Quem sou eu

Minha foto
Agrônomo, com interesses em música e política

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Que papo, que papo é esse?

Por Daniel Fonsêca

Uns têm dito que é melhor reduzir a divulgação das programação dos blocos para evitar que haja superlotação nas apresentações que acontecem dos finais de semana. Outros avaliam que o problema não é só a multidão, mas um certo amálgama socioeconômico com o qual alguns segmentos se incomodam com seus tradicionais pruridos de preconceito e apartheid. Há ainda aqueles que buscam fazer malabarismos nada interessantes para que o bloco não cresça, restringindo-se a um reduzido círculo de foliões.

Mas certas mesmo estão aquelas pessoas que querem uma festa gratuita, coletiva e universal, como deve ser (e é, ao menos de direito) o espaço público, sem a estreiteza de achar que o carnaval de rua é uma confraria de amigos que tomam cervejas juntos fechando a rua do "seu" bairro.

Quanto aos problemas derivados de qualquer atividade massiva como essa, a exemplo das alegadas violência e falta de infraestrutura, não se trata de culpabilizar os blocos (menos ainda os

"organizadores"). Na verdade, os governos têm de ser pressionados para que deem conta da dimensão que esse momento lúdico, artístico e cultural tem alcançado na cidade de Fortaleza.


Não é pelo fato de o Pré-Carnaval ser um evento municipal que devemos prescindir de pressionar o governador Cid Gomes e exigir dele o cumprimento de todas as competências do Estado.

Se devem ser cobradas as atribuições da Prefeitura de Fortaleza, como a instalação de mais banheiros químicos e uma maior oferta de transporte coletivo, a segurança pública necessária à aplicação das leis, mesmo as municipais - como a que coíbe o paredão de som -, é dever do Estado.

Mesmo porque, diferentemente do que se aponta, os "bandidos" do Pré-Carnaval estão sim, em grande parte, muito bem uniformizados com grifes que tentam ratificar seu etéreo estrato social e sua já risível virilidade juntamente com as tuítas de alto-falantes.

Portanto, o Governo Estadual é corresponsável, mesmo sem ser o promotor principal. Afinal, se formos reféns de elementos de classe média alta e seus paredões de som que amplificam arrogância e violência, não haverá jamais qualquer festejo de grande porte que se realize neste Estado que não seja pagando o passe de dezenas de reais em sítios, órbitas e mucuripes, que de bonitos, como indicativo de prática social que favoreça o comum, só têm o nome.

Sejamos grandes sanatórios, mas efetivamente gerais; unidos, mas na rua; luxuosos, mas numa aldeia ampla, geral e irrestrita. Liberdade sem amarras para o Pré de Fortaleza.

http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2012/01/27/noticiasjornalopiniao,2774199/que-papo-que-papo-e-esse.shtml

Nenhum comentário: