sábado, 5 de novembro de 2011
Tem Buarque no Samba
A voz que comanda o samba da tarde de hoje no Kuku-kaya vem do seio dos Buarque de Hollanda. Com seu timbre curto, porém afinado, e uma obra dedicada quase que inteiramente ao samba, Cristina Buarque é a convidada de inauguração do projeto "Roda de Samba", a partir do meio-dia.
Irmã de Miúcha, Ana (atual ministra da Cultura) e Chico, Cristina faz jus à veia artística dos filhos do sociólogo Sérgio Buarque de Hollanda e dona Maria Amélia. Com quase 40 anos de carreira, ela iniciou no samba em sua primeira gravação, no disco Chico Buarque Vol.3, em 1968, cantando "Sem Fantasia". O gênero a acompanha desde então em trabalhos que incluem o repertório de grandes compositores como Ivone Lara, Geraldo Pereira, Paulinho da Viola, Heitor dos Prazeres, etc, e a participações em discos em homenagem a nomes como Nelson Cavaquinho, Paulo Vanzolini e Clara Nunes.
"Sambista, daquelas que canta, eu não sou não. Gosto muito de cantar e escutar samba. Desde criança eu escutava muito samba. Os amigos também foram me apresentando repertório de Ciro Monteiro, Aracy de Almeida, Ataulfo Alves, Noel Rosa, Carmem Miranda...", lembra Cristina sobre sua relação com a música e esquivando-se da alcunha de sambista.
Sobre a apresentação em Fortaleza, nada está muito definido, nem o repertório nem a formação do conjunto. "É meio no formato roda de samba, com o repertório de samba mais tradicional", explica. A intenção é deixar fluir, com uma roda formada em meio ao público, mesclando músicas que Cristina costuma cantar com outras do gosto dos músicos de Fortaleza. Ela se diz à vontade com a interação com os instrumentistas da terra e lembra apresentação feita em 2008 em moldes semelhantes (participando do projeto "Policarpo Convida") com o grupo Policarpo e a Estrela de Madureira. "Foi muito legal", diz.
Entre os convidados, estão Felipe Araújo (Unidos da Cachorra), David 7 Cordas e Shaloon (Samba da Gente), Bruno Goyanna e Ângelo do Pandeiro (Policarpo e a Estrela de Madureira), Alfredo Pessoa (do grupo Academia) e o meninos do grupo Gebedim. O show faz parte das comemorações dos 15 anos do Kukukaya.
Discografia
Em seu mergulho no samba, Cristina Buarque conheceu e cantou ao lado de nomes importantes do samba, como Zé Keti, Candeia e Ismael Silva. O seu primeiro disco solo foi gravado em 1974, quando ela emplacou o samba do portelense Manacéa, "Quantas Lágrimas", até hoje uma das mais conhecidas do repertório da Velha Guarda da Portela, evocado em rodas de sambas e regravado inúmeras vezes. O segundo disco, "Prato e Faca" (1976) traz sambas de Heitor dos Prazeres, Geraldo Pereira, Jamelão, Ivone Lara e Paulinho da Viola, uma mostra da intimidade que a cantora tem com o meio.
Sua discografia inclui ainda participação no LP "Clementina e Convidados", quando cantou ao lado de Clementina de Jesus, a "rainha do samba", que também participou ao lado da Velha Guarda da Portela do LP "Cristina", de 1981. Entre as músicas gravadas em tributos a grandes sambistas por Cristina Buarque estão "Pode Ser?", dedicada a Geraldo Pereira; "Aquele Bilhetinho", para Nelson Cavaquinho e, mais recentemente, os álbuns "Terreiro Grande e Cristina Buarque cantam Candeia" (2010) e "Sem Tostão 2... A crise continua" (2011), para Noel Rosa.
MAIS INFORMAÇÕES:
Cristina Buarque no Kukukaya (Av. Pontes Vieira, 55, Dionísio Torres). Hoje, a partir meio-dia (R$ 10,00). Contato: (85) 3227-5661
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1066053
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