Por Felipe Araújo
O dia 2 de dezembro é o dia do grito de independência dos sambistas. Poucos gêneros musicais conseguem guardar tamanha autonomia em relação ao grand monde da indústria cultural quanto o samba. Com a mesma luminosidade em termos de criatividade, a mesma vitalidade em termos de circuito independente de shows e o mesmo grau de fidelidade de público, consigo pensar apenas no rock alternativo e no hip hop.
Não gosto muito da expressão samba “de raiz”, mas na falta de um termo mais preciso, é nele que fio a diferença com o chamado “pagode”, esse, sim, tão irrelevante e fugaz quanto obsequioso com as rádios populares, programas de TV e revistas de celebridades. Há, no outro extremo, um tanto de preconceito que confunde o cânone do samba com o cânone da chamada MPB, como se esse estivesse a legitimar aquele – e aí o caso é de ignorância mineral em relação a uma riquíssima tradição de compositores suburbanos e rurais que nunca tiveram vista para o mar.
Ilustração do imenso LAN |
São rodas que movimentam milhares de pessoas, que nos reconectam à inspiração de sambistas atemporais e que são reproduzidas em trabalhos de grupos recentes. São, enfim, recantos que promovem e renovam o samba em sua essência de comunhão e espontaneidade. Que hoje, nas palavras de Paulinho da Viola, bebamos do bom samba e saudemos sua independência.
http://www.opovo.com.br/app/opovo/vidaearte/2011/12/01/noticiavidaeartejornal,2346394/o-grito-de-independencia.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário