Felipe Araújo |
A escolha do jornalista Magela Lima para a Secultfor me parece uma boa surpresa em meio ao anúncio do secretariado de Roberto Claudio. Dentro de um governo de composição majoritariamente conservadora, seu nome é uma das (caras) exceções progressistas. Se não é exatamente uma opção técnica, na medida em que não possui experiência de gestão na área pública, pelo menos não é resultado de uma ingerência partidária. Sua nomeação, aliás, soa como um aceno a muitos setores da vida cultural e política de Fortaleza e abre importantes canais de diálogo para a futura gestão.
Magela também tem a seu favor um rico lastro intelectual. É jornalista com mais de dez anos de experiência em redações, foi editor exitoso neste Vida & Arte, tem mestrado em teatro na Universidade Federal do Rio de Janeiro e transita constante e consistentemente na vida cultural de Fortaleza. É, sobretudo, um militante da cultura e da Cidade.
Na medida em que o que o programa de governo do PSB apresentou para a área durante a campanha eleitoral não passou de um punhado de platitudes e generalidades, o novo secretário terá de formular e consolidar, a partir de agora, suas metas, estratégias e prioridades. Para quem se inquietava com a folclórica possibilidade de a próxima secretaria de Cultura ter a cara do que foi o palanque de Roberto Claudio – apinhado de “artistas” como Wesley Safadão e Rasga Baleia -, a presença de Magela na Secultfor é um alento e nos leva a crer que o debate não será nivelado por baixo.
Por fim, em que pese o atraso no pagamento de alguns editais, Magela assume a Secultfor com a casa em ordem e herdando avanços institucionais importantes: o Sistema Municipal de Cultura está consolidado, equipamentos importantes (Vila das Artes, Teatro dos Pinhões, etc) estão amparados legalmente, espaços públicos revitalizados como o caso do Passeio Público renovaram a relação de Fortaleza com seu espaço urbano e o calendário de festas e eventos culturais nunca foi tão dinâmico. Sem falar numa nova e reformulada política de patrimônio.
Magela assume a secretaria em uma Cidade que passou a olhar para cultura (e para si) de modo diferente e mais rico ao longo dos últimos oito anos. E também de modo mais exigente. Um olhar que ele próprio, com sua atuação como jornalista e militante da cultura, ajudou a fomentar. Do outro lado do “balcão”, Magela terá de cumprir uma gestão à altura dessas expectativas e exigências.
Boa sorte ao secretário.
http://www.opovo.com.br/app/opovo/vidaearte/2012/12/21/noticiasjornalvidaearte,2975615/ponto-de-vista.shtml
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