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sábado, 19 de maio de 2012

Torquato Neto

Torquato Neto
Por César Bezerra

‘Maurrice', velho amigo

Não pude deixar de lembrar-me de você ao ler um artigo do jornalista Rui Castro constante de um livro* sobre o Torquato Neto que me foi presenteado pelo também piauiense e amigo, JoãoAlves, ‘Barrinha’ para os mais chegados. Ele na verdade é o filho do herói de maravilhosas histórias contadas pelo Zé Airton sobre
um personagem muito engraçado e espirituoso da cidade de Zé de Freitas, ouvidas repetidamente por todos nós, entre muitas risadas, quando nos tempos áureos da nossa juventude. Resumindo: Ele é filho do grande “Barra Limpa”.

O texto foi lido com aquela conhecida sofreguidão quando o assunto é de nosso extremo interesse. Apenas tomei a liberdade de negritar e grifar um trecho que achei interessantíssimo.

“foi Torquato Neto quem desempenhou a função de ideólogo que o falecido Newton Men­donça (1927 - ­ 1960) tinha exercido na Bossa­Nova”.


Ao lê-lo, não entendi de imediato o sentido da afirmação do jornalista. Apesar de ter sido apenas medianamente aquinhoado com os tais neurônios, tive a sorte deles (‘os tais neurônios’) reagirem apenas muito depois da primeira leitura do texto, dando pra perceber duas coisas:

1ª) Apesar de o Newton também ser músico, o Rui dá a entender que ele deve ter feito a letra do ‘Desafinado’. ‘Desafinado’ é por si só um hino e manifesto da Bossa Nova. Todos os ditames estão ali, e após pedir à amada para não confundir dissonantes com desafinos, Newton arremata de forma genial com o “isso é Bossa Nova, isso é muito natural”.
Que coisa, hein? Perdoem-me os tradicionalistas.

2ª) No mesmo texto percebe-se que ele também considera a música “Geléia Geral” do Torquato o hino/manifesto do Tropicalismo, ao abri-la com: “Um poeta desfolha a bandeira e a manhã tropical se inicia, resplandente, cadente e fagueira, na geléia geral brasileira que o Jornal do Brasil anuncia”. Mesmo considerando o peso e a importância de ‘Desafinado’ como hino da BN, este (“Geléia geral’) do Torquato também muito legal. Os baianos devem essa ao doce menino do Piauí igualmente tímido e audaz. Pena que o reconhecimento e as desculpas só vieram depois de sua morte, e tomando uma ‘cajuína cristalina em Teresina’ na casa do Dr Eli, pai do Torquato.
De qualquer forma, viva a rua São João, viva Pacatuba e a rua do Barrocão. E vivam todas suas ruas que continuam ‘nas ruas do Maranhão’.
Viva Torquato Neto. Inesquecível.

 César Bezerra


*"Torquato Neto ou A Carne Seca É Servida",  de KENARD KRUEL - 2ª edição ampliada da editora ZODÍACO. 

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