Por Daniel Fonsêca
Uns têm dito que é melhor reduzir a divulgação das programação dos
blocos para evitar que haja superlotação nas apresentações que acontecem
dos finais de semana. Outros avaliam que o problema não é só a
multidão, mas um certo amálgama socioeconômico com o qual alguns
segmentos se incomodam com seus tradicionais pruridos de preconceito e
apartheid. Há ainda aqueles que buscam fazer malabarismos nada
interessantes para que o bloco não cresça, restringindo-se a um reduzido
círculo de foliões.
Mas certas mesmo estão aquelas
pessoas que querem uma festa gratuita, coletiva e universal, como deve
ser (e é, ao menos de direito) o espaço público, sem a estreiteza de
achar que o carnaval de rua é uma confraria de amigos que tomam cervejas
juntos fechando a rua do "seu" bairro.
Quanto aos problemas
derivados de qualquer atividade massiva como essa, a exemplo das
alegadas violência e falta de infraestrutura, não se trata de
culpabilizar os blocos (menos ainda os
"organizadores"). Na
verdade, os governos têm de ser pressionados para que deem conta da
dimensão que esse momento lúdico, artístico e cultural tem alcançado na
cidade de Fortaleza.
Não é pelo fato de o Pré-Carnaval
ser um evento municipal que devemos prescindir de pressionar o
governador Cid Gomes e exigir dele o cumprimento de todas as
competências do Estado.
Se devem ser cobradas as atribuições
da Prefeitura de Fortaleza, como a instalação de mais banheiros químicos
e uma maior oferta de transporte coletivo, a segurança pública
necessária à aplicação das leis, mesmo as municipais - como a que coíbe o
paredão de som -, é dever do Estado.
Mesmo porque,
diferentemente do que se aponta, os "bandidos" do Pré-Carnaval estão
sim, em grande parte, muito bem uniformizados com grifes que tentam
ratificar seu etéreo estrato social e sua já risível virilidade
juntamente com as tuítas de alto-falantes.
Portanto, o Governo
Estadual é corresponsável, mesmo sem ser o promotor principal. Afinal,
se formos reféns de elementos de classe média alta e seus paredões de
som que amplificam arrogância e violência, não haverá jamais qualquer
festejo de grande porte que se realize neste Estado que não seja pagando
o passe de dezenas de reais em sítios, órbitas e mucuripes, que de
bonitos, como indicativo de prática social que favoreça o comum, só têm o
nome.
Sejamos grandes sanatórios, mas efetivamente gerais;
unidos, mas na rua; luxuosos, mas numa aldeia ampla, geral e irrestrita.
Liberdade sem amarras para o Pré de Fortaleza.
http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2012/01/27/noticiasjornalopiniao,2774199/que-papo-que-papo-e-esse.shtml
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