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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Plácido, para uns. Wesley Safadão, para outros

Por Magela Lima

Confesso: eu preferia outro assunto para discutir hoje neste espaço. Estava mais para o ministro da nossa mais alta corte que cospe palavrões do baixo escalão contra o jornalista que lhe teceu críticas. A faixa exclusiva de ônibus, anunciada para a avenida Bezerra de Menezes, pela sua importância para a nossa Cidade, também me atraia profundamente. No entanto, a apresentação do tenor Plácido Domingo na inauguração do Centro de Eventos do Ceará, praticamente, reivindicou minha atenção.


Gente, quanta deselegância política! Desde que foi anunciado que o concerto do celebrado artista espanhol abriria oficialmente os trabalhos do novo equipamento, nunca achei correto o caráter fechado da programação. Afinal, era um ato inaugural de um prédio público, feito com dinheiro público. Ou seja: de todos nós. O Centro de Eventos nos custou R$ 380 milhões, por baixo, e nos causou uma série de transtornos durante sua construção. Então, por que não festejarmos todos agora que ele, enfim, está pronto?


Deixei a crítica de lado, porém, porque julguei ser de direito do governador Cid Gomes promover uma solenidade formal mais reservada. Seria algo, imaginei, como um jantar entre chefes de Estado ou Governo. Não vou mentir, queria muito ver Plácido Domingo aqui em praça pública. Talvez, uma pontinha de inveja de sua famosa apresentação de 2011 em Buenos Aires, na Argentina, quando reuniu 150 mil pessoas nas ruas por conta de uma briga entre o governo e o sindicato dos artistas do famoso Teatro Colón.


Eis que me surpreendo com a divulgação de que, no próximo dia 18, o mesmo governo que, na quarta, banca o tenor para uma plateia seleta fará um megashow combinando axé e forró para entregar ao povo o Centro de Eventos. Voltei atrás no meu raciocínio. A mim, não faz sentido algum os dois atos. Plácido Domingo, para uns. Wesley Safadão, para outros. Isso é demais. Volto a dizer: deselegante, até. É uma segregação cultural e social desnecessária, promovida com uma verba que ou é de todos ou não é de ninguém. Uma situação constrangedora. Sobretudo, para o governador e sua corte. Duvido muito que todos os poderosos compareçam aos dois dias de programação.

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