Por Dora Moreira
Há uns quase oito anos, um primo e uns futuros amigos (que me apresentariam a Ladeira da Tia em Olinda) botaram na rua uma angústia em forma de idéia: em uma Fortaleza marcada por (sabe-se lá quantos) cordões de isolamentos, iam fazer um bloco de (pré) carnaval de rua. Mas iam fazer um bloco que nem saia do canto, nem contava com um garboso naipe de metais. E como para bom carnavalesco toda reinvenção é pouca, iam fazer um bloco só com canções, entre famosas e esquecidas, de compositores cearenses.
Sem pretensão de promover um grande 'resgate cultural' ou uma grande 'valorização da cultura popular cearense' e apostando, por outro lado, na recriação em arranjos e formatos, o bloco fez sua tradição e hoje, às 2h da manhã de uma quinta-feira de dezembro todo mundo, entre sóbrios e ébrios, despencou no calçadão de Iracema. Em mim, a despeito de um dia difícil, de coração triste e olhos rasos d'água, o corpo explodia de alegria e decretava: no carnaval de 2014, eu fico.
E é aos meninos do Bloco Luxo da Aldeia que eu agradeço não só pelos incontáveis carnavais do Benfica, mas principalmente por duas certezas que carrego no corpo: Fortaleza é massa e 'é no meio da rua que a gente começa'.
(E parece que, pra nossa sorte, dentro desses meninos passa uma rua onde é carnaval o ano todo.)
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