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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Tem cearense no samba

Por Nelson Augusto

Os primeiros registros em disco de um compositor popular cearense, José Ramos Filho (1871-1916), não constavam explicitamente como sambas. Ramos Cotoco, como ficou conhecido artisticamente, morreu um ano antes do registro oficial do primeiro samba, “Pelo Telefone”, em 1917, embora o pesquisador cearense Nirez discorde do fato histórico e possua em seu acervo, registros que provam o contrário. Daí, na pequena, mas importante obra do compositor alencarino, recheada de cançonetas, chulas, lundus e valsas, algumas foram gravadas pelo cantor Baiano, um dos principais cantores da mais importante gravadora do Brasil no início do século XX, a Casa Edson.

Já em 1937, o compositor cearense Lauro Maia foi o ganhador do concurso musical no Rio de Janeiro, na categoria de sambas, do jornal carioca O Povo com sua criação “Eis Meu Samba”. Ainda morando em Fortaleza, Lauro Maia, que havia sido registrado em disco no Rio de Janeiro com outros estilos musicais pelo grupo cearense Quatro Azes e Um Coringa com “Eu Vi Um Leão” (1942), e “Fan Ran, Fun Fan” e “Trem de Ferro”, ambas no ano seguinte, teve seu samba “Febre de Amor” gravado por Orlando Silva, uma espécie de Roberto Carlos de sua época. O Cantor das Multidões emprestaria também sua potente voz para “Samba de Roça”, parceria de Lauro Maia com seu cunhado Humberto Teixeira, em 1945. Nesse ano, Lauro vai residir no Rio de Janeiro, e em 1946 já tem o samba “Deus Me Perdoe”, também dividido com Humberto Teixeira, cantado num 78 rpm por Ciro Monteiro.

Ainda na década de 40 os alencarinos Gilberto Milfont e os grupos Quatro Azes e Um Coringa e Vocalistas Tropicais seguiram a tradição cearense do samba na MPB gravaram vários clássicos do gênero. Dick Farney gravou em 1946 o samba “Esquece” do cantautor Gilberto Mifont. Esse registrou com sucesso no mesmo ano, os sambas “Aquela Mulher” e “Apelo”, ambas da conceituada dupla Pedro Caetano e Claudionor Cruz. Em 1950, Milfont cantou em disco o seu maior hit no samba, o carnavalesco “Prá Seu Governo”, de Haroldo Lôbo.

Outro grupo, o Trio Nagô, que destacou Evaldo Gouveia para a MPB, continuou a tarefa do samba pelos cearenses na década de 50. Entre outros, colocaram em discos, samba de nordestinos “Aquarela Cearense” (53) do conterrâneo Waldemar Ressurreição; e “Vive Seu Mané Chorando” (55) do maranhense Luiz Assunção. Ainda nos anos 60, Evaldo colaborou com o samba em “Garota Moderna” (65), no suíngue de Wilson Simonal; e “O Conde” (69), imortalizado por Jair Rodrigues. Na década seguinte, apesar de continuar suas parcerias românticas com o letrista capixaba Jair Amorim, o cearense de Iguatu também se aventurou numa nova seara: o samba-enredo. A dupla foi a grande vencedora em 1973 do concurso da agremiação carioca Portela com “O Mundo Melhor de Pixinguinha”. Na mesma escola de samba, repetiram a façanha em 1977 com “Mulher à Brasileira”.

Da geração do Pessoal do Ceará, citamos Ednardo, que gravou de sua autoria em 1978 “É Cara de Pau”. Fagner cantou em dueto com Zico em 1983 num compacto simples que também traz “Batuquê de praia”, o samba “Cantos do Rio”, de Petrúcio Maia. O cantor de Orós em seu LP de 1985 divide os vocais com a carioca Beth Carvalho em “Te Esperei”, de Gereba e Capinam. Amelinha, no álbum Caminhos do Sol, de 1985, interpreta “Samba Enredo Para um Grande Amor” de Luiz Carlos da Vila.

Uma coletânea lançada em vinil, no fim dos anos 80, reuniu alguns grupos de samba da Cidade. Nele, já se revelava com destaque o cantor e compositor Carlinhos Palhano. Além de Carlinhos, destacamos hoje David 7 Cordas, Ciribáh Soares, Academia, Policarpo e a Estrela de Madureira, Messias Castro, Leandro Rodrigues, Paulinho Brasil, Malena Monteiro, Gabriela Nunes, Marina Cavalcante, Samba de Rosas, Márcio Vianna, Vilmar Santos, Pasconith Franklin, Antonio Daniel, Damas Cortejam, Thais Costa Lima, Fernanda Farias, Michele Matheus, Lorena Lucena Tôrres e Danielly Ferreira, entre outros.

http://www.opovo.com.br/app/opovo/vidaearte/2013/11/30/noticiasjornalvidaearte,3169829/tem-cearense-no-samba.shtml

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