Por Juliana Castanha
"Meu nome é Juliana em homenagem a uma história de amor de um pai pela filha. Durante o tempo que passou preso, Francisco Julião escreveu às escondidas, em papel de embrulho, o livro “Até quarta, Isabela”. Plena Ditadura Militar. Quarta-feira era o dia de visitas, quando o líder das Ligas Camponesas podia rever a filha. O livro foi como um testemunho de amor daquele pai, que talvez não tivesse a chance de ver Isabela crescer.
A história de amor de um revolucionário pela filha é também a minha história. Meu pai, meu herói de voz grave e olhos grandes, sobreviveu às torturas mais cruéis. Testemunhou a morte de companheiros nos porões do DOI-CODI. Em fevereiro de 2005, sofreu um infarto que comprometeu boa parte do coração. Precisava do transplante para sobreviver.
Foram quase dois anos de espera por um doador compatível. Quando meu pai ligou, de Recife, para dizer que estava entrando na sala de cirurgia, ele cantou pra mim: “Te amo, te amo, eternamente te amo”. Estava feliz. Choramos juntos (como de costume) e dissemos “até logo”. Foi a última vez que escutei a voz dele.
O vídeo “Carlúcio Castanha: o militante da vida” conta um pouco a trajetória deste homem. A opção de luta que fez, as relações que construiu nessa caminhada, o exemplo de humanidade e a herança ideológica que deixou para os filhos e netos. Um homem que dedicou a vida a “servir ao povo de todo coração”. Por uma sociedade mais justa e igualitária."
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