquit, presidentes do Ceará e Fortaleza se reúnem e promulgam a seguinte Lei:
Art 1 - Todos os torcedores do Ferroviário Atlético Clube estão proibidos de frequentar estádios de futebol, salvo sob autorização de um torcedor alvinegro ou tricolor.
Art 2 – O Ferroviário está proibido de jogar qualquer partida em território nacional, salvo em amistosos.
Art 3 – É proibida a comercialização de camisas, bandeiras e flâmulas do Ferroviário, bem como sua utilização em público.
Art 4 – É vedado ao Ferroviário remunerar seus atletas pecuniariamente ou de qualquer outra forma.
Art 5 – Todas as emissoras de TV a serem criadas no século XX estão desde já proibidas de veicular qualquer informação que abone o Ferroviário.
Art 6 – A partir da data da publicação desta lei, os atuais torcedores do Ferroviário estão terminantemente proibidos de ensinar à seus filhos a torcerem para o mesmo clube.
Nos dois séculos seguintes Ceará e Fortaleza são agraciados com um estádio cada um, além de uma verba mensal para contratarem jogadores e pagarem as despesas.
Lá em 1884, Evandro encontra Osmar tomando uma num bar lá em Redenção e param pra conversar. Lá decidem que a Lei que criaram não era tão razoável assim. Então num lampejo de desapego e filantropia decidem revogar todos os artigos da Lei. Agora, os três clubes poderiam competir de igual pra igual.
No século que se seguiu, o Ferroviário, que teve sua história devastada, suas finanças quebradas e sua autoestima triturada, competiu com Ceará e Fortaleza com parcos êxitos, mesmo sem estádio e sem receber a verba mensal do governo. Também não restaram muitos torcedores, já que lhes foi negado o simples direito de existir. Com ausência de receita, o time do Ferroviário também não podia pagar um salário digno para os seus jogadores.
Mas tudo bem, o importante é que eles competiam em igualdade de regras.
Um dia o Luis, o novo presidente da Federação decidiu criar uma Lei que permitisse que o Ferroviário recuperasse sua glória perdida séculos antes. Algumas normas garantiam que a Federação custearia a contratação de alguns jogadores para o Ferrão, assim como subsidiaria alguns ingressos à sua torcida, a fim de dar uma maior chance ao time na competição.
Nesse momento não faltaram vozes levantadas dos torcedores do Ceará e Fortaleza. Segundo eles, a melhor forma de recuperar a glória do Ferrão era permitir que eles competissem em igualdade de regulamento. Que as normas criadas pelo Luis só serviam pra criar uma geração de jogadores e torcedores preguiçosos. Que era injusto com alvinegros e tricolores que suavam em seus escritórios para pagar o plano de sócio torcedor Vip. E tem sido assim desde então.
Pronto. Melhor que isso eu não sei fazer.
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