Por Tiago Coutinho
Muitas pessoas deixam de
andar na rua por medo. E costumo dizer, contra o medo só há um remédio:
andar nas ruas, ocupar as calçadas, as praças, viver a cidade. Em vias
cheias, eu me sinto seguro. Ruas vazias e silenciosas me dão medo. Tenho
27 anos e, raras vezes, pensei em comprar um carro. Ando por aí a pé,
de transporte público e, não nego, de carona.
Quando
trabalhava no O POVO, gastava o solado do sapato para voltar para casa,
sempre à noite, numa caminhada de 40 min. Atravessava a Domingos Olímpio
da Aguanambi até quase a Bezerra de Menezes. A frase mais escutada era:
“não é perigoso?”. Só era tenso ao atravessar as ruas. Os carros não
sinalizavam a curva. Temia ser atropelado. Numa rua vazia, o cidadão
desaparece, e o carro se acha dono do pedaço.Há pouco mais de um ano, vim morar na região do Cariri. Tinha uma visão idealizada de, por estar fora da capital, a sensação de segurança das pessoas, aqui, fosse maior e que, à noite, houvesse mais vida. Estava enganado. À noite, as ruas e as praças se esvaziam. O medo parece ser uma praga universal. Sou notívago, não quero carro e continuo a andar pelo Cariri a pé. Andar pela cidade é uma forma de tentar transformá-la. Não sei por que as pessoas insistem em se locomover sentadas.
http://www.opovo.com.br/app/opovo/fortaleza/2011/11/14/noticiafortalezajornal,2334669/o-medo-de-andar-a-pe.shtml
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